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Savatage: Entrevista exclusiva com o guitarrista Chris Caffery

Postado em 31 de julho de 2001

Entrevista concedida a Rodrigo Simas.

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Além de ser guitarrista do Savatage, uma das maiores bandas de heavy metal da atualidade, Chris Caffery se mostrou uma pessoa muito engraçada, simpática e com muita paciência para responder todas as perguntas. Batemos um papo sobre o novo CD, Poets and Madmen, a nova turnê que passará pelo Brasil em agosto e sua opinião sobre as bandas que tocam o chamado "novo metal". Chris ao longo da entrevista se mostrou muito empolgado com a nova fase da banda e muito feliz por estar voltando ao Brasil.

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Whiplash! - Que influência Paul O’Neil traz para o Savatage além das letras e dos conceitos? Ele influência também o modo de tocar dos músicos na hora de gravar?

Chris Caffery / Eu não acho que ele venha a influenciar o modo como eu vou tocar alguma música. Paul funciona como um produtor deve funcionar. Logicamente ele diz como acha que as coisas devem ser feitas, ele é muito cuidadoso com isso, tenta deixar tudo o mais perfeito possível. Diz o que deve ser feito para que as coisas fiquem melhores, mas não se eu devo tocar de um jeito ou de outro. Já conhecemos Paul há muito tempo e sabemos como trabalhar com ele, mas realmente ele faz o papel de um produtor, não mais que isso.

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Whiplash! - Como os novos membros se juntaram a banda? Eles são membros fixos do Savatage ou eles estão só ajudando na nova turnê?

Chris / Bom, Jack Frost é um antigo conhecido meu e da banda. Tocava na Seven Witches, e inclusive me ajudou um tempo no Metallium. Quando minha agenda no Savatage não permitia dar atenção total às duas bandas ele me cobria. Talvez o mais importante dele ter entrado na banda é que ele já era fã do Savatage. Nós não queríamos uma pessoa que nós não pudéssemos contar para projetos futuros e também não queríamos alguém que estivesse só para receber um salário no fim do mês, queríamos alguém que conseguisse se manter na banda. Sua performance no palco é muito energética. Já Damond apareceu do nada. Ele cantava em uma banda chamada Diet Of Worms, mas era meio "moderna", não tinha muitas coisas parecidas com o estilo do Savatage, mas quando ouvimos sua voz, sabíamos que ele iria se juntar a nós. Logicamente seu estilo de cantar é bem diferente do estilo do Zack, ninguém é igual, também é diferente do Jon, mas canta as músicas dos dois facilmente, e agora ele é o vocalista perfeito para o Savatage. Sua voz é muito forte. Ouvimos pouquíssimas coisas negativas sobre a performance ao vivo de Damien. Estávamos em uma turnê agora com o Megadeth e com o Motorhead, e geralmente as pessoas que estão nesses shows, com essas bandas, não querem ficar ouvindo muitas baladas... então nosso set list estava bem pesado... e as pessoas parecem ter gostado. Ele também tem uma performance de palco incrível. Adiciona muito ao show do Savatage. Então o que eu posso falar agora é que eu os considero da banda e acho que eles vão ficar com a gente por bastante tempo.

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Whiplash! - Sobre o Poets and Madmen: Você acha que o conceito do novo disco é facilmente entendido pelos seus fãs, visto que na sua grande maioria são adolescentes? Você poderia explicar sobre o que é o conceito de Poets and Madmen?

Chris / Na verdade o disco foi escrito antes de termos a história, as músicas estavam todas prontas antes de termos a história na mão. A história tem vários detalhes, tem aquela mulher da foto, a parte dos cigarros e todo o resto. Mas na verdade se você prestar bastante atenção e olhar profundamente dentro do que acontece no disco você vai encontrar muitos significados e aí depende da imaginação de cada um, você pode entender de várias maneiras diferentes, por isso acho que não é tão complicado assim, cada um pode tirar sua própria conclusão sobre o que acontece em Poets and Madmen e ver um significado totalmente diferente do que você ou eu veríamos.

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Whiplash! - Como tem sido a reação da imprensa especializada e dos fãs? O quanto isso é importante para o Savatage?

