A banda que foi esculachada após "destruir" canção que traz recordações a James Hetfield
Por Bruce William
Postado em 27 de agosto de 2025
Nos anos 1970, Pete Townshend estava imerso em seu projeto mais ambicioso: a ópera-rock Lifehouse. Embora nunca tenha sido concluída, a ideia rendeu várias composições que depois foram aproveitadas pelo The Who em outros álbuns. Entre elas estava "Behind Blue Eyes", uma balada sombria e introspectiva que, fora do contexto original, ganhou vida própria e se tornou uma das músicas mais lembradas da banda.
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Quando Pete compôs a canção no início dos anos 1970, sua intenção era dar voz a um antagonista mostrando o lado humano de alguém visto como vilão. O resultado foi uma das músicas mais introspectivas do The Who, marcada pela melancolia e pela vulnerabilidade expressas em versos como "No one knows what it's like / To be the bad man / To be the sad man / Behind blue eyes". ("Ninguém sabe como é / Ser o homem mau / Ser o homem triste / Por trás de olhos azuis"), uma oração em forma de rock, que até hoje transmite a sensação de isolamento e pedido de compreensão. E embora Pete Townshend tenha usado a expressão de forma literal, já que o personagem original tinha olhos azuis, há quem veja também um jogo de significados: em inglês, blue pode remeter tanto à cor quanto à melancolia, reforçando o tom triste da canção.

Décadas depois, essa mesma faixa apareceria na lista pessoal de James Hetfield. Em entrevista à Rolling Stone em 2004, o líder do Metallica destacou a música entre suas favoritas, afirmando: "Essa música tinha toda a angústia adolescente borbulhando sob ela. É sobre ter que pedir ajuda, mas não querer. Me lembra muito de mim." Para Hetfield, tratava-se de uma canção que dialogava com suas próprias contradições e inseguranças.
Mas se, para Townshend e Hetfield, "Behind Blue Eyes" era sinônimo de profundidade e confissão, para o Limp Bizkit virou motivo de chacota. Ao menos para os leitores da revista Rolling Stone já que, em 2003, a banda de nu metal decidiu lançar um cover que, segundo a publicação, entrou para a história como uma das piores regravações de todos os tempos, ficando atrás apenas da versão de "Smells Like Teen Spirit" feita por Miley Cyrus.

O vídeo, que contou até com a presença da atriz Halle Berry (em plena fase do filme Mulher-Gato), foi alvo de críticas tanto pelo clipe quanto pela performance. A revista não economizou críticas: o resultado teria sido tão desastroso que chegou a "dificultar a experiência de ouvir o original". Uma ironia amarga para uma música que nasceu como um retrato sincero da fragilidade humana.

No fim, "Behind Blue Eyes" continua sendo lembrada como uma das grandes composições do The Who, mas também como exemplo de como uma versão de uma obra-prima tende a ser mal vista por muitos. E é verdade que James Hetfield certamente não tinha o cover do Limp Bizkit em mente quando a colocou entre suas favoritas, e - vai saber, talvez prefira nem lembrar que ele existe.

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