Dr. Kong: resgatando a magia do rock nacional
Resenha - Protagonista - Dr. Kong
Por Leonardo M. Brauna
Postado em 01 de junho de 2017
Nota: 8
Além de nutrir fama no exterior pela beleza dos lugares, turismo sexual e corrupção na política, na esfera musical o Brasil também é visto como um país de ritmos diversos e originais, graças à bossa nova, samba e outros estilos genuínos que usam muita percussão. Ufa! Pelo menos uma coisa boa tinha que escapar aos olhos da "gringa".
Nos anos oitenta, um movimento muito importante surgia da pós-psicodelia de nomes como Mutantes e Secos e Molhados, que representavam uma nova era para a música brasileira nos anos sessenta e setenta, formando um portão de entrada para o rock nacional. Ícones como Patrulha do Espaço, Casa das Máquinas, Made in Brazil e outros que se influenciaram pela fragmentada febre punk que reinou no mundo no final da década de setenta, serviram de um segundo alicerce para a construção do fenômeno que tomou conta das rádios durante toda a década de oitenta e boa parte da de noventa.
O chamado rock Brasil deu certo. Encontrou espaço, fez sucesso no rádio e televisão, mas foi morrendo aos poucos restando hoje apenas algumas bandas como Plebe Rude, Capital Inicial, Titãs, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho – esta que é influência estampada para o som do Dr. Kong. Quinteto de Goiânia/GO que estreia com este "Protagonista" no presente ano de 2017.
Mas Flávio de Carvalho (vocalista), Eliel Carvalho e Gustavo de Carvalho (guitarristas), Gustavo Silva (baixista) e Wagner Arruda (baterista) não absorveram apenas o legado do rock brasileiro, eles praticam e constroem com excelência composições altamente melódicas, compassadas e cheias de harmonia, tomando por base o blues e até o hard rock. Nas treze canções deste álbum o que marca é o profissionalismo, a maneira de como seus músicos são íntimos de seus instrumentos e abordam suas ideias autorais.
As primeiras músicas, "Protagonista", "Fale Tudo" e "Honoráveis Primatas" são munidas de peso, mas tudo a seu tempo. Há aqueles riffs "malandrões" em "Rarefeito" e "Consciência", com sua letra motivacional, assim como "Não perca o Humor", que também exprime mensagem de amor e superação. "Indignação" retrata o desconforto do autor para com a sociedade, e outras músicas como "Me Chame Essa noite" e "Por Sorte", revelam o lado mais comercial do grupo, mas se bem que o CD inteiro contém músicas que podem ser tocadas tanto em restaurantes como em calouradas universitárias.
A produção feita por Eliel Carvalho e Guilherme Bicalho corresponde à qualidade técnica da banda e não ofusca detalhes dos arranjos. A arte gráfica, apesar de simples, vai de encontro a temática do grupo e dispõe de bela fotografia e letras no encarte.
Lamentamos que bandas como o Dr. Kong não tenha existido na era mágica do rock no Brasil, pois certamente hoje seria um dos grandes nomes da música. Resta desejar sucesso e que consiga caminhar firme nesse caminho cheio de espinhos, que se tornou o universo musical brasileiro, podendo assim, encontrar pelo menos uma brecha para que todos conheçam e respeitem o seu trabalho.
Formação:
Flávio de Carvalho – vocais
Eliel Carvalho – guitarras
Gustavo de Carvalho – guitarras
Gustavo "Cachopps" Silva – baixo
Wagner "Capucho" Arruda – bateria
Músicas:
01.Protagonista
02.Fale Tudo
03.Honoráveis Primatas
04.Olho Do Furacão
05.Consciência
06.Superficial
07.Indignação
08.Não Perca O Humor
09.Rarefeito
10.Passos
11.Me Chame Essa Noite
12.Por Sorte
13.Metanoia
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