Aborted: Global Flatline é o apocalipse feito música
Resenha - Global Flatline - Aborted
Por Marcos Garcia
Postado em 12 de fevereiro de 2012
Nota: 9
Não é de hoje que o Death Metal mais tradicional busca soluções para não se estagnar e ficar datado, e a saída é dada por cada banda de forma diferente, umas colocando mais técnica, mas sem no entanto perder a essência do estilo, e outras abrindo novas possibilidades sonoras. Ou seja, há música para cada gosto, sem a necessidade das pessoas se engajarem por nada em discussões cada vez mais sem sentido.
E atestando que é possível dentro do Death Metal fazer um trabalho bem bruto, agressivo, ríspido, mas com ótima técnica e certas melodias, bem gravado e disposto a manter os pés fincados em suas raízes vemos o novo dos belgas do ABORTED que acaba de sair do forno, o apocalipse feito música ‘Global Flatline’.
Visualmente, quem vê a capa pode pensar que vem tosqueira sonora por aí, já que não é incomum associarem a banda ao rótulo ‘splatter’ (particularmente, odeio rótulos, mas vá lá...) por suas letras, mas quando se coloca o CD para rolar, a sonoridade está muito limpa e bem trabalhada (em um ótimo trabalho de Jacob Hansen) é aquele Death Metal com elementos de Grindcore aqui e ali que todo fã da banda conhece, firme e conciso em todas as faixas do CD. Ou seja, tome pancada seca em um festival de urros e berros com guitarras em bases arrasadoras e solos bem estruturados, baixo presente e nem sempre só na marcação e bateria extremamente bem trabalhada, e a música da banda digna de ser ouvida a pleno volume durante o carnaval e outras festas populares onde abusam do direito de enfiar o que não gostamos sonoramente nossas goelas abaixo.
Os destaques do CD podem ser vistos em faixas como a peso-pesado ‘Global Flatline’, com belas guitarras e bumbos acelerados, cheia de variações de andamentos e solos insanos e melodiosos (pois não é aquela velha estória de ‘estupros das seis cordas’, pois Mike e Eram tocam muito bem e possuem ótimo entrosamento); ‘Источник Болезни (The Origin of Disease)’, um massacre em alta velocidade e onde a rispidez chega a saltar os olhos, com o baixo de J.B. Van Der Wal (mais um pouco e teria nome de um célebre cientista, o físico Johannes Diderik van der Waals) e traz a participação de Julien Truchan (vocalista do BENIGHTED); a empolgante ‘Coronary Reconstruction’, que chega a ter alguns leves toques jazzísticos no baixo, e a voz de ‘Svencho’ mostra ter bastante amplitude, indo de urros e berros guturais mais normais aos gritos rascantes e alguns momento indo ao ‘porco’ utilizado nos dias de hoje; a rapidinha ‘Fecal Forgery’, mas bem variada, graças à bateria de Ken, mostrando trabalho; ‘Vermicular, Obscene, Obese’, outra faixa bem amassa-crânios, com a participação de Trevor Strnad (do THE BLACK DALIA MURDER); ‘Expurgation Euphoria’, bem cadenciada e pesadamente azeda, sendo um dos pontos mais altos de todo CD; a ótima ‘The Kallinger Theory’, onde as mudanças de andamento dão uma tônica especial ao trabalho deles; ‘Our Father, Who Art of Feces’, bem feita e bruta, e mais uma vez o baixo mostra sua competência, e mais uma participação especial é vista, desta vez com o vocalista do grupo de Grindcore ROTTEN SOUND, Keijo Niinimaa; e ‘Grime’, linda e com um belo dueto de guitarras (esses dois abusam!), e Jason Netherton, do MISEY INDEX, dá uma forcinha nos vocais, e na apocalíptica ‘Endstille’, outra faixa bem arrastada e que destoa do resto do CD, mas que é maravilhosa, e encerra com um discurso bem conhecido, na voz de Robert Oppenheimer, que para quem não sabe, foi o físico e cientista-chefe do Projeto Manhattan e pai de Little Boy, a primeira bomba atômica, que varreu Hiroshima do mapa em 06 de Agosto de 1945.
Um CD muito recomendado aos fãs de Metal mais extremo sem medo, e que alguns mais ortodoxos de vertentes mais melodiosas podem vir a gostar, se puderem deixar a mania de rótulos de lado.
Em tempo: a versão digipack ainda tem duas músicas a mais em ‘Eructations of Carnal Artistry’, e ‘Nailed Through Her Cunt’.
Tracklist:
01. Omega Mortis
02. Global Flatline
03. Источник Болезни (The Origin of Disease)
04. Coronary Reconstruction
05. Fecal Forgery
06. Of Scabs and Boils
07. Vermicular, Obscene, Obese
08. Expurgation Euphoria
09. From a Tepid Whiff
10. The Kallinger Theory
11. Our Father, Who Art of Feces
12. Grime
13. Endstille
Formação:
Sven ‘Svencho’ de Caluwé – Vocais
Eran Segal – Guitarras
Mike Wilson – Guitarras
Ken Bedene – Bateria
J.B. Van Der Wal – Baixo
Julien Truchan – Vocais na faixa 3
Trevor Strnad – Vocais na faixa 7
Keijo Niinimaa – Vocais na faixa 11
Jason Netherton – Vocais na faixa 12
Contatos
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