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Da infância à fama, um breve histórico de James Hetfield, vocalista do Metallica

Por Mateus Ribeiro
Postado em 02 de agosto de 2023

Nascido dia 3 de agosto de 1963, o músico californiano James Alan Hetfield é um dos maiores ícones da indústria musical. Conhecido por ser guitarrista, vocalista, compositor e membro fundador do Metallica, James fez história não apenas no Thrash Metal, mas também no Heavy Metal.

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Foto: Mick Hutson
Foto: Mick Hutson

Em atividade desde 1981, James Hetfield escreveu discos inesquecíveis, que mudaram a vida de muitas pessoas. Não é exagero algum afirmar que o talentoso frontman do Metallica figura entre os nomes mais influentes do Heavy Metal.

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Embora seja um dos profissionais mais bem-sucedidos do ramo artístico, James Hetfield passou por altos e baixos ao longo de sua existência. Para saber um pouco mais sobre este gigante da música pesada, confira a matéria especial elaborada por Mateus Ribeiro, que aborda a vida do vocalista do Metallica, desde a infância até a fama internacional.

A complicada infância de James Hetfield

James era filho de Virgil Hetfield e Cynthia Hetfield, respectivamente, um motorista de caminhão veterano da Segunda Guerra Mundial e uma cantora de ópera. Ambos eram seguidores da Ciência Cristã, o que afetou a vida escolar de James, que não podia participar de determinadas aulas.

"Nossos pais não nos levaram ao médico. Estávamos basicamente contando com o poder espiritual da religião para nos curar ou nos proteger de ficarmos doentes ou feridos. Na escola eu não podia assistir aula de saúde, aprender sobre o corpo, aprender sobre doenças e coisas assim. E, digamos, se eu tentasse entrar no time de futebol e tivesse que fazer exames para tirar um atestado médico, eu teria que ir explicar ao técnico que, sabe, nossa religião diz isso. Então, eu me senti realmente como um pária e, você sabe, as crianças riam disso.

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Quando a aula de saúde começava, eu ficava no corredor, o que era basicamente uma forma de punição em outros aspectos. Todo mundo que passava olhava para mim como se eu fosse algum tipo de criminoso", disse James em 2009, durante entrevista concedida à Metal Hammer.

A fuga do pai e a morte da mãe

A vida de James começou a ficar mais complicada em 1977, quando seu pai fugiu e deixou Cynthia com a dura missão de cuidar dos filhos. Porém, o pior estava por vir: em fevereiro de 1980, Cynthia Hetfield morreu de câncer após recusar tratamento médico.

"Ela não estava interessada em descobrir o que era. Vimos minha mãe definhar. Minha irmã e eu nos olhávamos e não podíamos dizer nada. Meus irmãos tinham idade suficiente para entender isso e finalmente disseram: ‘Algo está muito errado. Vamos conseguir ajuda para ela’. Mas era tarde demais. Ela morreu de câncer", disse o músico norte-americano à Guitar World em 2009.

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A morte de Cynthia foi abordada por James em duas de suas músicas: "The God That Failed" e "Until It Sleeps", lançadas respectivamente em 1990 e 1996, como faixas dos álbuns "Metallica" e "Load".

O encontro com Lars Ulrich e a formação do Metallica

Em 1981, James Hetfield conheceu um jovem (e rico) rapaz dinamarquês chamado Lars Ulrich, que foi tentar a sorte como tenista na América do Norte. Lars procurava músicos para uma banda e encontrou James através de um anúncio de jornal, como o vocalista relatou na mesma entrevista acima mencionada.

"Eu estava no ensino médio tocando guitarra com um amigo meu e tentando fazer a banda Phantom Lord começar a rolar. Lars havia colocado um anúncio no jornal procurando músicos. Respondemos ao anúncio e nos encontramos com Lars em um pequeno depósito em algum lugar. Ele montou a bateria e não era nada bom, mas tinha a motivação e o conhecimento. Ele tinha o impulso e as aspirações que eu tinha."

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Apesar da primeira impressão, James e Lars se deram muito bem e fundaram o Metallica no final de 1981. Desde então, a dupla permanece unida.

Os três primeiros discos do Metallica

O Metallica se estabilizou em 1983 com James Hetfield (guitarra/vocal), Kirk Hammett (guitarra), Cliff Burton (baixo) e Lars Ulrich (baixo). Liderados pelas guitarras afiadas e pela voz rasgada de James Hetfield, os quatro rapazes chocaram o mundo com "Kill 'Em All", primeiro disco do Metallica e um dos primeiros registros da história do Thrash Metal.

