Deep Purple: uma escola musical mais rica e frutífera que o Led Zeppelin
Por Jorge Felipe Coelho
Fonte: Rádio Catedral do Rock
Postado em 28 de maio de 2020
Vamos lá, a afirmação aqui não se trata de querer "apequenar" um gigante lendário do rock n’ roll que eu amo, como é o caso do Led Zeppelin, mas sim observar como o Deep Purple plantou ainda mais sementes do que seu contemporâneo liderado por Jimmy Page.
Em primeiro lugar, o Purple foi fundado em 1968 pelo tecladista Jon Lord, simplesmente o gênio pioneiro na fusão do rock com a música clássica tanto praticada pelo Purple. O estilo, conhecido como "Rock Sinfônico", foi uma inovação muito maior do que o som enraizado no blues rock do Zeppelin. Influenciou diversas bandas, teve fusão e foi atualizado para "Metal Sinfônico" nos dias atuais. Alguns expoentes do estilo hoje são Nightwish e Symphony X. Falecido em 2012, Lord possuía um grau honorário de Doutor em Música pela Universidade de Leicester, sua cidade natal.
Ao contrário do Zeppelin, que viveu com apenas uma formação, o Purple teve inúmeras formações. Contou com a habilidade plural de diversos músicos a trazer novas tintas para esse quadro utilizando abordagens musicais diferentes. Não à toa vemos fãs da banda debatendo se a sua melhor época foi a conhecida como MKI ou MKII, MKIII, etc. Até sua morte, Jon Lord liderou a banda e Ian Paice foi o dono das baquetas e do ritmo em todas as fases do grupo.
Após um início com dois álbuns psicodélicos, logo o Purple acolheu e abandonou as estruturas do heavy metal contidas no best seller Machine Head ao lançar Who Do We Think We Are investindo em um som maisblueseiro. Com a saída do vocalista Ian Gillan e do baixista Roger Glover, que se confundem com a fase heavy metal da banda, entraram David Coverdale no vocal e Glenn Hughes no baixo em 1973. O som do grupo rumou para um estilo de muito mais swing que investia em funk rock e soul music, influências diretas de Hughes. O baixista, além de tudo, era um primoroso vocalista e dividia a voz com Coverdale. Já a banda de Page, teve uma fase onde se enveredou por folk rock e psicodelia e imprimiu bem isso no disco Physical Graffiti, porém o Purple expandiu ainda mais os horizontes musicais do que o Zeppelin.
É bem verdade que Page já era metido com produção nos anos 60, antes mesmo de formar o Zeppelin. Temos de lembrar, também, da carreira solo interessante do baixista John Paul Jones, incluindo a formação do Them Crooked Vultures, power trio do qual participou com Dave Grohl e Josh Homme. Porém, o vocalista Robert Plant teve uma carreira solo regular, uncionando em alto nível mesmo quando esteve outra vez ao lado de Page nos anos 90 e lançou o álbum ao vivo No Quarter.
Como semente que germinou da plantação chamada "Deep Purple", nasceu o produtor Roger Gloover, baixista que se especializou ainda mais em produção musical e auxiliou bandas como Judas Priest e Nazareth, e foi fundada a banda Rainbow pelo guitarrista Richie Blackmore, que saiu do Purple em 1975. Nessa banda cantava nada mais e nada menos que Ronnie James Dio! Mais tarde o Black Sabbath, sem Ozzy Osbourne, foi reforçado pelas vozes de Dio e também de Ian Gillan.
Mostrando uma colheita frutífera mais abundante que a do Zeppelin, do Purple nasceu ainda o Whitesnake, banda ícone do hard rock formada por David Coverdale. Uma fantástica carreira solo de Glenn Hughes, que mesmo aos 68 anos continua a ser reverenciado como "The Voice of Rock" por cantar tão bem como nos anos 70. E, por último, aquela contribuição que os donos das lojas de instrumentos musicais mais se desesperam: é do Purple o mais popular riff de guitarra de todos os tempos na história do rock. Em toda loja de instrumento que se preze deve haver algum garoto, iniciante nas aulas de guitarra, tocando sem parar a introdução de "Smoke On the Water" todo orgulhoso.
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