A opinião de Bono do U2 sobre o saudoso cantor italiano Luciano Pavarotti
Por Gustavo Maiato
Postado em 23 de novembro de 2025
Nos anos 1990, o U2 viveu um de seus períodos mais ousados - e também mais irregulares. Depois de reinventar o rock de arenas com "Achtung Baby" e a turnê Zoo TV, a banda mergulhou em experimentações que dividiram público e crítica. Foi nesse contexto que surgiu "Original Soundtracks 1", o disco lançado sob o nome "Passengers", parceria do grupo com Brian Eno e também responsável por uma das composições mais celebradas por Bono: "Miss Sarajevo". As entrevistas foram compiladas pela Loudersound.

O projeto nasceu da vontade de trabalhar com Eno em moldes menos convencionais. O guitarrista The Edge explicou na época que eles queriam improvisar em estúdio, criando músicas como se fossem trilhas de filmes imaginários. A experiência rendeu faixas minimalistas e atmosféricas, bem distantes das grandes melodias que consagraram o U2. Não por acaso, o álbum dividiu opiniões dentro da própria banda - Larry Mullen Jr. chegou a classificá-lo como "um pouco autocomplacente".
Mas foi no meio desse terreno experimental que brilhou "Miss Sarajevo", lançada como single em novembro de 1995 e, hoje, tratada como um clássico. Bono afirmou no livro U2 by U2 que ela é uma de suas composições preferidas de toda a carreira. A música ganhou ainda mais força pelo contraste entre sua melodia suave e o tema duro que retrata: a resistência do povo de Sarajevo durante o cerco da cidade na Guerra da Bósnia. O ponto de partida foi um documentário co-produzido pelo próprio vocalista, mostrando o cotidiano surreal e a coragem da população - inclusive um concurso de beleza realizado em meio às ruínas como ato de desafio.
Bono e Pavarotti
A canção também entrou para a história por outro motivo: a participação monumental de Luciano Pavarotti. O tenor italiano insistia para que o U2 escrevesse algo para sua voz, chegando a ligar insistentemente para Bono. O vocalista brincou que o pedido era tão enfático que Pavarotti o alertou que "Deus ficaria bravo" se ele não entregasse uma música. O libretto foi escrito por Bono e traduzido por um amigo da banda, resultando em um momento de pura grandiosidade operística.
A convivência com o tenor marcou os irlandeses profundamente. "Pavarotti é nosso herói, mais rock'n'roll do que qualquer um que já conhecemos", declarou The Edge. Para ele, entrar no universo do cantor era como atravessar um portal onde as regras normais não se aplicavam: "Ele não é só o rei de seu reino - é como um imperador. Dentro da ópera, ele é como Elvis."
A letra de "Miss Sarajevo" ainda guarda referências curiosas, como uma menção aos britânicos do East 17, extremamente populares em Sarajevo à época. Bono explicou que, à noite, os moradores buscavam refúgio em abrigos que funcionavam como verdadeiras discotecas improvisadas, onde a música - inclusive do próprio U2 - tocava em volume altíssimo para abafar o som das bombas.
Desde então, a música se tornou presença frequente nos shows da banda. Na Vertigo Tour, nos anos 2000, era acompanhada por um vídeo sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 2017, durante a turnê de The Joshua Tree, Bono chegou a rebatizá-la como "Miss Syria", relacionando seu espírito ao sofrimento de refugiados contemporâneos.
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