Deep Memories: CD de estreia que já nasceu destinado à ser clássico do Doom Metal
Resenha - Rebuilding The Future - Deep Memories
Por André Nasser
Postado em 07 de março de 2021
Nota: 10 ![]()
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Impacto. Esta é uma boa palavra para definir o que o álbum de estreia do Deep Memories causou em mim. Sem dúvida, tem sido uma das bandas que mais agradaram meus ouvidos nestes últimos tempos. Fui surpreendido com uma qualidade técnica acima da média e pelas excelentes letras. Não somente isto, mas também pelos referenciais sonoros que contemplam o Doom, o Death Metal, o Ghotic e o Metal Progressivo. Quando me dei por conta de estar diante de uma One-Man-Band (Banda de um Único Homem), a admiração e ‘espanto’ só aumentaram.
Com toda a certeza, os desafios para uma banda underground no Brasil são consideráveis. Nosso país não é muito conhecido por valorizar o exercício da arte. Se levarmos em conta a complexidade de todos os aspectos que envolvem o trabalho de um grupo musical no formato tradicional, o que poderíamos dizer de uma One-Man-Band então? Ouvir "Rebuilding The Future" despertou reminiscências, lembranças distantes. Recordo-me que, aos 15 anos, usei uma fita K7 para gravar linhas de guitarra e vocais em um esquema realmente tosco. Com uma técnica bastante limitada no instrumento, eu buscava externar minhas influências de Paradise Lost, Type O Negative, Moonspell e Tiamat. Para desespero de qualquer produtor musical de plantão, eu ainda ‘costurava’ o contrabaixo da maneira mais primitiva que era possível. Este embrião de uma possível One-Man-Band seria chamado de Godmass in Fall, mas, na época, não evoluiu a contento. Este fato fez com que a audição deste álbum evocasse uma baita nostalgia.
Douglas Martins foi generoso comigo. Fiquei duplamente honrado pelo recebimento de duas versões em CD de "Rebuilding The Future"; uma nacional e a outra japonesa. Produção de extremo bom-gosto, impecável. A Heavy Metal Rock e a Misanthropic Records lançaram o álbum no Brasil, enquanto a Invasion of Solitude Records, propôs o lançamento no Japão. Ainda houve mais um lançamento, dessa pela GS Productions, na Rússia. Não sendo o bastante, o disco ainda ganhou versão em vinil, lançado pela Neves Records.
As cinco primeiras faixas de "Rebuilding The Future" são conceituais e discorrem sobre o mesmo tema. É como se fosse uma história dividida em cinco capítulos onde é retratado o final da vida de uma pessoa que, ao morrer, percebe que ainda permanece consciente. Neste bloco, é um desafio você conseguir destacar uma música em específico. As cinco faixas são um verdadeiro deleite musical. Percebemos um primor na confecção dos arranjos e máxima competência na execução.
A faixa de abertura, "When the Time for My Last Breath Comes", possui uma inteligência melódica ímpar. Doom Metal 'classudo' com influências de Rotting Christ, especialmente do disco "Triarchy of the Lost Lovers", lançado em 1996. Quando os vocais iniciam com "I'm living my last long days...", é impressionante observar a dimensão da fúria entoada por Douglas. "Suffocating Grayish Darkness" possui um perfeito equilíbrio entre vocais rasgados e limpos. Em um primeiro momento, quando ouvimos "There Is No End", o riff dá a sensação de estarmos ouvindo alguma faixa de "Draconian Times" do Paradise Lost. A estrutura da música, inicialmente, lembra a atmosfera envolvente que o PL costuma criar quando os solos dão fundo aos vocais de Nick Holmes. Algo de Cradle of Filth, em seus primeiros álbuns, é percebido nesta audição. "Between Two Dimensions" começa com um belo dedilhado, seguido de um dos solos mais bonitos que já ouvi em bandas do gênero. Destaco o belo trabalho de baixo na segunda metade da música. "Looking at The Black Mirror", melodicamente, soa como uma perfeita continuação de "Between Two Dimensions" e traz consigo um solo magnético, carregado de sentimento. Na mosca.
"The Bitter Taste of Illusion" e "Explicit way to relieve Pain" falam sobre os momentos difíceis que o músico experenciou durante sua jornada de vida; lamentos, crises e dilemas da existência. O álbum, como um todo, além das influências acima citadas, parece inspirado em outras obras clássicas dos anos 90 como "Dance of December Souls" do Katatonia e "The Gallery" do Dark Tranquillity. E, me parece que as levadas de bateria, tão artesanalmente confeccionadas, também ‘bebem da fonte’ destas bandas. "Erased Directed Mindset" fecha o álbum com um instrumental atmosférico que parece refletir esperança em meio às profundas memórias do passado - como o próprio nome da banda já diz- onde nostalgia e melancolia se mesclam. É uma espécie de hipnose meditativa, não no sentido namastê, mas sim capaz de dissolver jugos do passado, ressignificar a consciência e impulsionar a cocriação de um novo futuro.
Que o segundo registro de estúdio do Deep Memories, aguardado para 2021, seja tão transcendente quanto o debut álbum. Se for superior, creio que não surpreenderá sua base de fãs, pois, a sabedoria nos ensina que nunca devemos limitar o alcance de um gênio.
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