Poema Arcanus: O nome do Doom Metal no Chile
Por Vicente Reckziegel
Fonte: Witheverytearadream
Postado em 04 de setembro de 2012
Praticamente ao nosso lado, existe uma das maiores bandas de Doom no mundo, na minha opinião. O Poema Arcanus executa um som extremamente obscuro, pesado, mas com algumas partes progressivas que casam em cheio com a proposta da banda. Quem ainda não conhece fica a dica, especialmente os apaixonados pelo Doom Metal. Realizei esta entrevista com Pablo Tapia (Baixo) e Cláudio Carrasco (Vocais). Completam a banda Igor Leiva (Guitarra) e Luis Moya (Bateria).
Vicente - Primeiro, nos fale um pouco sobre os 20 anos de Existência do Poema Arcanus.
Nos formamos durante 1992, quando Igor e Cláudio estavam na escola. Ambos tinham um gosto pelo Metal, que na época estava um pouco em declínio em relação às bandas da cena Thrash e começando o Death Metal a tornar-se muito forte, especialmente no Chile. Nós tivemos muitas influências do Death, Grindcore e o Doom britânico, que nos marcou poderosamente no começo. Mas também compartilhávamos do gosto pelas bandas clássicas como Candlemass e o Thrash experimental do Voivod. Depois de alguns anos, e uma formação um pouco mais estável, gravamos algumas Demos com o nome de Garbage, para posteriormente gravarmos nosso primeiro álbum em 1998. Finalmente encontramos nossa maneira de evoluir no estilo, mais orientado para o Doom, principalmente pela gama de possibilidades e as áreas inexploradas, o que permitiu uma certa maneira de criar ou reforçar um estilo não muito tocado por aqui, e desenvolver a necessidade de criar, não apenas copiar ou seguir as regras do Death ou Thrash. Acho que sempre nos mantivemos ligados às nossas origens, que ao longo do tempo se tornaram à marca que nos distingue.
Vicente - Vocês lançaram o seu mais recente álbum, "Timeline Symmetry" em 2009. Como foi a Divulgação? Quando foi gravado e onde?
Foi gravado em um estúdio próprio do nosso guitarrista, exceto a bateria, que foi gravada em um estúdio separado. Igor também fez a mixagem e produção de todo o áudio. Foi lançado pela Aftermath Music, que possui uma distribuição mundial.
Vicente - E a reação dos fãs foi como vocês esperavam?
A reação foi positiva, boas críticas e uma venda dentro das expectativas. Quanto aos fãs eu acho que foi melhor recebido do que "Telluric Manifesto", já que "Timeline Symmetry" é um álbum mais próximo às nossas raízes que o anterior.
Vicente - Além dele, vocês lançaram mais três álbuns, "Arcane XIII", "iconoclast" e "Telluric Manifesto". Conte-nos um pouco sobre cada um deles.
"Arcane XIII" é um álbum clássico no Chile para nossos fãs, muito obscuro e precursor da cena chilena, para muitos é o que eles mais amam. "Iconoclast" abriu as portas para nós, na Europa e tem toda a experiência adquirida no disco anterior, tanto na execução, como na composição, eu diria que é o álbum que teve mais impacto lá fora. "Telluric Manifesto" é um álbum muito experimental para o que a banda normalmente faz, eu diria que chegamos ao limite do que precisávamos experimentar com ele então. Enfim, acho que é um disco bom, apesar de ter sido concebido com muito conflito. Para muitos, ele é o melhor.
Vicente - Vocês estão gravando seu novo álbum, certo?
Na verdade já gravamos tudo. Nossa sexta produção está no delicado processo de mixagem nas mãos do nosso guitarrista Igor Leiva. Delicada, pois esperamos por esta parte para reafirmar todas as nossas idéias que concebemos para o disco. Para nós o mais importante é tocar ao vivo e nós treinamos constantemente, esse registro se destina a trazer o som mais real possível ao que escutam quando nos apresentamos.
Vicente - O álbum já tem o nome confirmado?
"Transient Chronicles", dá a idéia da vida como curta, frágil, misteriosa, refletida em histórias diferentes do ser humano confrontado com o paradoxo da vida, como algo que sempre termina sem maiores explicações, e define o seu estado passageiro ou inquilino permanente em um universo.
Vicente - Vocês vão tocar na Europa em Outubro, certo? Como está a expectativa para esses shows?
Sim, nós iremos para a Europa a partir de 12 de outubro, ficando lá até 2 de novembro deste ano. No roteiro, temos três festivais (Dutch Doom Days, Doom Over Vienna e Schlach Fest), vários shows na Alemanha, bem como apresentações individuais na Holanda, Áustria, Polônia, Bélgica e Hungria. Estamos ansiosos para mostrar a nossa música ao vivo, a todos os nossos fãs e também para as pessoas que nos verão pela primeira vez.
Vicente - Sua música é um Doom Metal do mais alto nível. Como você vê essa cena nestes dias?
