Sinner: mais heavy metal que hard rock
Resenha - Mask Of Sanity - Sinner
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 23 de junho de 2007
Nota: 7
Desde que comecei a trabalhar na cobertura do mercado musical (e mais especificamente das diferentes vertentes do rock pesado), uma coisa que muito me intriga é a dinâmica dos trabalhos-solo. Para mim, pelo menos conceitualmente, o que leva um músico a gravar um disco de maneira solitária é a possibilidade de explorar sonoridades e conceitos que, a princípio, não se enquadrariam em qualquer material de sua banda original. Pensando desta forma, como explicar o recente "Mask of Sanity", álbum da banda Sinner – que nada mais é do que o projeto solo de Mat Sinner, baixista (e poderoso chefão) dos alemães do Primal Fear? A imprensa especializada andou dizendo por aí que se tratava de um "retorno às raízes", de um disco mais calcado no hard rock do que no heavy metal. E eu ainda estou tentando encontrar estas tais "raízes". Pois tudo que ouvi foi um disco que é pelo menos 85% absolutamente adequado ao repertório do próprio Primal Fear – ou seja, muito mais heavy metal do que hard rock.
A faixa inicial, "The Other Side", até engana – tem um refrão pegajoso, uma dupla de guitarras cantantes..."Can’t Stand The Heat" e "Revenge", por outro lado, já são mais hard ‘n’ metal, caminhando na linha fina entre os dois gêneros. No entanto, ambas já deixam no ar aquela sensação de familiaridade. "Isso me lembra algo", pode pensar você, exatamente como eu pensei.
Mas quando começa "The Diary of Evil", composição feita em parceria com o produtor superstar e guitarrista Roy Z, é que o negócio complica. A canção é excelente, não me entenda mal. É até uma das melhores do álbum, aliás. Mas não tem nada de hard rock, Mat Sinner que me desculpe. É uma canção daquele tipo metalzão tradicional mesmo, encorpada e com uma cozinha que se adapta muito mais ao estilo de voz pesada, ríspida e rasgada de Sinner. Mas que poderia, sem qualquer problema, conter o vozeirão a la "Judas Priest" do grandalhão Ralph Scheepers, do Primal Fear. E a sensação se repete diversas vezes até o final da audição.
Quando as vozes de Andy B Franck (Symphorce, Brainstorm) e do próprio Ralph ficam nítidas nos backing vocals – como, por exemplo, na mais do que competente "Thunder Roar" – aí é que os paralelos com o PF ficam mais evidentes. O tom sóbrio e sombrio de "The Sign" candidatariam a música imediatamente para integrar o setlist do igualmente soturno e demoníaco "Seven Seals" (na minha opinião, o melhor momento da discografia do Primal Fear, mas estamos falando de outro assunto). E a gente fica se perguntando: por que cargas d’água, então, Sinner não adaptou boa parte destas composições para o próprio Primal Fear, já que elas soam tão adequadas para este propósito?
A faixa bônus é uma releitura de "Baby Please Don’t Go", dos irlandeses do Thin Lizzy. O duelo dos guitarristas do Sinner com o músico convidado Martin Grimm (Mystic Prophecy, Headstone Epitaph) dão um tom ainda mais "metálico" para a música – em especial para quem já ouviu a versão de Phil Lynott – e reforçando o argumento extensamente exposto acima.
"Mask of Sanity" não chega a ser um disco ruim. Mas simplesmente não surpreende quem já conhece o trabalho de Mat Sinner de outros carnavais.
Line-up:
Mat Sinner - Vocal/Baixo
Christof Leimn - Guitarra
Tom Naumann - Guitarra
Klaus Sperling - Bateria
Frank Roessler - Teclado
Tracklist:
1. Other Side
2. Diary Of Evil
3. Badlands
4. Black
5. Thunder Roar
6. Sign
7. Revenge
8. Under The Gun
9. Cant Stand The Heat
10. No Return
11. Last Man Standing
12. Baby Please Don’t Go (Faixa Bônus)
Gravadora:
Hellion Records
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