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Resenha - Utopia Banished - Napalm Death

Por David Torres
Postado em 03 de julho de 2015

No início da década de noventa, os britânicos do Napalm Death haviam reformulado o seu "lineup" com a entrada do vocalista Mark "Barney" Greenway (ex-Benediction, ex -Extreme Noise Terror) e do infelizmente já falecido guitarrista Jesse Pintado (R.I.P. 2006) (ex-Brujeria, ex-Terrorizer, ex-Lock Up). A inclusão de sangue novo na banda proporcionou um novo direcionamento para a musicalidade criada por eles, uma fusão extrema e completamente intensa de Grindcore e Death Metal, resultando na concepção do excelente "Harmony Corruption" (1990). A banda já estava desenvolvendo composições com um tempo de duração superior e arranjos mais elaborados que a sonoridade primitiva e brutal dos dois primeiros e históricos trabalhos, "Scum" (1987) e "From Enslavement to Obliteration" (1988) e em 23 de junho de 1992, através do selo da gravadora Earache Records, os veteranos do Grindcore retornaram com mais um petardo digno de incontáveis elogios, "Utopia Banished", que nesse mês completou o seu 23° aniversário.

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Esse trabalho conta com uma capa bastante curiosa e rica em detalhes, concebida pelo guitarrista Rob Middleton (Deviated Instinct, ex-Spine Wrench). É importante mencionar que Middleton desenvolveu outras ilustrações para registros do Napalm Death, bem como de outras bandas, tais como as bandas na qual tocou e outras como Extreme Noise Terror e Gorefest, por exemplo. Além de ser o segundo álbum do grupo a contar com Mark "Barney" Greenway e Jesse Pintado, esse também é o primeiro trabalho dos ingleses a incluir o baterista californiano Danny Herrera, que substituiu Mick Harris, baterista responsável pela gravação dos álbuns anteriores. Produzido pelo experiente Colin Richardson (Bolt Thrower, Carcass, Brutal Truth, Sepultura e muitos outros), esse registro é certamente um dos mais extremos e violentos trabalhos já realizados pela banda, mesclando a sonoridade Grindcore dos dois primeiros álbuns com a sonoridade mais voltada para o Death Metal do disco anterior, "Harmony Corruption". O resultado é uma legítima hecatombe antimusical. Aliás, ouvindo o trabalho com atenção, nota-se que a banda manteve o mesmo padrão de estrutura para todas as composições, contudo, esse padrão em nada interfere na qualidade do disco, pois o que temos no conteúdo da obra é um Deathgrind de primeiríssima!

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A introdução "Discordance" marca o início do álbum e ajuda a criar toda uma atmosfera no ambiente. Em pouco mais de um minuto, temos a primeira pancadaria do disco, "I Abstain", que rasga os alto-falantes com "riffs" pesadíssimos e cadenciados, alternando para um ritmo mais acelerado com o passar da música. Palhetadas insanas, levadas frenéticas e brutais de bateria e o vocal maravilhosamente urrado de Mark "Barney" Greenway. Uma excelente forma de abrir o disco. Em seguida, é a vez da esmagadora "Dementia Acess", outro destaque dessa obra antimusical. Um grito do guitarrista Mitch Harris rasga os alto-falantes e abre espaço para uma sequência massacrante de "riffs" e levadas insanas de bateria, acompanhados por vocais destruidores. O "groove" próximo ao fim da música é de outro mundo. Intenso e totalmente devastador.

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Sem tempo para respirar, a banda emenda com "Christening of the Blind". Aqui temos uma levada ainda mais frenética de bateria e "blast beats" esmagadores, além de guitarras ainda mais agressivas e potentes, alternando para uma passagem mais cadenciada e "grooveada" na metade da música e logo em seguida retornando para o mesmo andamento feroz do começo da faixa. As guitarras de Jesse Pintado e Mitch Harris abrem a faixa que é o "carro chefe" do álbum, "The World Keeps Turning", a única faixa do álbum a possuir um videoclipe. A música possui um ritmo mais cadenciado que as anteriores, mas também alterna para um momento preenchido por "blast beats" violentíssimos de Danny Herrera. Certamente é a faixa que melhor representa esse registro. Dando continuidade ao registro, "Idiosyncratic" se inicia com truculentos "blast beats" e implode os alto-falantes com uma facilidade tremenda. Uma devastadora "cozinha" de baixo e bateria, aliada com "riffs" gritantes registram o começo de "Aryanisms" outro golpe certeiro que nocauteia o ouvinte sem misericórdia.

