Marcio Tucunduva: rock, blues e música brasileira
Resenha - Antimoderno - Marcio Tucunduva
Por Ricardo Seelig
Postado em 09 de setembro de 2010
Nota: 7
"Antimoderno" é o segundo disco do guitarrista, vocalista e compositor Marcio Tucunduva, e sucede sua estreia, "Etanoise", lançada em 2003. Gravado em São Paulo em 2009, Antimoderno traz Tucunduva acompanhado de um line-up de primeira linha. Ao seu lado estão o também guitarrista Marcos Ottaviano, um dos melhores músicos de blues do Brasil; o baixista Andrei Ivanovic, ex-O Terço; e Mário Fabre, que recentemente assumiu o posto de Charles Gavin na bateria dos Titãs.
Em seu segundo trabalho, Marcio Tucunduva une, com grande talento e precisão, elementos do rock, do blues e da música brasileira em uma sonoridade cativante. A faixa-título abre o CD jogando Jimi Hendrix, Luiz Gonzaga e Raul Seixas em um mesmo caldeirão. "No Meio do Caminho" tem um certo toque de Jorge Ben e Mundo Livre, e conta com um ótimo solo.
As guitarras brilham novamente em "Entre a Cana e o Tédio", dona de um grande riff. "Que Sabe a Cabra?" utiliza um trecho da letra da clássica "Cotidiano", de Chico Buarque, como ponto de partida para uma das melhores faixas do disco.
"Salada Mista" desce redondo, e é, provavelmente, a melhor faixa do play. Já "Olha Quanta Coisa" é mais viajante e arrastada, e, ao lado de "A Amizade é a Mesma", forma uma dupla de composições mais densas, onde a banda mostra toda a sua classe. Destaque para o solo de guitarra de "A Amizade é a Mesma", com um ótimo slide. O disco fecha com um trio de boas canções - "Parafuso Horário", "Caixa-Forte" e "Soladeira" -, deixando um gostinho de quero mais no ouvinte.
Percebe-se durante todo o álbum uma grande influência de Raul Seixas, nem tanto na parte musical, mas principalmente nas letras. A explicação é simples: Tucunduva era vizinho de Raul, e, aos 13 anos de idade, bateu na porta do baiano e iniciou uma amizade com o lendário rockeiro. Raul deu aulas de violão para o moleque e chegou a gravar fitas caseiras com Marcio.
O álbum foi produzido pelo próprio Tucunduva em parceria com Marcos Ottaviano. Também participaram do processo de gravação o guitarrista e produtor Alexandre Fontanetti e o lendário engenheiro de som Roy Cicala, que assinou alguns discos de John Lennon durante os anos setenta. O CD foi lançado em formato envelope pelo selo Etanoise, do próprio artista. A ficha técnica e as letras estão disponíveis no site do guitarrista, onde também é possível ouvir o disco na íntegra, bem como seu antecessor.
"Antimoderno" é um ótimo exemplo para quem vive reclamando da mesmice e falta de criatividade do rock brasileiro atual. Um disco muito bom, de um artista com grande talento e que tem um futuro promissor pela frente. Se você não se contenta com o que as rádios e a TV vendem para todo mundo, mexa-se e descubra que existem grandes artistas, como Marcio Tucunduva, fazendo música de qualidade Brasil afora.
Faixas:
1. Antimoderno
2. No Meio do Caminho
3. Entre a Cana e o Tédio
4. Que Sabe a Cabra?
5. Salada Mista
6. Olha Quanta Coisa
7. A Amizade é a Mesma
8. Parafuso Horário
9. Caixa-Forte
10. Soladeira
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