Santana: nem o apelo comercial consegue tirar o seu brilho
Resenha - Blessings And Miracles - Santana
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 10 de novembro de 2021
Nota: 8 ![]()
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E o guitarrista mexicano-estadunidense Carlos Santana se juntou à turma de artistas que, na falta de turnês, aproveitaram a pandemia para voltar ao estúdio. No caso, ele tomou tal atitude guiado por uma intenção que poucos músicos teriam coragem de admitir: voltar ao rádio. Tudo parte de uma missão de tocar o coração das pessoas com as "bênçãos e milagres" que a música pode prover - daí o nome do disco.
Essa busca deliberada pelas massas, felizmente, não se traduziu em um compêndio de pretensos hits comerciais. Na verdade, você vai até se sentir "enganado" com as três primeiras, que revisitam o som enérgico e classudo que o guitarrista moldou nos anos 1960/1970. Não por um acaso, uma delas - justamente um dos pontos altos - é intitulada "Santana Celebration". "Rumbaleros", de quebra, ainda traz a participação de seu filho Salvador, que escreveu a dita-cuja. Outra filha de Santana, Stella, também deixa sua contribuição mais à frente: "Breathing Underwater".
A ala mais "comercial" de Blessings and Miracles começa em "Joy". Mas isso não quer dizer que chegamos na parte mais fraca. Porque até quando quer deliberadamente soar radiofônico, ele não consegue ser menos do que incrível. Esta peça aqui coloca Chris Stapleton, um cantor country, para mandar algo próximo de um reggae.
Na sequência, temos talvez a mais antecipada de todas: "Move", com Rob Thomas - o mesmo com quem Santana conquistou o mundo em 1999 com seu hit "Smooth". Por mais gostosa que ela seja, não consegue se equiparar à primeira parceria.
Esta primeira leva se encerra com uma versão de "Whiter Shade of Pale" que, com a ajuda do cantor e organista convidado Steve Winwood, dá vida ao clássico outrora executado burocraticamente pelo Procol Harumcom .
O meio do álbum é também seu ponto baixo, transformando a lista de faixas num verdadeiro vale: "Break" (com Ally Brooke) e "She's Fire" (com Diane Warren e G-Eazy) são daqueles pops genéricos em que o músico "conversa" burocraticamente com os convidados usando suas seis cordas. E lembra da contribuição da filha do guitarrista? Well, ela só vem um pouco depois, mas poderia estar aqui, junto às suas irmãs sem graça.
Destes momentos esquecíveis, vamos direto para outro ponto alto: a enérgica e urgente "Peace Power", em que Corey Glover, do Living Colour, solta a voz numa mensagem pacifista e antirracista.
Outro trabalho igualmente potente e politizada é "America For Sale", em que Santana duela com Kirk Hammet pela segunda vez em sua carreira enquanto Marc Osegueda duela com as contradições dos Estados Unidos contemporâneo.
Após a contribuição de Stella, vem mais um momento rock 'n' roll: "Mother Yes", que emenda na tríade de encerramento que conclui o disco como ele começou: revisitando o passado. Primeiramente, "Song for Cindy" música serena que valoriza a bateria (pudera, é uma homenagem à sua esposa, baterista de sua banda de apoio). Na sequência, "Angel Choir/All Together" chega a enganar no começo a cappella, mas logo volta ao "normal" na segunda e forte parte. Formando um sanduíche, duas peças instrumentais curtas e misteriosas de nome "Ghost of Future Pull" abrem e fecham a obra.
Nesta pequena montanha-russa, Carlos se sagra "vencedor", no sentido de que acerta bem mais do que erra. Ora, um artista com quase 3/4 de século de vida e uma mente tão iluminada jamais permitiria que uma abordagem comercial, ainda que proposital, desrespeitasse décadas de grandes contribuições à música internacional.
Abaixo, o clipe de "Move":
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2021/11/04/resenha-blessings-miracles-santana/
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