Spaghetti Incident: O disco "esquecido" do Guns N' Roses
Resenha - Guns N' Roses - Spaghetti Incident
Por Igor Hidalgo
Postado em 18 de março de 2014
Na contracapa do disco The Spaghetti Incident?, uma frase simbólica: "A great song can be found anywhere. Do yourself a favor and go find the originals" ("Uma grande canção pode ser encontrada em qualquer lugar. Faça um favor e encontre os originais"). O próprio Axl Rose já deixa claro que nada é tão bom quanto as versões originais de músicas rock n’ roll e punk. Palavras do frontman que tinha conseguido a proeza de dar uma roupagem pra lá de especial a grandes ‘petardos’ como "Live And Let Die" (PAUL MCCARNEY) e "Knocking On’ Heaven’s Door" (BOB DYLAN).
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É compreensível que a imensa maioria dos fãs do GUNS N’ ROSES acabe lembrando apenas de Appetite for Destruction ou dos dois discos Use Your Illusion, mas não se pode subestimar o disco Spaguetti Incident, que em 2013 completou 20 anos de lançamento. Trata-se de um registro histórico e emblemático, que retratou os caminhos distintos dos então membros do grupo, que tentavam sobreviver às agruras da fama mundial e do ego cada vez maior de seus integrantes.
Para se compreender melhor o contexto em que Spaghetti foi lançado, basta lembrar que em 1993 o movimento ‘grunge’ estava no auge e deixara o hard rock em segundo plano. Ao mesmo tempo iniciava um novo e tímido levante punk, com bandas como GREEN DAY e OFFSPRING. Quem conviveu de perto com Axl Rose e sua trupe garante que o disco contendo as covers de músicas punk era para ter sido lançado antes dos Illusions (em 1991), mas acabou postergado e saiu justamente em um período de desunião absoluta do GN’R.
Críticos musicais apontam que um fator essencial para prejudicar a aceitação do álbum foi a idade dos fãs, novos demais na época para se recordarem das versões originais das músicas contidas em Spaghetti – são músicas datadas de anos como 1958, 1973, 74, 75, 77 e 78, por exemplo. Sob este prisma, entende-se que a jovial galera embalada pela popularidade do GUNS não tinha, na ocasião, bagagem musical suficiente para apoiar a pegada ‘old school’ do álbum.
Houve também outros motivos para a baixa vendagem do álbum, como a não realização de uma turnê para promover o mesmo, sem falar que a maioria dos integrantes da banda estavam envolvidos em projetos paralelos. Apenas três singles foram lançados, sendo duas versões para rádios. Enfim, há todo um quadro desfavorável e que fez sucumbir o experimento musical gunner.
Na opinião do jornalista inglês Paul Stenning, que escreveu livros sobre grandes bandas da história do rock como AC/DC, METALLICA, IRON MAIDEN e o próprio GUNS N’ ROSES, "foi uma vergonha o Spaguetti Incident ter se tornado um álbum tão negligenciado no catálogo do GN’R". É o típico registro musical que a passagem do tempo deveria trazer o reconhecimento devido, mas não é o que ocorreu – pelo menos até os dias atuais.
VOLTA ÀS RAÍZES?
Podia até mesmo soar irônico o fato do GUNS voltar às suas raízes, deixando de lado orquestras e backing vocals femininos – da turnê dos Illusions – para se concentrar mais em guitarra, baixo, bateria e vocal. Stenning analisa que parte dos fãs não curtiu o trabalho em estúdio feito com os dois músicos que substituíram o baterista Steven Adler e o (seminal) guitarrista-base e cofundador da banda, Izzy Stradlin: Matt Sorum e Gilby Clarke.
Parodiando o título da biografia completa não autorizada lançada por Stenning ("A Banda Que O Tempo Esqueceu"), Spaghetti Incident parece ser o ‘disco que o tempo esqueceu’. Talvez por refletir a desunião e o quanto surreal se tornara o GUNS N’ ROSES, tanto que seria o último registro completo conjunto em estúdio de Axl Rose, Slash e Duff McKagan, que comandavam a banda em seu período mais conturbado. Havia muita discordância entre os diversos pontos de vista e o álbum-tributo acabou sendo mais cômodo de lançar por não envolver disputas por composição e direitos autorais em músicas.
"Since I Don’t Have You", do grupo THE SKYLINERS, abre o disco com uma pegada leve e descontraída. É a que alcançou maior sucesso comercial, incluindo a produção de um clipe até bem-sucedido. O baixista Duff ‘King Of Beers’ McKagan evidencia as raízes punk com "New Rose" (THE DAMNED) e "Attitude" (THE MISFITS). Muito boas! "Down On The Farm", da banda THE UK SUBS, ganhou uma excelente versão e foi uma das poucas tocadas ao vivo.
Outra arrebatadora é "Hair Of The Dog", do grupo NAZARETH, contando com a formação completa do GUNS N’ ROSES na época – W. Axl Rose, Slash, Gilby Clarke, Duff McKagan, Matt Sorum e Dizzy Reed. Já "Black Leather", dos SEX PISTOLS, foi elevada a outro nível pelas mãos de Axl e companhia. Mas além da polêmica "Look at Your Game Girl", do assassino Charles Manson (escondida ao final do disco), outras canções regravadas não foram tão dignas de nota assim. Enfim, no geral é um excelente registro, apesar do ecletismo excessivo.
Ao mesmo tempo em que ocorreram as baixas vendas do álbum Spaguetti se deu a pior época na vida pessoal de Rose, que era processado por ex-mulheres. Tudo isso culminou no período da separação definitiva de alguns dos principais membros originais (Axl, Slash e Duff), que poderiam ter levado adiante a banda caso tivessem sobrevivido a essa tormenta. O restante da história os fãs já conhecem...
Igor Hidalgo, 30, é jornalista e mora em Nova Odessa/SP (região de Campinas)
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