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Tony Iommi: O CD solo de 2005 do guitarrista do Sabbath

Resenha - Fused - Tony Iommi

Por João Paulo Linhares Gonçalves
Postado em 04 de outubro de 2012

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Vou falar sobre um disco pouco conhecido da carreira solo de Tony Iommi: "Fused", de 2005. Apesar de ser considerado um disco solo de Iommi, ele conta com os vocais de Glenn Hughes do início ao fim, dando um sabor especial ao álbum.

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A parceria entre Tony Iommi e Glenn Hughes não começou neste álbum de 2005. Ela começou em 1986, no álbum que estava programado para ser o primeiro de sua carreira solo (o primeiro disco da carreira solo de Iommi só acabaria acontecendo em 2000), mas acabou se tornando mais um álbum do Black Sabbath: estamos falando de "Seventh Star", que trouxe na capa os dizeres "Black Sabbath Featuring Tony Iommi". Apesar da grande qualidade deste álbum que acabou se tornando mais um da fantástica discografia do Sabbath, a parceria foi interrompida precocemente, graças ao vício em drogas de Hughes, que estava insuportável nesta época e acabou prejudicando a turnê de divulgação do disco - Hughes cumpriu apenas algumas poucas datas e teve que ser substituído. Iommi acabou escolhendo outro vocalista para terminar a turnê e gravar o disco seguinte - o escolhido foi Ray Gillen, mas esta é outra história...

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O Black Sabbath seguiu sua carreira (com muitas mudanças de membros), Glenn Hughes lutou contra o seu vício e acabou recuperando sua carreira no começo dos anos 90, e Iommi e Hughes se reencontrariam em 1996, lançando mais um álbum em parceria. Na verdade, o disco só foi oficialmente lançado em 2004, mas circulou entre os fãs como um disco pirata conhecido como "Eighth Star", um álbum que se tornou tão conhecido na cena heavy metal que acabou levando Tony Iommi a lança-lo oficialmente com o nome "The 1996 DEP Sessions". Iommi cita na sua biografia que a ideia das sessões de estúdio não era gravar um álbum, apenas reativar a antiga parceria e amizade com Hughes - na época, Iommi estava para excursionar com Ozzy e Geezer no embrião que acabou gerando a reunião do Black Sabbath em 1997. Outro fato que Iommi cita em sua biografia é a substituição do baterista: originalmente, em 1996, Dave Holland gravou a bateria nas sessões; em 2004, quando surgiu a ideia de lançar oficialmente o registro, já se tinha notícia da prisão de Holland por molestar menores (ele dava aula de bateria para estes menores...), e Iommi não quis se associar a este escândalo - o substituto foi Jimmy Copley, que Iommi conhecia por ter tocado com Paul Rodgers.

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No final de 2004, Tony Iommi iniciou os trabalhos no seu segundo álbum solo (o primeiro, lançado em 2000, é aquele com diversos convidados). Segundo sua biografia, Iommi tentou inicialmente trabalhar com o vocalista Jorn Lande, do Masterplan, mas a agenda de Glenn Hughes ficou livre e ele ganhou a preferência de Iommi, fazendo com que os dois músicos voltassem a trabalhar juntos novamente. A dupla escolheu Bob Marlette para produzir o álbum (Bob já tinha produzido o álbum ao vivo "Reunion", do Black Sabbath e o disco solo anterior de Iommi, além de alguns discos de Alice Cooper) e Kenny Aronoff para as baterias - Kenny já tinha trabalhado com Tony Iommi no seu disco solo anterior (Kenny tocou com o Chickenfoot, substituindo Chad Smith enquanto este estava em turnê com o Red Hot Chili Peppers). Este foi o time que gravou o álbum, nos estúdios Monnow Valley, em Monmouth, no País de Gales.

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O álbum abre com "Dopamine" e seu riff rasgante no melhor estilo Tony Iommi, com um belo refrão que Glenn Hughes canta perfeitamente, em um casamento harmonioso de estilo de guitarra e vocais. Bela abertura para o disco! A seguir, temos "Wasted Again", e vou parar aqui de falar dos riffs deste álbum: estamos falando de um álbum de Tony Iommi, então todos os riffs serão marcantes, cortantes, pesadíssimos. Hughes consegue se superar cantando esta canção, tornando ela um dos destaques do disco. "Saviour Of The Real" começa com um ritmo mais marcante, um riff não tão pesado, e a canção segue neste padrão; a partir do solo, a música cresce e o mesmo riff parece ganhar uma dimensão maior. Praticamente uma continuação da música anterior, com começo lento, "Resolution Song" é uma daquelas canções que os roqueiros dos anos 70 adoram compor, com trechos calmos e trechos pesados, o que eles chamam de "Luz e Sombra". Aqui, Iommi coloca um riff de um milhão de toneladas e torna a canção candidata a clássico do heavy metal; Hughes pega o sentido da coisa e canta lá do fundo da alma, tornando a canção uma das melhores do disco.

