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Dream Theater: de volta aos trilhos com Distance Over Time

Resenha - Distance Over Time - Dream Theater

Por Sérgio Henrique dos Santos
Postado em 25 de fevereiro de 2019

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Em 1973 o YES colocou no mercado um dos álbuns mais polêmicos da História do rock progressivo. TALES FROM TOPOGRAPHIC OCEANS, vinil duplo com apenas quatro suítes de cerca de 20 minutos (cada uma ocupando um lado inteiro do disco), foi acusado de ser pretensioso, extravagante e... chato. Para seus detratores ele representa um dos maiores exemplos de quando uma banda perde a noção, os limites de até que ponto uma experiência ou formato artístico são benéficos e úteis. Independente dessas críticas serem questionáveis a banda certamente admitiu os próprios excessos e, após outro trabalho ainda intrincado (RELAYER, de 1974), em 1977 colocou a bola no chão e fez o que era adequado ao momento: produziu GOING FOR THE ONE, mais simples, direto e resgatando um mínimo de objetividade, algo que havia se perdido em meio a tanto rebuscamento e preocupação com detalhes estilísticos.

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É possível falar de DISTANCE OVER TIME colocando o DREAM THEATER num contexto parecido. Em 2016 o projeto audiovisual THE ASTONISHING dividiu os fãs também pelo seu inegável exagero. Estendido em mais de duas horas de uma monotonia involuntária permeando uma distopia medíocre, a frustrada intenção do grupo em produzir um outro trabalho conceitual grandioso tal qual o clássico SCENES FROM A MEMORY fez uma boa parcela do público ficar desapontada e ansiosa por um próximo trabalho mais "pés no chão".

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Não é uma situação exatamente inédita: após SIX DEGREES OF INNER TURBULENCE também houve necessidade de simplificação e objetividade, o que resultou no pesadíssimo TRAIN OF THOUGHT em 2003. A diferença com SIX DEGREES é que, ainda que este tenha recebido críticas, sua rejeição foi muito menor do que a de THE ASTONISHING.

Era quase um consenso de que agora o DREAM THEATER precisava partir para o seu GOING FOR THE ONE. E foi exatamente isso que fizeram.

A primeira faixa divulgada, UNTETHERED ANGEL, já deu o recado aos fãs que as coisas seriam diferentes. Praticamente uma música de demonstração sobre a essência da banda, não traz novidades mas funciona.

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Ainda assim era justo que pairassem dúvidas. Em 2016 a ótima THE GIFT OF MUSIC vendeu uma propaganda enganosa do que estava por vir, então melhor aguardar.

FALL INTO THE LIGHT veio um pouco depois e indicou que as coisas seriam sim melhores. Uma das composições mais próximas do heavy metal que eles já criaram, com riffs cortantes e harmonias de guitarras gêmeas lembrando METALLICA e MEGADETH.

E finalmente a também pesada e ótima PARALYZED, com um show em particular da dupla MIKE MANGINI e JOHN PETRUCCI logo nos primeiros segundos, encerrou a fase de divulgação de pré-lançamento e bateu o martelo sobre o novo direcionamento mais enxuto. Com pouco mais de quatro minutos ela poderia tranquilamente ser hit em rádios rock, sem necessitar de edição e cortes.

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Não foi à toa que justamente essas três foram escolhidas para divulgação: elas representam muito bem a proposta do álbum como um todo. E, acompanhadas por uma ampla série de vídeos retratando a concentração absoluta nas gravações, foi possível acreditar que eles estavam perfeitamente cientes da estratégia a seguir. As declarações dos músicos enfatizavam que o objetivo agora era compilar e se concentrar estritamente naquilo que faz um álbum bem sucedido do DREAM THEATER ser querido pelos fãs. Ou seja um fan service assumido (e muito bem-vindo!).

Essa excelente trinca que abre o disco (PARALYZED é a segunda no tracklist) convence e prepara o terreno para a parte mais sofisticada (mas sem exageros!) de DISTANCE OVER TIME.

