Poison: Entrevista exclusiva com o baterista Rikki Rockett
Postado em 26 de maio de 2001
Entrevista por Daniela Penna
Whiplash! - Como você vê esse retorno de diversas bandas de hard rock/metal dos anos 80? Os anos 90 praticamente passaram em branco para muitas delas.
Rikki / Não vejo muitas bandas retornando. E aquelas que retornam, dizem que não fizeram parte da década de 80, que não usavam maquiagem, que não eram posers, etc... Eles negam ter participado do próprio início da carreira. Não concordo com essa postura.
Whiplash! - O que vocês usavam e faziam nos anos 80, foi bem criticado nos anos 90 e neste novo milênio, as coisas mudaram ainda mais. Como adaptar o Poison ao novo milênio?
Rikki / Poison é e sempre será a mesma banda. As pessoas sempre quiseram nos categorizar. Temos atitude, não temos vergonha das roupas que vestíamos, e que vestimos atualmente, da maquiagem. Adaptamos a linguagem, as músicas, novas tendências, mas sem perder nossa identidade. É por isso que estamos na estrada até hoje.
Whiplash! - Você concorda que álbuns como "Flesh & Blood" e "Native Tongue", que fizeram sucesso há anos atrás, já não não dariam tanto retorno (financeiro, reconhecimento, críticas positivas, etc) ao grupo? Como você vê isso?
Rikki / Concordo! Na época em que esses álbuns saíram, o hard rock estava em alta. Mas acho que a culpa (se é que existe um culpado) são das rádios. Hoje em dia, não vemos rádios que tocam rock de verdade. Não temos uma rádio e nem emissoras que mantêm o rock vivo.
Whiplash! - O hard rock já foi moda. Poison, FireHouse, Guns, Warrant e outros grupos tocavam com freqüência em rádios e emissoras de TV. Hoje estão na moda as boy (girl) bands, dance-pop music, entre outras coisas do tipo. Como você vê essa mudança? Qual seria a razão para ela?
Rikki / Pra mim, as boys-girls bands são uma reação à música alternativa. Nem todo jovem quer ser revoltado, quer quebrar regras e barreiras. Quando o Poison começou em 86, éramos a música alternativa da época, que falava de sexo, drogas, carros... era o que estávamos vivendo na época. Era nossa realidade.
Whiplash! - O que você achou do retorno e da nova formação do Guns 'N' Roses?
Rikki / Sempre gostei do GN'R... é uma boa banda. Eles retornaram cantando hits antigos, então não vejo nada de novo. Quanto à banda nova, perecem ser bons músicos.
Whiplash! - Vocês estão sempre excursionando com grupos como o Warrant. Como são essas turnês? Vocês já tiveram ou têm algum conflito com bandas de hard rock que fizeram shows com vocês? Conte-nos sobre isso.
Rikki / Todas as nossas turnês são bem wild!! Nos divertimos viajando pelo país. Quanto aos conflitos, às vezes acontece, afinal são 3 meses, com 10 caras de bandas diferentes, que são seres humanos, tem problemas, dúvidas, enfim... mas de uma maneira geral, excursionamos com grandes amigos.
Whiplash! - Como você vê a questão do MP3 e do Napster? Na sua opinião, isso é algo positivo e está bom desta forma, ou deve ser mudado, ou talvez até banido?
Rikki / o Napster é algo que não me incomoda. Não acredito que as pessoas vão parar de comprar CDs, mesmo porquê a qualidade de som do MP3 não é tão boa. Mas entendo o que o Metallica está fazendo, tentando proteger seus direitos. É uma opção.
Whiplash! - "Power To The People" chamou a atenção de muita gente, mas acabou não tendo uma grande repercussão. Aqui no Brasil, pouco se falou sobre o álbum. Na sua opinião, qual a causa para isso? Qual nota você daria para esse disco?
Rikki / Todo álbum é como um filho pra gente. A gente rala, luta, compõe, etc... é muito trabalho. Então particularmente, acho um bom álbum. Nota 10 (risos!!). Não lançaríamos nada que não achássemos muito bom!! Quanto à repercussão, é um álbum ao vivo, com apenas 5 músicas novas em estúdio. Nosso público maior ainda está nos EUA. Nossos shows aqui são sempre sold out... em outros lugares, é natural que a repercussão seja menor. Mas recebo muitos emails de fãs brasileiros, então não acho que estamos tão mal assim ( risos!!)
Whiplash! - Como você vê essa onda de tributos? Você já ouviu a versão do Jughead's Revenge para "Talk Dirty To Me", presente na compilação "Punk Goes Metal"? Se sim, qual sua opinião sobre ela?
Rikki / Adoro tributos! Fico lisonjeado e conheço ao versão do Jughead's Revenge... é uma homenagem ao artista, à influência que você teve. Acho legal!
Whiplash! - O que você pensa da volta de David Lee Roth ao Van Halen?
Rikki / Adoraria se isso acontecesse. David Lee Roth foi uma grande influência.
Whiplash! - A imagem do Poison é, por vezes, relacionada a questões sexuais e em alguns momentos, de uma maneira não muito positiva. Além disso, outros artistas que seguem linhas semelhantes ao Poison, em relação a roupas, maquiagens, etc já tiveram problemas com isto, como é o caso de Gary Glitter. Como você vê isso? O Poison é realmente um grupo sexista? Se não, qual a resposta que você daria aos que dizem isso?
Rikki / Não somos um grupo sexista. Sempre respeitamos todas as mulheres que estiveram em nosso camarim. E nunca saímos com menores. Isso é crime. Saímos com garotas novas sim, mas tinham mais de 21 anos, ou seja, respondiam por seus atos, etc. E quanto à Gary Glittler, o caso dele foi diferente. Foi abuso de menor. Porém é natural que as pessoas confundam rock com sexo. Ambas estão relacionadas. Rock pra mim, é 50% físico e 50% mental... música é algo que mexe com seus sentimentos.
Whiplash! - Vocês têm se mantido basicamente na América do Norte? Por que não está havendo maior contato com outros continentes e países?
Rikki / É o momento que estamos passando em nossa carreira. Não temos nada de muito novo, por isso estamos excursionando na America do Norte por 3 anos consecutivos. Mas depois dessa tour, vamos entrar no estúdio, fazer um álbum novo, só com músicas novas e depois partir para uma tour mundial.
Whiplash! - Vocês pensam em fazer um álbum com novos arranjos para suas músicas? Digo, algo como um disco com novas gravações, remixagens, ou um acústico?
Rikki / Isso não está em nossa mente agora. Estamos focando na nova tour que começa daqui a 20 dias. Estamos animados!!
Whiplash! - Você é vegetariano há 8 anos. Quando decidiu e por que?
Rikki / Sempre adorei animais. Tenho 5 gatos, 5 ratos, 6 cachorros, 4 cavalos em casa... e sempre fui contra abuso de animais para indústria farmacêutica, experiências em laboratórios etc. E não fazia sentido lutar para uma causa sendo que eu comia carne. Era contraditório.
Whiplash! - E quando ao seu disco solo, o "Gliter for Your Soul"?
Rikki / O Glitter é um tributo às bandas glam da década de 70, como David Bowie, Alice Cooper, Sweet, etc... são apenas covers, que eu toco bateria em todas, algumas eu toco baixo, etc. A produção do disco também é minha. Adorei fazer, foi divertido. Tive a participação de grandes amigos, músicos... O Bret (Michaels) canta em uma delas.
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