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"Grace" começa no mesmo nível da canção anterior, com um riff pesadíssimo. O vocal de Glenn Hughes ganha muito efeito, o que não me agradou muito. Bom que é em apenas pequenos trechos da música. A força do refrão aumenta muito a qualidade da canção. E lá vem aqueles trechos lentinhos, dedilhados, típicos do heavy metal. Ele é pequenino, e rapidamente entra outro riff cortante de Iommi, sensacional. Em termos de composição de riffs, Tony Iommi está a anos-luz de qualquer outro guitarrista, impressionante. "Deep Inside A Shell" é mais contida, sem ser tão lentinha, talvez a mais fraca (de menor qualidade, pois não é uma canção ruim) do disco, apesar do bom solo. O riff de "What You're Living For" parece ter saído de algum disco com Ozzy, tipo "Volume 4" ou "Sabbath Bloody Sabbath", tamanha a sua qualidade e potência. No meio da música, temos uma quebrada de ritmo que casa muito bem, fazendo desta canção outra candidata a clássico. O vocal de Hughes acompanha e faz bonito, em outro grande destaque deste excelente álbum.

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"Face Your Fear" é mais do mesmo neste grande disco, mas nem por isso deixa de ser uma boa faixa: riff forte, vocal marcante de Hughes e tudo o mais. "The Spell" parece ter saído do "Mob Rules", bem arrastada e pesada, como algumas canções daquele fantástico álbum com Dio. Excelente canção, outro destaque, e pra fechar com chave de ouro este grande disco, temos "I Go Insane", e eu fico maluco mesmo, com a qualidade desta que é a canção mais longa do álbum (mais de nove minutos). Ela começa bem lentinha, quase um blues com um solinho de Iommi bem choroso. Glenn canta cheio de sentimento, e vai num crescendo com seu pré-refrão até chegar ao belíssimo refrão. Mais uma estrofe, refrão e tudo o mais, e a música começa a se transformar, vai acelerando até que um riff supersônico entra e termina a transformação. Outro riff ainda mais potente aumenta a pulsação e a qualidade da canção. Uma faixa épica belíssima para encerrar brilhantemente este grandioso álbum.

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O álbum foi lançado em julho de 2005, e Iommi cita em sua biografia que apenas uma turnê promocional foi feita, nenhum show ao vivo - o mestre dos riffs estava em turnê com o Black Sabbath, no festival itinerante OzzFest. Uma pena, a formação que gravou me parece excelente e seria muito interessante vê-los ao vivo, interpretando o fantástico material que eles tinham, fora um ou outro clássico do Black Sabbath. Quem sabe, no futuro, estes dois monstros do heavy metal não voltam a trabalhar juntos e a gente tem a chance de conferir estas canções ao vivo? Fica a esperança...

Relação das músicas do álbum:
1 - "Dopamine"
2 - "Wasted Again"
3 - "Saviour Of The Real"
4 - "Resolution Song"
5 - "Grace"
6 - "Deep Inside A Shell"
7 - "What You're Living For"
8 - "Face Your Fear"
9 - "The Spell"
10 - "I Go Insane"

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Alguns vídeos:
"Dopamine":
http://www.youtube.com/watch?v=hx1GDCKIjxM

"Resolution Song":
http://www.youtube.com/watch?v=c2WqFByYp1k

"What You're Living For":
http://www.youtube.com/watch?v=R0yNrubJP34

"I Go Insane":
http://www.youtube.com/watch?v=gY3q_VIJBFY

Curta esta e outras resenhas de grandes álbuns de rock e heavy metal no blog Ripando a História do Rock: http://ripandohistoriarock.blogspot.com.br/

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Até a próxima, com muito heavy metal!!


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Sobre João Paulo Linhares Gonçalves

Roqueiro convicto, de carteirinha, desde os treze anos de idade. Já tive diversas bandas preferidas: de Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath a The Who, Pink Floyd e Rolling Stones. O heavy metal sempre me atraiu muito, mas o rock praticado nos anos 60 e 70 é fascinante e estou sempre escutando. De vez em quando, dou chance ao punk, rock alternativo, blues, até ao jazz e MPB, pra variar.
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