Chris / Acho que a reação tem sido bem melhor que no disco anterior, provavelmente já fizemos umas quinhentas entrevistas até agora, e não tivemos muitas reclamações ou coisas negativas... na verdade o que mais tivemos foram pessoas que esperaram três anos e meio por um novo disco do Savatage, então esperavam um disco que quando você botasse para tocar, ele queimasse o CD player (risadas). Tirando isso posso dizer que em 99,99% das vezes tivemos respostas positivas tanto pela mídia quanto pelos fãs. Além disso as pessoas esquecem que tivemos duas Trans Siberian Orchestra, não estávamos sem fazer nada, então estamos no tempo certo de lançamentos. Logicamente que tem pessoas que queriam ouvir coisas mais pesadas, talvez mais agressivas, ou músicas mais ligadas com a história do disco como nos últimos lançamentos, botar no carro, dirigindo e deixar rolar. Mas acho que as músicas de Poets and Madmen têm uma qualidade a mais, talvez por serem mais diretas, elas funcionam mais ao vivo, funcionam mais livres umas das outras. Podemos tocá-las mais facilmente. Na turnê do Wake of Magelan acho que foi um pouco difícil escolher as músicas para os shows... elas estavam muito interligadas, e ainda tinham o conceito por trás... agora podemos tocar as músicas do CD novo sem ter que nos prender muito a isso. Músicas como Comissar e Surrender funcionam maravilhosamente bem ao vivo, espere e verá.

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Whiplash! - O fato de que Zack cantaria apenas metade do CD novo influenciou ou reforçou sua decisão de sair do Savatage?

Chris / Acho que não. Não penso desse jeito. Zack no disco Wake of Magelan cantou sete músicas, e nesse novo se não me engano também cantaria sete músicas, para ele não ia fazer diferença nenhuma e acho que ele nunca se importou com isso dessa maneira. Zack saiu por problemas pessoais, com sua família. Acho que ele já não estava mais conseguindo conciliar sua vida familiar com o Savatage. Começou a ficar difícil largar sua "vida de verdade" para sair em turnê junto com o Savatage, tudo acabou se tornando muito difícil, muito dramático. Ele tomou a decisão que ele considerava certa para ele, para o momento que estava vivendo.

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Whiplash! - Vocês estão vindo tocar aqui no Brasil mês que vem. Na nova turnê vocês estão seguindo algum set list pré-fixado, ou têm mudado as músicas de acordo com o lugar? Poderemos esperar alguma surpresa nos shows aqui no Brasil?

Chris / Estamos tentando mudar bastante o set list toda hora. Estamos tocando em vários lugares diferentes, e com certeza a cada nova turnê temos um público novo, então sempre tentamos mudar o set list. Agora para a turnê sul americana estamos pensando em adicionar duas ou três faixas e tocar algumas coisas que não tocávamos a muito tempo, como Beyond The Doors Of The Dark. A banda está em grande fase e todos estão curtindo muito essa nova fase, portanto estamos tentando fazer coisas novas, reaprender mais músicas... geralmente só tocávamos as músicas que todos conheciam. A banda hoje sabe tocar mais músicas do que a algum tempo atrás.

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Whiplash! - Perguntei isso por que muitas bandas de heavy metal, como o Iron Maiden e o Helloween, costumam tocar um set list fixo por toda a turnê, e existem bandas, que não são de heavy metal e sim de rock, como por exemplo o Blues Traveler ou a Dave Matthews Band que trocam de set list em todas apresentações. Você não acha que repetir as mesmas músicas toda noite pode ser chato para a banda e para os fãs?

Chris / Sim, eu concordo, mas é aquela coisa, se não tocarmos uma determinada música que todo mundo quer, todo mundo reclama... é óbvio... então tem músicas que não podemos tirar do set list de jeito nenhum. Pegue como exemplo "Chance" ... acho que se não tocarmos ela vai ter gente querendo nos matar (risadas), mas logicamente que para a banda tocar "Chance" todas as noites pode ser bem chato. Não consigo imaginar como um Black Sabbath passa por isso...imagine tocar Paranoid todas as noites (risadas)... Por mim eu mudava todas as noites as músicas do show, mas também depende de quanto tempo você tem para se apresentar.

