A banda que perdeu fãs no Brasil após gestão de Jair Bolsonaro, segundo Andreas Kisser
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de abril de 2025
Em entrevista ao portal G1, o guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, comentou os efeitos políticos da gestão de Jair Bolsonaro sobre a relação entre público e artistas no Brasil. Segundo ele, a polarização vivida no país nos últimos anos impactou diretamente o ambiente cultural — inclusive no heavy metal, um gênero historicamente marcado pela diversidade e liberdade de expressão.
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"Muita gente saiu do armário", afirmou o músico, referindo-se ao surgimento de posturas racistas, xenofóbicas e homofóbicas durante o período em que o ex-presidente ocupou o cargo. "O Brasil sempre foi muito conservador nesse aspecto, mas muita gente escondia isso atrás de piadinhas em casa. Aí chega um cara lá que acha tudo isso normal e estimula. E aí todo mundo vai pra rua falando isso, sendo esse tipo escroto de pessoa."
Kisser, que ao longo da carreira tocou com artistas de diferentes estilos, como Ivete Sangalo e Carlinhos Brown, destacou o heavy metal como um espaço de inclusão. "Eu toco com muita gente diferente, mas sempre levo o heavy metal comigo. É liberdade, é democracia", afirmou. Ele também mencionou o respeito dos fãs ao vocalista Rob Halford, do Judas Priest, que é homossexual, e à vocalista da banda Life of Agony, que é uma mulher trans. "Você não viu boicote, queima de disco... Nada disso. É respeito."
O guitarrista refletiu ainda sobre o novo perfil do público do rock. Para ele, houve uma mudança perceptível no comportamento de parte da base de fãs, que passou a rejeitar manifestações políticas de artistas. Um cantor em específico perdeu fãs: Roger Waters e o Pink Floyd. "O Roger Waters, por exemplo, continua com a mesma postura que sempre teve. Ele não mudou. Quem mudou foi uma galera que agora acha tudo ofensivo, que não aceita ouvir um ponto de vista diferente".
Apesar da tensão gerada por esse cenário, Kisser reforça a importância de manter o debate aberto. "O Brasil é muito difícil pra discutir temas nacionais polêmicos, como aborto, legalização de drogas, eutanásia... Tudo vira guerra", observou. Ao mesmo tempo, defende que a arte siga sendo um espaço para reflexão, crítica e liberdade individual. "O metal sempre foi isso. Sempre será."
Confira a entrevista completa abaixo.
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