A cena Doom sempre esteve um pouco fora do enorme sucesso de outros estilos de metal, provavelmente porque não faz parte do gosto massivo do Metal, e menos ainda na música em geral. Tem um teor negativo global e, apesar de que muitas bandas têm evoluído para algo mais gótico, eletrônico e / ou comercial, não deve ser confundido com o estilo como ele foi concebido. Em particular, não somos puristas no estilo, podendo nos considerar uma banda Arcane Doom Metal, que é, basicamente, o Death/Doom, mas com alguma experimentação progressiva, uma misteriosa composição e alguma experimentação. Eu acho que nós temos conseguido nos manter mais ou menos estáveis ao longo dos últimos 14 anos, o que demonstra uma certa estabilidade no nosso caminho. Para muitos, é Doom, para outros não, para nós é o que fazemos como artistas.
Vicente - Como é a cena no Chile para o Rock e Metal?
É uma cena pequena em número de seguidores em comparação com outros países, mas com bandas muito intensas e bons meios de comunicação. Há muitos concertos de bandas internacionais de Metal e, quase todos os fins de semana, há shows de bandas chilenas em diferentes cidades. Musicalmente a maioria das bandas se baseiam em bandas estrangeiras, mas eu diria que cada vez há mais originalidade e uma marca do Chile em estilos diferentes. Por aqui dizem que a cena Doom chilena é bastante respeitada mundo afora, e eu concordo. Quanto ao profissionalismo, acho que há muito talento e esforço, mas não há um forte apoio da opinião pública, mídia e meio cultural geral para o Metal. Eu diria que é uma cena forte, não muito unida e um pouco pequena, mas são músicos de alto nível, apaixonados e comprometidos.
Vicente - O que conhece sobre Rock e Metal no Brasil?
Conheço várias bandas de Metal (não conheço nada de Rock), para citar as celebridades que são conhecidas em todo o mundo. Vou dar meus cumprimentos para bandas que nunca saíram da minha mente, como Neurovisceral Exhumation e o Rot (desculpe, mas eu sou um fã de Grindcore). Hoje eu escuto várias bandas de Doom que me chamam a atenção como Apocalyptichaos, mas não consigo lembrar os nomes da maioria. Saudações aos companheiros do Morcrof. Existem vários Doomsters e webzines/rádios que nos escrevem do Brasil, agradecemos o apoio contínuo de todos eles através das redes. Várias vezes estávamos prontos para ir, mas por uma razão ou outra não deu certo.. Eu realmente espero compartilhar com os headbangers dai um dia. CUMPRIMENTOS ARCANOS PARA TODOS VOCÊS!
Vicente - Quais são as suas maiores influências?
Nossas principais influências são o Doom e Death do final dos anos 80, início dos anos 90, bandas como Autopsy, o velho Paradise Lost, Candlemass, algumas bandas Thrash experimentais como Voivod, algo de Dark Rock como The Fields Of The Nephilim, música clássica e o velho rock progressivo.
Vicente - Em poucas palavras, o que você pensa sobre essas bandas:
Paradise Lost: Precursores do Death/Doom, com uma época um pouco "mainstream" e tentando recuperar-se no presente. Pessoalmente eu gosto de seus dois primeiros álbuns e Demos. Perderam a essência a partir do "Shades of God", na minha opinião.
Moonspell: Originais em seu principio, nós os conhecemos pessoalmente então eu posso dizer que são pessoas simples e agradáveis. Hoje eu acho que eles fazem algo mais agressivo do que anteriormente, mas eu acho que perderam a originalidade. Enfim, são excelentes músicos.
My Dying Bride: Precursores no âmbito do Death/Doom, mantiveram-se firmes em sua proposta. Sua música é simples, mas muito intensa e obscura, sem perder o peso em sua carreira (com exceção de um par de álbuns).
Tiamat: Persistentes na sua proposta, eu, pessoalmente, adoro os álbuns "Clouds" e "Wildhoney". Atualmente eu deixei de os acompanhar, mas eu compreendo que tentam fazer um Rock obscuro, grudento e estruturado.
Katatonia: Eu realmente gosto de seu álbum "Discouraged Ones", hoje se tornaram mais pesados, e talvez alternativos para alguns, perderam um pouco do sentimento. Também os conhecemos pessoalmente, e não foi uma boa experiência com eles, o pouco que pudemos compartilhar. Se foi de sua responsabilidade ou não, mas respeitaram pouquíssimo as bandas de abertura (Mar de Grises e nós) quando eles tocaram no Chile.
Vicente - Por fim, deixe uma mensagem para todos os brasileiros que conhecem e curtem, ou desejam saber muito mais sobre a música do Poema Arcanus.
Muito obrigado pelo apoio contínuo! Convidamos você para ficar conectado conosco através das redes sociais, onde estamos constantemente a postar notícias e informações da banda. Você é uma parte muito importante do que fazemos. Para quem quiser conhecer: Em primeiro lugar, nós convidamos você a ouvir nossa música. Temos muito material dentro das redes que podem ser encontrados, se gostarem podem comprar nossos álbuns, acompanhar e participar das atividades da banda. Obrigado pelo apoio e divulgação! CHEERS ARCANE!
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