Bloodywood: banda abre a Índia de vez para o mundo metal
Resenha - Rakshak - Bloodywood
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 26 de fevereiro de 2022
Nota: 8
E finalmente a Índia, segundo país mais populoso do mundo e dona de um dos conjuntos de manifestações musicais mais intrigantes e ricos da humanidade, ganhou uma banda de folk metal para chamar de sua.
Depois de atingir números impressionantes de visualizações com seus covers inusitados em estilo folk metal e conseguir a proeza de empreender uma turnê europeia sem nem sequer ter lançado um disco autoral, o trio Bloodywood finalmente fez sua estreia "pra valer", se não contarmos a coletânea de covers Anti-Pop, Vol. 1 (2017).
Rakshak ("protetor" em hindi), antes de qualquer coisa, chama a atenção pela coesão, que atinge tal ponto que flerta perigosamente com a repetitividade. Para um grupo que faz um som inédito, isso já é sinal de que eles precisarão investir em diversidade no próximo lançamento.
Ainda é possível explorar algumas diferenças entre as faixas, é verdade. A maioria delas é pesada e nos convida a bater cabeça sem dó. "Dana-Dan", por exemplo, será um grande sucesso nos shows, ainda que sua letra trate da triste temática do estupro.
Outras são relativamente leves, como "Zaanjero Se" e "Yaad", esta última com uma grande entrega vocal. A banda alega ter recusado convites de gravadoras (consigo até imaginar quais) e manteve-se independente; quem sabe com um contrato e uma infusão de dinheiro eles possam criar canções mais diferenciadas entre si; outra coisa que eu esperaria para lançamentos futuros é uma participação ainda maior dos elementos indianos; a percussão, as cordas e a flauta ainda têm um ar de coadjuvante perto dos imponentes riffs e dos vocais gritados.
Curioso notar que é quando a flauta participa com mais proeminência, como em "Aaj" e "Jee Veerey", que os caras atingem níveis de musicalidade acima de sua própria média. Por isso eu diria que estas são os melhores cartões de visitas para o grupo.
Por fim, vale destacar "BSDK.exe", talvez a mais experimental e "diferentona", em que o trio aposta em metalcore e se dá muito bem.
A maioria das faixas têm um tom muito urgente, o que condiz com a proposta das letras, que ora lidam com questões pessoais, oram atacam políticos corruptos, intolerância e notícias falsas.
Tendo já conquistado os corações de incontáveis headbangers ao redor do mundo, este Sepultura indiano mostrou que mesmo escrevendo material próprio é capaz de se manter relevante, não só pela qualidade da música em si, mas também pelas letras extremamente antenadas e relevantes. Como disse Elliott Leaver da Metal Hammer, o Bloodywood provou com Rakshak que não é apenas um fenômeno da internet.
Abaixo, o vídeo de "Dana Dan":
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2022/02/24/resenha-rakshak-bloodywood/
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