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"Cause and Effect (Part II)" é a oitava faixa desse trabalho e mantém a mesma estrutura das demais faixas do álbum, com seu andamento completamente insano. "Riffs" e mais "riffs" aniquiladores é o que se ouve aqui, além de "blast beasts" e levadas completamente brutais de bateria. A faixa encerra com um dos gritos rasgados do guitarrista Mitch Harris. O álbum prossegue de maneira formidavelmente selvagem com "Judicial Slime", mais uma pancadaria com mudanças nervosas de andamento. Destaque para um breve e histérico solo próximo ao fim da música. Quando o ouvinte imagina que terá algum descanso, uma nova série de faixas explosivas surge. "Distorting the Medium" e "Got Time to Kill" trazem os mesmos ingredientes das composições anteriores e é simplesmente incrível como a banda consegue executar tudo de forma entusiasmada, jamais soando maçante.

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Os urros de "Barney" Greenway e um grito rasgado de Mitch Harris abrem a décima segunda pancadaria do álbum, "Upward and Uninterested". Nossos ouvidos, já brutalmente abalados e judiados, são massacrados mais uma vez por um instrumental completamente agressivo e urros descontrolados. "Riffs" e "blast beats" mortais apresentam "Exile". E lá vamos nós de novo para mais um caos ininterrupto. Um curto "sample" serve de introdução para "Awake (To a Life of Misery)". O que temos aqui? Simplesmente mais um trabalho de uma banda que não perde a oportunidade de estourar os tímpanos dos ouvintes com mais uma paulada certeira. Encerrando o álbum, temos "Contemptuous", uma composição com elementos de Doom Metal e Industrial, elementos que proporcionam um clima soturno e bastante adequado para encerrar o álbum.

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"Utopia Banished" reserva alguns fatos curiosos para si também. Na época de lançamento, algumas cópias do álbum traziam um EP, "Malignant State", um vinil de 7" (sete polegadas) com algumas faixas extras. A versão em CD também possui essas faixas bônus em um CD separado de 3" (três polegadas). As faixas extras são "One and the Same", "Sick and Tired", "Malignant Trait" e "Killing with Kindness". Além disso, nesse trabalho, os músicos aparecem creditados da seguinte forma: Mark "Barney" Greenway (Vocular Armageddon), Shane Embury (Sub-end Vexation), Jesse Pintado (Dissonant Distorted Delirium No. 1), Mitch Harris (Dissonant Distorted Delirium No. 2) e Danny Herrera (Hyper Cans). Em poucas palavras, "Utopia Banished" é um daqueles álbuns que enche de orgulho o fã da banda e de Metal Extremo como um todo. Uma verdadeira coletânea de faixas descomunais e vis que não desapontam em momento algum.

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Escrito por David Torres

01. Discordance
02. I Abstain
03. Dementia Access
04. Christening of the Blind
05. The World Keeps Turning
06. Idiosyncratic
07. Aryanisms
08. Cause and Effect (Part II)
09. Judicial Slime
10. Distorting the Medium
11. Got Time to Kill
12. Upward and Uninterested
13. Exile
14. Awake (To a Life of Misery)
15. Contemptuous

Mark "Barney" Greenway (Vocal)
Jesse Pintado (Guitarra) (R.I.P. 2006)
Mitch Harris (Guitarra)
Shane Embury (Baixo)
Danny Herrera (Bateria)

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Sobre David Torres

Formado em Propaganda & Marketing, se autodenomina "Fanfarrão" graças ao seu senso de humor e modo de enxergar o mundo à sua volta. Apaixonado por filmes de terror, quadrinhos e bandas como D.R.I., Faith No More e Napalm Death, escreve também para o blog Blasting Noise Fanzine. Possui muitos sonhos, dentre eles dar início a um projeto de grindcore.
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