O rockstar que, para Lemmy, era o rei e a rainha do rock'n'roll ao mesmo tempo
Por Bruce William
Postado em 09 de junho de 2025
Antes de virar um dos nomes mais emblemáticos do rock pesado, Lemmy já carregava um senso de respeito profundo pela história da música. Nascido em 1945, ele cresceu ouvindo Bing Crosby, Rosemary Clooney e outras vozes que dominavam o rádio no pós-guerra. Mas sua formação musical se consolidou mesmo foi com o estouro do rock and roll, ou aquele som que, como ele dizia, "deixava os pais furiosos".
Apesar da fama de durão e da voz que parecia ter sido filtrada por cascalho, Lemmy sempre exaltou as raízes do gênero. E entre todos os nomes que surgiram nos anos 1950, um tinha lugar especial no seu panteão pessoal: Little Richard. Em entrevista de 2009 para a Spin, ele disse: "Little Richard me inspirou nos vocais. Ele tinha a voz mais pura e alegre do rock and roll. E certamente não estava interessado em garotas, ele era o rei e a rainha do rock and roll."


Mais do que a música, Lemmy valorizava o impacto que Little Richard teve no comportamento, na estética e na liberdade artística, ressalta a Far Out. Segundo ele, Richard foi responsável por inserir a androginia no palco com naturalidade, abrindo espaço para que artistas fossem quem quisessem ser. Não por acaso, vozes como as de Paul McCartney, Mick Jagger, Robert Plant e até Chris Cornell — tão diferentes entre si — podem ser rastreadas até a fúria vocal de "Tutti Frutti" ou "Long Tall Sally".

Mesmo sem se colocar como "guardião do legado", Lemmy nunca deixou de reconhecer quem, na sua visão, definiu o espírito do rock. E enquanto muitos tentavam encontrar novos reis e rainhas para o gênero, ele já tinha escolhido o seu soberano — ou melhor, soberana e soberano — em uma única pessoa.
Pra ele, o trono do rock and roll sempre esteve nas mãos de quem gritou primeiro — e com mais alma. Não importava quantas bandas viessem depois, quantos vocalistas tentassem soar mais agressivos ou performáticos. Lemmy sabia que o verdadeiro espírito do rock não estava na técnica nem na pose, mas na entrega bruta, suada, incandescente. E foi isso que ele viu — e ouviu — em Little Richard, desde a primeira nota.

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