Tool: A rebelião épica da banda em Fear Inoculum
Resenha - Fear Inoculum - Tool
Por Rodrigo Schwarz
Postado em 05 de setembro de 2019
Nota: 9 ![]()
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Dos gigantes do rock que ainda caminham na terra, quantos continuam capazes de lançar um disco assustadoramente relevante? E quando digo gigantes, não me refiro a artistas que já gravaram grandes álbuns, mas nunca tiveram o reconhecimento merecido, mantendo vivo assim o apetite por glória. Falo de nomes que podem encher uma parede com seus discos de ouro e platina e que lotam estádios de futebol pelo mundo. É nesse Olimpo dos milionários do rock que a banda norte-americana Tool habita. E, mesmo lá, ela parece respirar um ar ainda mais rarefeito, como mostra seu recente disco "Fear Inoculum".
Sim, foram 13 anos de espera. Difícil tratá-lo com a mesma objetividade de discos de artistas que lançam algo num intervalo menor de 4 ou 5 anos. "Fear Inoculum" acaba passando pelos mesmos infortúnios de julgamento de outras odisseias de estúdio, como "Chinese Democracy", do Guns N' Roses. Afinal, a banda teve tempo de gravar uma música por ano – e ainda sobraria alguns anos só para mixar. Mas todo o dramalhão que circundou a gravação de "Fear Inoculum" se dissipa ouvindo o trabalho. O quarteto californiano entrega um álbum colossal, que não é ofuscado nem por outras joias de seu catálogo, como "Aenima" (1996) e "Lateralus" (2001).
Faixas como "Pneuma" e "Invincible" estão entre os épicos que viraram a especialidade da banda. Passagens melódicas cirurgicamente costuradas e os bem dosados rompantes de fúria da genial guitarra de Adam Jones constroem climas cinematográficos. Até aí, nada novo. Só que a banda continua evoluindo. Mesmo com a maior parte das composições passando frouxo dos 10 minutos, o Tool as apresenta de forma mais orgânica, sem exibicionismos – tirando algumas performances estremecedoras do baterista Danny Carey, que está de olho no trono do aposentado Neil Peart. Mas, diabos, é um disco progressivo, afinal de contas.
O próprio gênero de metal progressivo, que nos últimos anos ganhou respeito com bandas como Mastodon e Baroness, parece estar sendo reinventado pelo Tool, com sua incansável aversão ao supérfluo. Uma das melhores músicas do álbum é "7empest", que passa dos 15 minutos, sem nenhum traço de tédio. Resta saber se esses épicos não são o motivo do vocalista Maynard James Keenan não dedicar-se mais tanto à banda. Afinal, são extensas passagens instrumentais nas composições, deixando-o longos e longos minutos sem ter muito o que fazer no palco.
Keenan, um dos grandes vocalistas surgidos no começo dos anos 90, divide seu tempo em projetos musicais como o Perfect Circle, Puscifer e sua vinícola no Colorado, a Caduceus Cellars, que produz vinhos que ultrapassam 100 dólares por garrafa. Por melhores que sejam todas essas outras empreitadas, nenhuma delas se compara à notoriedade que o Tool lhe concedeu.
A mística em torno da banda é enriquecida pelo seu apreço ao ocultismo. Claro, ao estilo orgulho nerd do grupo, ocultismo aqui não são os antigos rituais hedonistas de Jimmy Page. A banda é adepta da geometria sagrada, que permeia o uso das incomuns fórmulas de compassos em suas músicas. É o uso de números para dar um sentido ao caos da condição humana.
Misticismo à parte, parar e ouvir os 86 minutos de "Fear Inoculum" do começo ao fim é um ato de rebelião contra a era da superficialidade e imediatismo que vivemos. Mais do que isso: é um ato de purificação.
1. "Fear Inoculum"
2. "Pneuma"
3. "Litanie contre la peur" (instrumental; French for "Litany Against Fear")
4. "Invincible"
5. "Legion Inoculant" (instrumental)
6. "Descending"
7. "Culling Voices"
8. "Chocolate Chip Trip" (instrumental)
9. "7empest"
10. "Mockingbeat" (instrumental)
Outras resenhas de Fear Inoculum - Tool
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