Circa Survive: Uma grata surpresa, mas poderia ter ido além
Resenha - Descensus - Circa Survive
Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 23 de dezembro de 2014
Nota: 8 ![]()
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O Circa Survive foi uma das bandas que eu acabei descobrindo por acaso este ano e acabou se mostrando uma grande surpresa e uma grata adição musical às bandas mais atuais do Rock moderno que eu escuto. Foi quando eu escutei primeiramente o álbum Violent Waves de 2012 e acabei sendo atraído pelo som da banda. Eu já havia falado sobre ele há pouco tempo na minha resenha do álbum. Também acabei indo atrás do material mais antigo do grupo e me surpreendi muito positivamente com o álbum Blue Sky Noise de 2010, ao qual recomendo a todos, talvez eu ainda venha a falar sobre ele de alguma forma.
De qualquer forma, Violent Waves por si só foi o bastante para me manter antenado à próxima empreitada do grupo, o álbum Descensus, lançado agora em 24 de Novembro. Então foi a conta de eu me deparar com o trailer do álbum no Youtube:
Apenas digo que se eu já estava aguardando com uma certa ansiedade o álbum chegar, este trailer me colocou de joelhos! O que viria após aquela bridge final do trailer de tão sensacional? Porque o trailer por si só já é sensacional! A pegada Rush, a batida e o andamento entrecortado característico das melhores bandas progressivas... e aquela capa doida, viajada, meu Deus, preciso checar isso urgente! Aguardei, chegou o dia, escutei e escutei e eis que declaro que Descensus é uma ótima surpresa do ano. Claro, não é um álbum perfeito, tem um ou outro momento que infelizmente destoa um pouco, mas na grande maioria a banda acertou e acertou bonito!
"Schema", cujo clipe pode ser conferido abaixo, é uma pancada progressiva digna das melhores que o Rush poderia fazer. A influência que o trio canadense exerce no som do grupo americano é clara e transparente, eu diria até na cara! Instrumental impecável e uma qualidade musical difícil de se ver, esta abertura do álbum é uma das minhas favoritas desde o começo, inclusive pela letra e por toda a ideia por trás da mensagem. Quem nunca se sentiu arrastando um fardo que outros deveriam estar arrastando? Quem nunca se sentiu tentando explicar algo para alguém que parece não corresponder com a idade física que tem? Quem nunca quis tentar argumentar, mas acabou tomando para si um fardo e até se fingir de desentendido para evitar complicações? Ou acabou ferido de alguma forma. Quem nunca?
"Child of the Desert" vem em seguida, mais um dos grandes destaques deste álbum, uma composição enérgica, também com fortíssimas influências de Rush e com passagens alucinantes e uma letra magnífica, falando, no meu entendimento sobre você ser o único em um ambiente inóspito procurando por algo, como uma sombra, mas nunca chegando a lugar nenhum; outros dizem que vão te ajudar mas é apenas para te dar algum tipo de conforto e você terá de enfrentar o ambiente inóspito por si mesmo e superar as adversidades.
Outro momento que achei bacana destacar é a faixa "Only the Sun", que usa um tema de auto-centro metafísico do próprio eu e onde esse eu pretende chegar, de certa forma combina com o videoclipe abaixo, totalmente centrado em metafísica transcedental (e que para alguns pode parecer apenas uma proteção de tela louca) que foi exibido no Youtube logo depois de lançarem o clipe da faixa de abertura, apesar de eu pessoalmente achar que o clipe ficou meio viajado demais, não que viajar seja ruim, mas além da conta, se acaba perdendo o foco de algumas coisas. Enfim, a música em si é ótima.
A belíssima canção "Nesting Dolls" também merece destaque aqui, com Anthony Green e sua banda mostrando o lado mais doce e sentimental, muito influenciado pelo Radiohead de seu som, uma belíssima composição, introspectiva e bastante intimista. Em "Quiet Down", a banda volta a acionar o modo Rush e nos entregar mais uma bela composição com um instrumental impecável, passagens muito interessantes como o refrão e uma letra sobre mudanças e adaptações, transformações e auto-conhecimento.
Em "Phantom" temos uma completa mudança de andamento do álbum, eu diria até brusca demais; interessante, não me levem a mal, mas brusca, até meio deslocada. É uma música bonita, com uma levada bem jazzística, mostrando uma versatilidade bastante incomum e inusitada, gosto muito dela, mas acho que caberia melhor no final do álbum ou em um contexto diferente. Enfim, uma composição que, apesar de estar meio fora de contexto, mostra como o grupo pode navegar com facilidade por estilos diferentes e se reinventar.
"Descensus", a faixa longa de quase 9 minutos que fecha o disco é uma faixa OK, interessante em muitas passagens, mas poderia ser um pouco menor, dos 2:41 aos 5:00 minutos ela começa a ficar muito arrastada, você se pega pensando "caramba cara, passa pra frente, vamos!"; eu cortaria um pouco desse miolo que, na minha opinião ficou desnecessariamente longo; sem falar que ela termina seca, simplesmente pára, algo que também não achei legal. Começa bem, mas se perde do meio para o fim. E já que entramos nos problemas do disco de vez, "Always Begin" e "Sovereign Circle" eu achei faixas OK, que não comprometem, mas têm aquela cara de faixas fillers, pra fazer volume no disco, apesar de terem algumas passagens interessantes. Ficou claro pra mim que a banda tenta aqui recapturar alguns momentos de álbuns passados como o On Letting Go, mas neste álbum de 2007 o trabalho musical é bem mais elaborado. Por fim, a curta "Who Will Lie With Me Now" achei uma bridge completamente deslocada e desnecessária, poderia ser tirada do álbum sem comprometer o resulado final, honestamente, não sei o que essa faixa está fazendo no disco, pois nada acrescenta.
De forma geral, o Circa Survive não entregou aquele disco espetacular que eu estava esperando, portanto eu considero Descensus um disco bom, uma grata surpresa, sem dúvidas, acima da média, mas que poderia ter ido um pouco além. Mas tudo bem, não se pode ser brilhante o tempo todo, pelo histórico da banda que conferi após conhecê-la, considero o grupo um dos meus favoritos da atualidade e continuarei, sem dúvidas a aguardar seu próximo lançamento. Recomendo Descensus principalmente para os fãs da banda, mas para o ouvinte iniciante, vá atrás de Blue Sky Noise e Violent Waves, dois discos do grupo que achei sensacionais do início ao fim.
Descensus (2014)
(Circa Survive)
Tracklist:
01. Schema
02. Child of the Desert
03. Always Begin
04. Who Will Lie with Me Now
05. Only the Sun
06. Nesting Dolls
07. Quiet Down
08. Phantom
09. Sovereign Circle
10. Descensus
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Discografia anterior:
- Violent Waves (2012)
- Blue Sky Noise (2010)
- On Letting Go (2007)
- Juturna (2005)
Site oficial:
http://www.circasurvive.com
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