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BARSTOOL WARRIOR inicia com um arranjo absolutamente DREAM THEATER, mesclando a sonoridade sempre bem-vinda de IMAGES AND WORDS com as de OCTAVARIUM. O solo de guitarra é belíssimo, mais um tapa na cara de quem os acusa de não possuírem o famigerado felling. O tipo de música que acerta em cheio e dificilmente quem já gosta da banda não irá aprovar na mesma hora.

A alucinada ROOM 137 pega emprestado o ritmo swingado de HIGHER GROUND (o cover do RED HOT CHILI PEPPERS para o hit de STEVIE WONDER), o clima nervoso de AWAKE e alguns elementos psicodélicos, gerando uma música caótica e divertida. É a primeira contribuição de MIKE MANGINI como compositor.

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A essa altura você nem percebeu, mas o álbum já mergulhou fundo no metal progressivo. S2N (SIGNAL TO NOISE) dá continuidade ao pega pra capar iniciado na anterior e, a despeito do refrão melódico, o que prevalece é a quebradeira rítmica sensacional entre MANGINI, PETRUCCI, RUDESS e principalmente MYUNG, o simpático sisudo que aqui fala alto com as cordas do seu baixo. A parte final é uma jam daquelas que vão dar trabalho para as bandas cover. Não tenho dúvidas que todos se divertiram muito no estúdio enquanto a gravavam.

Sem tempo de respirar AT WITS END segue incessante com a prog-quebradeira. Com pouco mais de nove minutos (incluindo um falso final) é a mais longa, dramática e, novamente, um som muito reconhecível do DREAM THEATER. É a que mais se parece com a sonoridade e clima do SCENES FROM A MEMORY. Um destaque é a parte do meio para o final, com LABRIE e PETRUCCI mostrando como se faz uma melodia simples se tornar memorável.

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E é LABRIE também que se sobressai em OUT OF REACH, a obrigatória balada. Seu tom mais alto nessa faixa remete aos anos 90 e o resultado é muito bonito. O momento mais ameno e mostrando que eles não perderam a capacidade de criar verdadeiras canções de ninar para adultos.

Finalizando, A PALE BLUE DOT manda bem no título, referência à célebre crônica de CARL SAGAN. Sua posição como última do tracklist, lugar quase sempre reservado a épicos e longas suítes, nos leva a crer que ela será o destaque arrebatador do disco. Mas o resultado desta vez não é tão eficiente porque, infelizmente, alguns clichês irritantes reaparecem no meio da música, com passagens que devem ser divertidas de tocar mas que para o ouvinte soam como uma bagunça que é preciso suportar até que a música fique legal novamente.

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Já a bonus track VIPER KING é bem descontraída, com influência de DEEP PURPLE e que talvez seja o máximo que esses caras consigam chegar de um rock 'n roll (prog 'n roll!). Realmente destoa do restante do álbum e isso explica ter sido "rebaixada", mas não deve ser menosprezada por isso, é muito boa. Seria interessante se um dia eles lançassem um descompromissado EP explorando esse estilo.

Esse não é o TRAIN OF THOUGHT mas recoloca o DREAM THEATER nos trilhos. Com menos de uma hora de duração, é um disco felizmente enxuto (aquela piadinha sobre introduções intermináveis não funciona aqui) sem nunca parecer simplório, e que não chega para reinventar nada e sim reconstruir. Não terá sido a primeira nem a última vez que uma banda tenha ido longe demais em suas pretensões e necessitado puxar o freio para retomar a confiança dos fãs e o próprio rumo. Compreensível para qualquer grupo com mais de trinta anos de carreira. Há mérito na experimentação, é válido arriscar e sair da linha de conforto, porém é mais meritoso ainda reconhecer quando é preciso recuar para avançar na direção correta.

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DISTANCE OVER TIME dificilmente será lembrado como algo antológico feito as (insuperáveis?) obras-primas dos anos 90 mas certamente é um dos melhores deles dos últimos vinte anos. E já pode ser considerado um bom exemplo de banda querendo se sintonizar novamente com a maior parte dos fãs e ao mesmo tempo se divertir no próprio legado.

Tracklist:

1. Untethered Angel
2. Paralyzed
3. Fall Into the Light
4. Barstool Warrior
5. Room 137
6. S2N
7. At Wit's End
8. Out of Reach
9. Pale Blue Dot

Bonus Track:

10. Viper King

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