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Mastodon: A repetição excessiva entornou o caldo

Resenha - Emperor Of Sand - Mastodon

Por Erick Silva
Fonte: Blog Punhado de Coisas
Postado em 27 de março de 2017

Nota: 6 starstarstarstarstarstar

É complicado analisar o novo álbum de uma banda badalada como o Mastodon, e cujos últimos discos lançados foram matadores ("Crack the Skye", "The Hunter" e "Once More 'Round the Sun"). Isso porque, inevitavelmente, a expectativa é alta, então, corre-se o risco do trabalho não corresponder ao esperado, e ser, injustamente, taxado de ruim. Claro, "culpa" do próprio grupo, que conseguiu mostrar que, dentro do, muitas vezes, monocromático mundo do metal, pode-se fazer algo de novo, interessante e inusitado. Então, fica lógico que qualquer novo lançamento do Mastodon vai ser cercado de muita empolgação. Infelizmente, e pela primeira vez, temos uma certa frustração em relação a um disco da banda.

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O principal problema aqui é a repetição de fórmulas, o que deixa as músicas entre um "ok" e som arrastado, e sem vigor. É muito provável que depois da guinada mais palatável à sua música (em "The Hunter" e, principalmente, em "Once More 'Round the Sun"), o pessoal do Mastodon quisesse voltar aos primórdios de um som mais cru e "pancada", como podemos observar na boa "Sultan's Curse", que abre o disco de maneira até bacana, mas, que não se compara com petardos como "Oblivion", "Black Tongue" e "Tread Lightly" (os ótimos cartões de visita dos discos anteriores). Interessante que, logo em seguida, a segunda faixa, "Show Yourself", remete muito à melhor canção de "Once More 'Round the Sun": a fantástica "The Motherload". Só que "Show Yourself", mesmo competente, não chega aos pés de sua rival.

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A partir daí, o álbum é um amontoado dos sons que eles já fizeram antes, só que sem carisma, sem "punch". A competência instrumental está lá, sem dúvida, mas, falta alguma coisa, como uma virada de bateria ou um riff poderoso que dê identidade às composições. "Precious Stones", por exemplo, lembra bastante a aura do fantástico disco "Leviathan", o timbre das guitarras, a melodia, mas,ao invés de ser uma bem-vinda volta às raízes, acaba sendo só uma cópia do que já foi feito antes, com o diferencial de um ou outro solo de guitarra. Mas, só. Bem melhor é a quarta faixa, talvez a melhor do disco, a envolvente "Steambreather", que, sem ser tão pesada, nem tão rápida, mostra uma faceta interessante do grupo: uma composição cadenciada, com um refrão um tanto pop, mas, mesmo assim, muito boa. Destaque fácil de "Emperor of Sand".

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"Roots Remain" até que começa um tanto "diferente", com uns sons meio eletrônicos, mas, depois, a canção descamba para o piloto automático mesmo. Muita melodia pra pouco conteúdo. Alternando momentos mais rápidos com outros mais pesados, "Word to the Wise" vai, exatamente, pelo mesmo caminho da anterior, ou seja, uma mistura não muito homogênea do que a banda já fezem outros tempos. Sabemos que a qualidade dos músicos e compositores se encontra ali, mas, falta certa harmonia. Harmonia, essa, que está um pouco presente em "Ancient Kingdom", com presença marcante de todos os integrantes da banda, e com um dos melhores instrumentais de todo o disco. Não se compara às melhores canções da carreira do Mastodon, mas, pelo menos, destaca-se dentro de um álbum tão linear.

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"Clandestiny" é mais uma que repete a fórmula, um pouco mais rápida que as demais, mas, não tão diferente das demais. Apenas no meio dela, há um som um pouco mais inusitado, mais distorcido, mais eletrônico, porém, logo depois, volta a ficar "comum". Mesmo sendo tão influenciada por épocas passadas da banda, "Andromeda", aqui, pode ser considerada um destaque. Tem ótimo instrumental, uma bela harmonia, e empolga. No entanto, mais uma vez, parece que está faltando algo. Ao final da faixa, mesmo que por alguns segundos, temos uma explosão no som que surpreende. Apesar de não ser uma maravilha, a penúltima faixa, "Scorpion Breath", é muito boa, parecendo ter saído diretamente de algum b-side de "Leviathan" ou de "Blood Mountain". O encerramento vem com uma já tradicional música de longa duração, a bonita "Jaguar God", que começa quase como uma balada, explodindo e acalmando em momentos alternados. Nada de magnífico, mas, é uma música interessante, digamos assim, demonstrando, pelo menos, a grande habilidade deles como instrumentistas. Muito pouco para o Mastodon.

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É chato dizer, mas, o Mastodon fez, seguramente, o seu "pior" trabalho. Mas, "pior", diga-se, em comparação à fantástica discografia da banda, cujos 5 últimos trabalhos têm que figurar em qualquer discoteca básica de quem se diz fã do (bom) metal moderno. Agora, se formos comparar com outros lançamentos por aí, de fato, "Emperor of Sand" até fica acima da média, afinal, mesmo aqui sendo um Mastodon mais contido e menos inspirado, continua sendo o Mastodon. Ainda continua sendo uma das bandas mais relevantes do rock pesado atual, e sempre é válido "perder alguns minutos" escutando um novo lançamento deles. É ficar na torcida, porém, que num próximo disco, eles acertem mais a mão, compondo coisas mais harmoniosas. No momento, eles podem se dar ao luxo de fazerem um álbum mediano como "Emperor of Sand". Faz parte.

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Formação:
Troy Sanders (baixo/vocal)
Brent Hinds (guitarra/vocal)
Bill Kelliher (guitarra/vocal)
Brann Dailor (bateria/vocal)

Destaques de "Emperor of Sand":
"Show Yourself"
"Steambreather"
"Andromeda"

Fonte da matéria:
http://blogpunhadodecoisas.blogspot.com.br/2017/03/disco-mais-ou-menos-recomendavel.html

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