Review: Live By The Fist, hardcore de verdade
Resenha - No End In Sight - Live By The Fist
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 15 de fevereiro de 2007
Nota: 8
Nos últimos anos, a imprensa musical brazuca acabou sendo contaminada pelo conceito de que "hardcore" seriam as babas românticas de três acordes propagadas por bandas como CPM 22, Hateen, NXZero e até – pasmem – Charlie Brown Jr. e Detonautas. Tsc, tsc. Se este acabou sendo o seu caso (e eu espero que não, já que você está acessando o Whiplash...), recomendo urgentemente uma audição prolongada desta verdadeira pancada que atende pelo nome de "No End in Sight", o primeiro disco full dos santistas do Live By The Fist. Prepare-se para um som pesado, raivoso, brutal, visceral e sem concessões, em dez faixas rápidas, sujas e mortais.
Formado em 2002 e com claras inspirações na sonoridade de grupos como o Path Of Resistance e o Madball, o grupo surpreende já pela formação – que traz nada menos do que três vocalistas e dois guitarristas, saindo do feijão com arroz de "vocal/guitarra/baixo/bateria". Colocar o CD dos sujeitos para rodar significa um hardcore de pura violência e fúria, de vocais gritados e quase guturais e que chega a flertar sem problemas com a igual virulência do thrash metal. Músicas curtas (com cerca de 2 minutos), sem refrões fáceis, absolutamente empolgantes – experimente ficar parado em "Set What Won’t Fail", uma das melhores da bolacha – e letras com uma bem-vinda mensagem politizada.
Antes de mais nada, é necessário dizer que os caras fazem parte do movimento "straight edge" – e para este termo, com o qual nem todo mundo está acostumado, cabe uma pequena definição vinda diretamente da Wikipédia: "Straight Edge (abreviado para sXe ou SxE) é um modo de vida associado a música Punk/Hardcore. Ele defende a total e perene abstinência em relação ao tabaco, álcool e às chamadas drogas ilícitas. Algumas pessoas tendem a associá-lo à vida sexual regrada, sem promiscuidade, mas isto não faz parte do foco inicial. (...) Embora os straight-edgers ou ‘edge kids’ não se identifiquem com uma visão de mundo particular nos pontos de vistas sociais ou políticos, muitos deles estão associados a preceitos como o anarquismo, vegetarianismo/veganismo, socialismo, sustentabilidade e movimentos ecológicos. Em correntes minoritárias, ideologias conservadoras e religiosas e pontos de vista de extrema direita também estão presentes, ainda que a maior parte dos Straight Edgers sinta profunda aversão a elas e ao preconceito de maneira geral, seja racial, nacional, sexual, etc."
Já deu para entender, portanto, que assuntos como "dor de cotovelo", "tristezas da adolescência" ou "mamãe, sou um rebelde sem causa" estão proibidos por aqui, não? As letras do Live By The Fist tratam de força de vontade ("Take It To Another Level"), união ("Above"), preconceito e ignorância ("Mindkiller"), responsabilidade ("The Blame") e fé ("Lost Forever"). Destaque para a ecológica "Experience The Terror", mais atual do que nunca ao tratar do tema do esgotamento dos recursos naturais e do aquecimento global.
Experimente. Som sem frescuras, sem mistérios, sem disfarces. Tudo é puro e simples, mas com muita personalidade. O tipo de selvageria que você precisa para esmurrar um saco de areia enquanto desconta todas as frustrações de um dia irritante no trabalho. Funciona que é uma beleza, pode botar uma fé.
Line-Up:
Limão – Vocal
Sandro – Vocal
Thiago – Vocal
Fábio – Guitarra
Filype – Guitarra
Leonardo – Baixo
Fausto – Bateria
Tracklist:
01. Live Free
02. New End
03. Set What Won’t Fail
04. Experience The Terror
05. Lost Forever
06. Symbolic Trophies
07. The Blame
08. Take It To Another Level
09. Above
10. Mindkiller
Gravadora:
Caustic Records
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