Lançado um ano após "Kill ‘Em All", "Ride The Lightning" é outro petardo, porém, mais "lapidado" que seu antecessor. O disco apresenta a primeira balada do Metallica, a melancólica "Fade To Black", que foi escrita em uma época muito conturbada para James e seus parceiros de banda.

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"Eu estava bastante deprimido na época, porque nosso equipamento tinha acabado de ser roubado e fomos expulsos da casa do nosso empresário (...). É uma música sobre suicídio, e recebemos muitas críticas por isso, [como se] as crianças estivessem se matando por causa da música. Mas também recebemos centenas e centenas de cartas de crianças nos dizendo como se relacionavam com a música e que [‘Fade To Black’] fez com que se sentissem melhor", disse James em 2020.

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"Master Of Puppets", terceiro disco de estúdio do Metallica, é um dos maiores trabalhos do Metal e mostra uma banda entrosada e cheia de sangue no olho. Músicas como "Battery", a faixa-título e "Orion" mostraram ao mundo que nada poderia parar aqueles quatro rapazes. Mas de repente, o mundo da banda virou de cabeça para baixo.

A morte de Cliff Burton

Seis anos depois da morte de sua mãe, James Hetfield tomou outra pancada pesadíssima, que marcaria para sempre sua vida. Cliff Burton, baixista do Metallica, faleceu dia 27 de setembro de 1986, após o ônibus da banda capotar e cair em cima de seu corpo.

Apesar da dor, os membros remanescentes do Metallica recrutaram o baixista Jason Newsted e continuaram a trajetória do quarteto.

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Sucesso mundial e acidente

Com Jason no time, o Metallica gravou "...And Justice For All", ótimo disco que apresenta algumas mudanças no direcionamento musical do grupo, que em 1988 (ano de lançamento de "...And Justice…") já era uma potência musical.

A banda fundada por James e Lars atingiu de vez o mainstream em agosto de 1991, quando lançou "Metallica", também conhecido como "Black Album". Em seu quinto disco, o grupo passou a apostar em composições mais lentas, porém, ainda pesadas. A mudança surtiu efeito, já que o álbum vendeu milhões de cópias e apresentou o Metallica a novos fãs. Por outro lado, seguidores radicais deixaram de acompanhar o trabalho do quarteto.

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Foi durante a turnê de "Black Album" que James sofreu um acidente muito grave, que poderia ter tirado a sua vida. O Metallica se apresentava em Montreal (Canadá), dia 8 de agosto de 1992 e durante a introdução de "Fade To Black", o vocalista foi atingido por uma chama enorme e queimou boa parte de seu corpo. Apesar da gravidade do acidente, James conseguiu se recuperar e seguir com sua carreira.

Mudança radical

As mudanças adotadas pelo Metallica em "Black Album" foram quase insignificantes se comparadas ao que aconteceu em 1996 e 1997, quando "Load" e "Reload" foram lançados. Além de apresentarem músicas voltadas ao Rock Alternativo, os álbuns ficaram marcados pelo visual dos integrantes do Metallica, que mais se pareciam com integrantes de uma boy band.

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Crise, problemas com alcoolismo e recuperação

Após a virada do século, James passou a lutar contra o alcoolismo, problema que o fez entrar na reabilitação, como pode ser conferido em "Some Kind Of Monster", documentário que retrata os piores momentos da história do Metallica.

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James contornou os problemas e seguiu com sua carreira por mais de uma década, porém, em 2019, o álcool voltou a dar as caras e o cantor voltou para a reabilitação.

Aparentemente, James aproveitou as lições que aprendeu enquanto tentava se livrar do álcool. O músico voltou aos palcos em 2021 e continua firme e forte em sua caminhada musical, que começou quando ele era adolescente.

As 72 primeiras estações da vida de James

A infância e a adolescência de James Hetfield são abordadas em "72 Seasons", trabalho do Metallica lançado em abril de 2023.

"72 estações. Os primeiros 18 anos de nossas vidas que formam nosso verdadeiro ou falso eu. O conceito de que nossos pais nos disseram 'quem somos'. Uma possível classificação ao redor que tipo de personalidade somos. Acho que a parte mais interessante disso é o estudo contínuo dessas crenças centrais e como isso afeta nossa percepção do mundo hoje. Grande parte de nossa experiência adulta é uma reencenação ou reação a essas experiências de infância. Prisioneiros de infância ou nos libertando dos laços que carregamos", explicou James, em comunicado publicado no site oficial do Metallica.

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James conseguiu sobreviver às primeiras estações de sua vida e todos os obstáculos que apareceram em seu caminho. Duzentos e quarenta estações depois, a voz do Metallica ainda grita mundo afora e presenteia os milhões de fãs da banda.

Foto: Divulgação S&M - Brett Murray
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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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