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Dead Fish: A vitória da banda foi permanecer de pé

Resenha - Vitória - Dead Fish

Por Felipe do Carmo Oliveira
Postado em 26 de junho de 2015

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Peço licença aos ideais do site referentes à música, até porque os bons sons também passam pelas oitavadas e letras recheadas de atitude do bom e velho hardcore. Por falar nele, há 25 anos na estrada e colecionando fãs de várias gerações, os capixabas do Dead Fish ressurgem ao cenário do rock underground brasileiro com seu novo e aguardado trabalho. O sétimo álbum de estúdio, intitulado de "Vitória", mesmo nome da capital onde a banda nasceu, enfim, foi disponibilizado, via internet, ao fanático público.

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Ao contrário das outras produções, nesta, os fãs demonstraram, em uma espécie de "vaquinha virtual", por crowdfunding (tipo de financiamento coletivo), que queriam ver o novo CD pronto e, se possível, rapidamente. Não foi bem isso que ocorreu na prática. Houve alguns entreveros, como atraso na entrega de pacotes e combos adquiridos pelos fãs que contribuíram. Falando neles, para a surpresa dos integrantes, as colaborações bateram recordes e o quarteto arrecadou quase R$ 200 mil.

Com 14 faixas inéditas, "Vitória" segue à risca o modo Dead Fish de fazer hardcore. No entanto, desta vez, sem o amparo de uma gravadora mas com a pegada de sempre: letras inteligentes, metafóricas, politizadas, com batidas rápidas e pulsantes, abordando temas que fogem e, sobretudo, desconstroem o senso comum, proporcionando ao ouvinte diferentes, e particulares, visões sobre os temas. Além disso, este novo trabalho consolida uma nova fase da banda, que passou por mais uma mudança em sua formação. Em 2013, após a saída de Phillipe Fargnoli, que permaneceu no grupo por 11 anos, Rodrigo Lima (vocal), juntamente com Alyand (baixo) e Marco Antônio (bateria), tiveram que "re-aprender a andar". Encontraram no jovem e promissor Ricardo Mastria, guitarrista do Sugar Kane, o perfil necessário para assumir os acordes velozes do Dead Fish e manter o pique frenético.

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Ouvindo o disco pela primeira vez, há um sentimento estranho perante as novas músicas: poucas semelhanças com canções antigas, embora isso soe meio estranho quando se trata desse estilo de música. Por outro lado, "Vitória", por si só, passa a imagem de uma fase diferente da banda. A impressão é que, após diversas mudanças e muitas turbulências, finalmente os caras conseguiram alcançar a satisfação pessoal. E ela se resume aos integrantes. Isso fica ainda mais nítido ao se ouvir a canção-tema, que ergue uma bandeira positivista em forma de desabafo contra alguns perrengues impostos pelas dificuldades da vida, independente do seguimento que você tenha dado a ela. "Permanecer de pé, de pé até o fim".

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Não sei se pelo fato de ter sido lançada antes do CD (a música foi disponibilizada no canal oficial da banda no Youtube), mas "912 passos" com certeza vai virar um novo hino, com seu refrão colante: "conto os passos pra ser racional".

Outras canções me chamaram a atenção, como "Sem Sinal" e "Gigante e Inseguro". A primeira faz uma analogia sobre os novos tempos em que estamos conectados 24h por dia, o que, necessariamente, não quer dizer que estejamos devidamente conectados a esse mundo veloz, porém raso e altamente superficial. Pode ser o contrário, já pensou? A segunda, traz uma visão diferente, criticando o que começamos a viver a partir de junho de 2013, com a ascensão meteórica de grupos conservadores, que tomaram as redes sociais exaltando discursos de ódio e vomitando intolerância e preconceito.

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Musicalmente falando, embora a essência seja a mesma, alguns sons são totalmente diferentes do que nos acostumamos. E isso é bom! Talvez seja por conta da bateria do Marcão, como em "Selfegofactóide", que está impecável, veloz e muito original. Ou, talvez, pelos arranjos da guitarra seca e criativa do Rick, como em "Kryptonita" que, por sua vez, também agradaram muito. Sobretudo ao frontman Rodrigo Lima, que se mostrou muito feliz com a postura e personalidade do novo membro. Até porque, para quem não sabe, o guitarrista teve pouco tempo para compor os acordes do novo álbum. A capacidade de assimilar aonde estava entrando chamou a atenção. Segundo Rodrigo, Rick matou a responsabilidade no peito e fez esse belo golaço de trampo.

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Outro fator que chama bastante a atenção é a força que a banda alcançou no cenário brasileiro do rock. Mesmo sendo, agora, totalmente underground, o Dead Fish "permanece de pé" sendo uma das principais bandas brasileiras, principalmente para o público da Internet. O poder do grupo nas redes sociais é gigantesco. Fora dela, os shows estão sempre abarrotados. E o mais legal disso tudo é o misto de público. Show do DF há sempre um encontro de gerações.

De primeira, como eu imaginava, o disco é extremamente satisfatório. Os caras sabem o que estão fazendo. Definitivamente, nasceram para isso. Somos eternamente gratos.

Se em "Contra Todos" gritávamos "Venceremos", em "Vitória" somos campeões!

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Cheers

Track-list

01. Selfegofactóide
02. Jogojogo
03. 912 Passos
04. Nous Sommes Les Paraibes
05. Sem Sinal
06. Lupita
07. Cara Violência
08. Obsoleto
09. Kryptonita
10. Vitória
11. Procrastinando
12. Sausalito
13. Gigante e Inseguro
14. Pontilhão


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