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Royal Blood: segundo álbum é um viciante disco de garage rock

Resenha - How Did We Get So Dark? - Royal Blood

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 17 de junho de 2017

A dupla ROYAL BLOOD, formada pelo baixista e vocalista Mike Kerr e o baterista Ben Thatcher, já esteve no Brasil em setembro de 2015, na edição do Rock in Rio daquele ano. À época, o duo inglês trazia na bagagem apenas o autointitulado álbum. Agora, "How Did We Get So Dark?" se junta à discografia. Se naqueles dias o som dos rapazes era uma boa novidade, agora não há mais esse sentimento, mas isso não torna o som menos interessante. Ignorando o tal "trauma do segundo disco", que frequentemente acomete os artistas depois de um debut de sucesso, a banda entrega um disco maduro, sem pretensões de superar o primeiro, mas também sem ficar à sua sombra.

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O play começa deliciosamente com a faixa que dá nome ao álbum e é impossível ficar imune à ela. Seu conjunto de riffs, ganchos, batidas e os vocais ao fundo são um convite à dança. Adiante no álbum há numerosos ecos de WHITE STRIPES. "I Only Lie When I Love You" bem que poderia ser a "Seven Nation Army" dos anos 2010, com seu riff e seus vocais. Os ganchos em "Lights Out" são inacreditavelmente agudos. Os diálogos entre baixo e bateria, entre vocal e backing vocal em "She's Creeping" também são um bom momento. Preste também muita atenção no riff de "Where Are You Now". A canção não tem nada a ver com PINK FLOYD, mas dá pra pescar referências, involuntárias provavelmente, a "One of These Days". Diante de toda a agressividade, presente em quase todo o disco, "Don't Tell" é o esperado e necessário contraponto. "Hook, Line and Sinker", por sua vez, é bem mais pesada. E embora a banda jamais flerte declaradamente com o Heavy Metal, os riffs de Mike Kerr na faixa (que de forma alguma remete a uma boa e tranquila pescaria) bem que poderiam estar em uma banda mais pesada, disputando com guitarras distorcidas os ouvidos dos headbangers. "Hole In My Soul", com sua tecladeira inicial também oferece elementos que quebram um pouco a predominância dos dois instrumentos comumente usados por Kerr e Tatcher.

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É um som que dá vontade de balançar, embora fique um tanto cansativo depois de um tempo, afinal, embora seja impressionante o que esses rapazes fazem com um baixo e bateria, ainda são apenas dois instrumentos. E um pouco de variação faz falta (exceção, talvez, apenas na já citada "Hole In My Soul".. Talvez por isso o álbum seja tão curto, com pouco mais de meia-hora.

No fim, embora o ROYAL BLOOD seja um duo de baixo e bateria, nada aqui traz à mente o conhecido "drumenbeis" (e isso nem é denúncia nem elogio, apenas constatação). Este é um bom disco de Garage Rock, que se torna viciante depois de algumas audições, mas falta um pouco daquilo que mais se espera de um som de um baixo, um grave poderoso, não uma tentativa de emular uma guitarra. Se qualquer uma (ou duas, ou três) das canções tivesse um bom solo de baixo (nas oitavas em que estamos acostumados), seria um álbum inesquecível. Suas canções cabem perfeitamente nos horários mais cedo de festivais como o Rock In Rio (como já aconteceu) ou Lollapalooza, mas dificilmente credenciariam a banda como headliner. Mas pra quem busca apenas algo diferente do "mais do mesmo" isso é mais que suficiente.

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O álbum é um lançamento da Warner e pode ser adquirido pelos canais oficiais, mas já está disponível nos principais serviços de streaming.

Track list

1. How Did We Get So Dark?
2. Lights Out
3. I Only Lie When I Love You
4. She’s Creeping
5. Look Like You Know
6. Where Are You Now?
7. Don’t Tell
8. Hook, Line and Sinker
9. Hole In Your Heart
10. Sleep

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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