O rockstar que libertou Bono do U2 para que ele se assumisse um popstar
Por Bruce William
Postado em 05 de setembro de 2025
Kurt Cobain sempre teve como característica o jeito prático e objetivo de falar sobre qualquer coisa, incluindo música, claro. E em uma dessas falas ele disse: "eu sou um popstar, isso é uma música pop". A declaração, simples e provocativa, acabou sendo lembrada por Bono em um momento em que o U2 discutia sua própria relação com o pop.
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Bono disse que se identificou com a forma como Kurt Cobain se via. Além, claro, deles compartilharem o mesmo respeito por uma banda que nunca conseguiu sair do nicho. Mas, para Bono, ouvir a afirmação do líder do Nirvana não soava como contradição, mas como uma confirmação de que as grandes canções de rock também podem ser encaradas como pop. Se até um ícone grunge admitia isso, o U2 não precisava ter receio de abraçar esse espaço
A declaração do vocalista do U2 foi dada em meados dos anos 2000, quando a banda colhia o sucesso de álbuns como "All That You Can't Leave Behind" e "How To Dismantle an Atomic Bomb". Dessa fase saíram singles como "Beautiful Day", "Walk On" e "Vertigo", que mostravam justamente essa fusão entre o peso do rock e a melodia pop que cola no ouvido.

"Sim, eu quero ter hits! As maiores canções de rock and roll são músicas pop. Eu adoro aquela entrevista do Kurt Cobain em que ele diz: 'Eu sou um popstar, isso é uma música pop'. Ele era um grande estudante dos Beatles e dos Buzzcocks", disse Bono em fala publicada na Far Out, citando também bandas como Sex Pistols, The Clash e Rolling Stones como exemplos de artistas que fizeram história com singles de impacto imediato.
Na prática, o U2 já havia experimentado esse caminho antes com canções como "Desire" ou "Angel of Harlem" nos anos oitenta, ou até mesmo em "Mysterious Ways", de "Achtung Baby". Mas foi no início dos anos 2000 que a banda pareceu encontrar o equilíbrio perfeito entre grandiosidade e simplicidade, conquistando um público que ia muito além do fã tradicional de rock.

Para Bono, ouvir de Kurt Cobain o rótulo de "popstar" era uma espécie de libertação. Se até o símbolo máximo do grunge reconhecia que não há contradição em unir melodia acessível e atitude roqueira, o U2 podia seguir em frente sem medo de soar "popular demais".
O curioso é que, desde que se afastaram desse caminho, os tropeços do U2 se tornaram mais visíveis. Talvez por isso aquela lembrança de Cobain ainda tenha tanto peso: um lembrete de que, no fim, a fronteira entre rock e pop sempre foi mais frágil do que parece.

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