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Tom Araya: "precisamos evoluir com o tempo"

Por César Enéas Guerreiro
Fonte: Maximum Ink
Postado em 23 de janeiro de 2007

Paul Gargano, da revista Maximum Ink, entrevistou recentemente o frontman do SLAYER, Tom Araya. Entre outros temas Tom Araya comenta a evolução da banda.

Maximum Ink: É correto dizer que o SLAYER ficou mais politizado nos últimos anos?

Tom Araya: "De certa forma sim, mas não exatamente. Há mais comentários sobre problemas sociais, como 'isso é o que estou vendo, então vou escrever sobre isso'. Mas não gostamos muito de expressar abertamente nossas opiniões. Preferimos apenas descrever o que vemos e saber qual a sua opinião sobre o assunto, sobre o que estamos vendo. Talvez você veja algo diferente..."

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Maximum Ink: Mas não podemos dizer que suas inspirações mudaram com o passar doa anos?

Tom Araya: "Sim, as nossas inspirações vão mudando, como o ambiente em que vivemos. Além disso, nós também amadurecemos, crescemos e começamos a ver as coisas de maneira diferente, então começamos a compor de maneira diferente. Isso não significa que vamos mudar as imagens e as idéias nas quais o SLAYER se baseia, apenas vamos modificar os cenários que descrevemos. Antes havia apenas demônios e vilões, agora escrevemos sobre os demônios e vilões da humanidade".

Maximum Ink: Isso é uma prova de que o SLAYER foi capaz de passar por essa evolução, porque muitas bandas da sua época não conseguiram.

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Tom Araya: "Isso é apenas maturidade. Trata-se apenas de entender realmente do que se está falando. Quando eu, Dave [Lombardo, bateria], Jeff [Hanneman, guitarra] e Kerry [King, guitarra] nos conhecemos, ainda estávamos no ensino médio! Queríamos ser chamados de 'SLAYER' ('matadores') e sermos completamente diferentes do que Hollywood mostrava: Não queríamos ser garotos comportados, queríamos ser malvados, então não poderíamos escrever sobre festas, deveríamos escrever sobre Satã. Entende o que quero dizer? [Risos] Éramos jovens, Kerry gostava dessa coisa de satanismo e o VENOM era uma grande influência; aí e começamos a trabalhar nas músicas e a coisa toda se desenvolveu. Foi quando gravamos o álbum 'Show No Mercy' que tudo começou – eu tinha 22 anos e os outros tinham 19".

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Maximum Ink: Então foi nesse momento que a evolução começou, e ainda não parou.

Tom Araya: "Sim. Todo mundo já foi jovem, mas quando crescemos, precisamos evoluir e mudar. Foi isso o que fizemos. Amadurecemos, e o álbum 'Reign Blood' marcou essa mudança. Tínhamos acabado de gravar o 'Hell Awaits', que era bem sombrio, diabólico e satânico, e mudamos de assunto no 'Reign in Blood', que falava menos de Satã e mais de problemas sociais... Mas de vez em quando fazemos questão de mencionar 'Satã'! [Risos]"

Maximum Ink: O fato de ser pai o "amansou" de alguma forma?

Tom Araya: "Não. A única coisa que faço diferente é tomar mais cuidado com o que falo [risos], por causa de meus filhos, da minha família. Isso é algo que faço inconscientemente… Eu e minha esposa somos grandes fãs de filmes de terror, como as refilmagens do 'Amityville Horror' ['Horror em Amityville'] e 'Texas Chainsaw Massacre' ['O Massacre da Serra Elétrica'] e deixamos nossos filhos ver esses filmes com a gente. Eles não são obrigados, mas podem, se quiserem... Eles têm 7 e 10 anos e de vez em quando perguntam: 'Isso é real'? Então conversamos com eles e deixamos claro que se trata apenas de um filme, e eles entendem. Aí eles assistem as partes que mostram como as cenas e os efeitos especiais foram feitos e começam a entender melhor que tudo é apenas a magia do cinema. É a mesma coisa com a música: deixamos eles escutarem o que quiserem".

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Maximum Ink: A sua casa é de "Metal"?

Tom Araya: "É uma casa de variedades. Eles escutam metal, country, kid-pop... Eles simplesmente curtem música, o que me deixa satisfeito. Eles cantam, representam, e imitam um pro outro o que eles vêem nos vídeos".

Leia a entrevista completa (em inglês) no link abaixo.

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Sobre César Enéas Guerreiro

Nascido em 1970, formado em Letras pela USP e tradutor. Começou a gostar de metal em 1983, quando o KISS veio pela primeira vez ao Brasil. Depois vieram Iron, Scorpions, Twisted Sister... Sua paixão é a música extrema, principalmente a do Slayer e do inesquecível Death. Se encheu de orgulho quando ouviu o filho cantarolar "Smoke on the water, fire in the sky...".
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