A banda esquisita que quase estragou um show do Jethro Tull no auge
Por Bruce William
Postado em 04 de dezembro de 2025
Levar um grupo "queridinho da casa" para abrir os próprios shows parece uma boa ideia: você apresenta algo que gosta para o seu público e, de quebra, dá uma força para uma banda em ascensão. Só que nem sempre o gosto do artista bate com o gosto da plateia. Foi exatamente isso que o Jethro Tull descobriu, em plena fase de ouro, diante de um dos públicos mais exigentes do mundo.
No começo dos anos setenta, Ian Anderson e companhia já estavam instalados entre os grandes nomes do rock progressivo. A turnê de "Thick as a Brick", em 1972, mostrava uma banda afiada, levando para o palco uma peça longa, cheia de mudanças de clima, humor britânico e instrumentação complicada. Nessa hora, o caminho óbvio seria dividir o palco com algum outro grupo da mesma escola prog, ou no mínimo com um rock "seguro" o bastante para não causar estranheza. Não foi o que aconteceu.

Em entrevista de 2025 ao podcast Classic Album Review, Anderson contou que a confusão surgiu de um detalhe aparentemente inocente: ele comentou em algum momento que gostava de uma certa banda de art rock que estava surgindo no Reino Unido. "Devo ter deixado escapar que eu gostava do Roxy Music e daquele primeiro álbum deles", lembrou, conforme transcrição feita pela Far Out. A informação chegou aos ouvidos certos, e alguém decidiu que seria uma ótima ideia colocá-los como atração de abertura no Madison Square Garden.
O Jethro Tull não chegou a "escolher" nada: quando viu, a escalação já estava montada. "Como resultado, eles acabaram tocando com a gente no Madison Square Garden. Colocaram o Roxy Music como banda de abertura, e aquilo foi quase um desastre", contou Anderson. A combinação, que no papel parecia apenas curiosa, se mostrou bem mais explosiva com o ginásio lotado.
Segundo o frontman, a reação da plateia foi tudo menos diplomática. "Nosso público odiou a banda com uma paixão profunda e duradoura, especialmente o exibido do [Brian] Eno com todas aquelas penas e coisas", disse. "Dava para sentir a animosidade vindo da plateia, mas, para mim, eles eram um dos meus grupos pop favoritos na época." O problema é que, tanto visual quanto em termos de som, a diferença entre as bandas era gritante: de um lado, o público prog esperando flautas, suítes longas e solos; do outro, um grupo glam usando sintetizadores, roupas chamativas e um clima que soava "esquisito" para aquela audiência.
Hoje, Roxy Music e Jethro Tull ocupam lugares bem diferentes na história do rock, cada um com seu público cativo. Mas naquela noite de 1972, no auge da fase prog do Tull, o encontro dos dois mundos quase saiu caro: uma escolha baseada no gosto pessoal de Ian Anderson acabou gerando um show em que parte da plateia parecia mais irritada do que curiosa. E a banda "esquisita" que ele tanto admirava virou, por alguns minutos, inimiga número um dos fãs mais exigentes do rock progressivo.
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