Rush: Geddy Lee comenta as dificuldades da gravação de "Hemispheres"
Por André Garcia
Postado em 30 de junho de 2022
O Rush surgiu com seu álbum de estreia, autointitulado, em 1974 fazendo um rock pesado inspirado em bandas como Led Zeppelin e Cream. No ano seguinte, em seu primeiro flerte com o rock progressivo em "Caress of Steel", a banda quase acabou de tão mal recebido que foi. Mas ao insistir no gênero, com "2112" (1976) o trio finalmente chegou ao sucesso comercial.
Em 1978, foi lançado "Hemispheres", quarto e último álbum progressivo da banda e sucessor de "A Farewell To Kings". Querido por muitos fãs por faixas como "La Villa Strangiato" e "The Trees", teve uma produção marcada por dificuldades.
Em entrevista para a Rolling Stone, o baixista Geddy Lee contou que eles entraram em estúdio sem qualquer música composta, e com um prazo de apenas quatro semanas para fazer tudo. Para piorar, no instante em que começaram a trabalhar, viram que a coisa seria muito mais complexa do que o previsto.
Um passo maior que as próprias pernas
"Nós subestimamos grotescamente nosso tempo para esse projeto [risos]. Acho que nós subestimamos muito o nível de superação que almejávamos. Conforme começamos a compor, ficou claro que aquilo seria um álbum conceitual, e depois ficou ainda mais claro que a atitude musical seria bastante complexa. Aquela foi uma gravação muito ambiciosa, e nós queríamos gravar tudo tocando ao vivo, e aquilo significava que teríamos que ser precisos pra c*ralho [risos]."
Um martírio chamado La Villa Strangiato
"La Villa Strangiato", por exemplo, nós queríamos gravar num único take perfeito. Nós passamos dias tentando, até que, eventualmente, tivemos que conceder: gravamos em quatro partes, e depois juntamos. Acho que passamos tipo uns 11 dias naquela faixa. Eu lembro de contar certa vez que demoramos mais para gravar "La Villa Strangiato" do que todo o álbum "Fly By Night"!
Fim de um ciclo
"Aquilo foi o fim de algo. Em certo sentido, sentíamos que estávamos começando a nos repetir. Tipo quando montamos a overture para "Hemispheres". Estávamos caindo nos mesmos padrões de composição: a repetição daquelas coisas temáticas que ocorrem num intervalo de 20 minutos. Estava começando a ficar confortavelmente organizado demais, nós não estávamos pensando original o bastante. O que é meio que o padrão progressivo. As pessoas associam o rock progressivo a um estilo musical desafiador — o que realmente pode ser —, mas você começa a se apegar a hábitos e desenvolver uma metodologia que é muito cômoda. Acho que começamos a sentir isso por volta de quando terminamos aquele disco.
Dificuldades vocais
Aquele foi um disco difícil de cantar para mim. Nós escrevemos a coisa toda sem realmente tocar qualquer coisa ao vivo com vocal. E aquilo estava acontecendo num ritmo tão acelerado que eu pensava: "Ah tá, esse vocal vai ficar aqui. Vai dar certo. Essa melodia funciona." E nós simplesmente partimos do princípio de que após gravar os instrumentais e os vocais, tudo encaixaria. Quando chegamos de fato aos vocais, o que foram literalmente semanas e mais semanas depois, em Londres, eu me dei conta de que compusemos todo o álbum num tom esquisito para mim. Então foi muito difícil para cantar. Não é nem que fosse difícil cantar e tocar — o que é só questão de ensaio —, mas cantar naquele tom, mesmo com minha voz engraçada, foi um desafio.
Corrida contra o tempo
A gente nunca gravava demos naquela época, apenas escrevia e depois gravava. Se tivéssemos gravado uma demo, aquilo teria sido evidenciado, que naquele tom seria insano cantar, e teríamos que mudar. Mas não, sem gravar demo e indo direto, escrevendo, gravando e pronto. O relógio estava correndo, você num estúdio em Londres, onde já estava há três meses, e sua vida está passando. É, tipo: "Puta m*rda, eu tenho que cantar isso!" Aquilo foi muito difícil. Então, se teve uma coisa que reduziu a quantidade de vezes que nós tocamos aquilo ao vivo depois na turnê, foi meu desejo de não cantar naqueles tons [risos].
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