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Whiplash! - Como está o mercado para o heavy metal hoje em dia no seu ponto de vista. Logicamente os EUA, a Europa e a América do Sul são bem diferentes, mas como você vê o mercado para o Savatage hoje em dia? A Europa ainda é o maior e melhor mercado?

Chris / Eu acho que até mesmo nos EUA o público existe, ele está lá, só temos que ter a divulgação certa, feita de um modo que as pessoas saibam que vai existir o show, que o CD está nas lojas, etc... tudo gira em torno de ser profissional e ter a sorte de trabalhar com pessoas que se empenham em divulgar ao máximo a banda. Veja o Iron Maiden com o Bruce Dickinson, eles lotaram o Madison Square Garden, então ainda existe o público. O heavy metal pode não estar mais na capa da Rolling Stone, mas ainda tem gente que quer ouvir, ainda existem revistas sobre o assunto. Cada nova turnê temos mais gente vindo nos ver do que na anterior. Tivemos três vezes mais público nesta nova turnê do que na anterior do Wake of Magelan. Acho que não só com a gente, mas todas as bandas estão com um público maior a cada ano. Vamos continuar trabalhando para isso.

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Whiplash! - Qual sua opinião sobre bandas como Korn, Limp Biskit e Deftones? Você acha que elas são realmente o futuro do Heavy Metal?

Chris / Na verdade eu não considero elas muito heavy metal para ter uma opinião formada sobre isso, acho que seu estilo deveria ter outro nome. É outro tipo de composição, elas tem um "groove" diferente, não são que nem no heavy metal onde as músicas são guiadas pelas guitarras. Das bandas que fazem grande sucesso aqui nos EUA a única que realmente considero metal e que gosto muito é o Pantera. Acho que eles conseguem manter uma boa parte do nome do heavy metal aceso por aqui e seu último disco é bem pesado. Além disso o que gosto neles é que eles carregam a atitude heavy metal, e isso é muito importante, eles não fingem ser o que não são.

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Whiplash! - Agora ume pergunta um pouco pessoal, mas acho que muitos dos seus fãs gostariam de saber disso: Sempre ouvi rumores que o disco "Streets - A Rock Opera" era para ter sido lançado duplo, mas na época por falta de recursos acabou saindo simples mesmo. Isso é verdade?

Chris / Não sei exatamente se foi feito para ser lançado duplo, mas existem muitas outras faixas que compõem a história de Streets. O problema é que grande parte dessas gravações estão perdidas. Já pensamos em relançar o Streets inclusive regravado, mas acho que não me sentiria bem gravando as partes de Chris Oliva (falecido guitarrista da banda), então talvez em um futuro possamos só gravar as faixas que não entraram... não sei... só o tempo dirá... mas ele tem mais músicas, isso com certeza.

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Whiplash! - Você tem algum previsão de lançamento do novo Doctor Butcher (projeto paralelo de Jon Oliva e do próprio Chris Caffery)?

Chris / As coisas sempre funcionam desse jeito, a gente sempre estava com tempo para nos empenharmos em fazer isso mas nunca tínhamos as condições para realizar o projeto. Agora nós temos as condições para a realização do projeto, mas por enquanto não temos mais tempo para isso (risadas). Mas Jon quer fazer sim o disco e acho que em um futuro próximo ele será lançado. Até estamos com planos de lançar um novo "Live Album" para o Savatage, pois o Live in Japan é da turnê do álbum Handful of Rain, então vamos gravar alguns shows da nova turnê e veremos se vamos conseguir um bom material para lançar um disco ao vivo.

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Whiplash! - E sobre a Trans Siberian Orchestra, novidades?

Chris / Eu acho que em novembro devemos começar a ensaiar e gravar o novo Trans Siberian, que deve voltar para temática natalina. E depois mais uma turnê e por aí vai.

Whiplash! - Você quer deixar alguma mensagem para seus fãs e leitores da Whiplash?

Chris / Esperem o novo show do Savatage, estamos numa fase ótima, Damond é um excelente vocalista e o show está matador. Nos vemos no Brasil!!! Não aguento mais esperar para tocar no Brasil mais uma vez! Cheers!

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