11 de Setembro: o que aconteceu no mundo do rock e do metal nestes 18 anos
Por Mateus Ribeiro
Postado em 11 de setembro de 2019
Todo ser humano com mais de vinte anos de idade possivelmente se lembra daquela fatídica e longínqua manhã de 11 de setembro de 2001. Poderia ser um dia qualquer, que acabou se tornando uma das datas mais marcantes da historia recente.
Se por algum acaso você não sabe o que aconteceu naquele dia, quatro aviões comerciais foram sequestrados por terroristas, sendo que dois deles se chocaram contra as torres do World Trade Center. Milhares de pessoas morreram, uma outra infinidade ficou ferida e milhões de vidas mudaram para sempre.
Não é exagero algum afirmar que o mundo mudou de lá pra cá, em toda e qualquer esfera. Muita, mas muita coisa mesmo aconteceu depois daquilo, seja por influência dos ataques terroristas, seja pelo rápido avanço da tecnologia ou por quaisquer outras razões. O universo da arte também passou por inúmeras mudanças, incluindo o mundo da música, que passou por algumas transformações brutais. Como aqui é um site de rock and roll e metal, o foco ficará nestes estilos e em suas ramificações.
Voltando um pouco no tempo, o início do século foi um período muito agitado e produtivo. O rock e o metal passavam por uma fase muito prolífica, com muitos lançamentos e novidades.
Do lado nacional, três grandes nomes estavam em processo de reconstrução: o Angra estava mudando de formação (o que possibilitou o nascimento do Shaman), Rodolfo anunciava sua saída do Raimundos e o Sepultura ainda estava se reafirmando com Derick Green nos vocais. Passados os 18 anos, o Raimundos continua vivo sem Rodolfo, o Sepultura está mais na ativa do que nunca e o Angra também.
Outra banda do rock nacional que merece um destaque mais que especial é o Paralamas do Sucesso, já que no início daquele ano, seu líder Herbert Vianna sofreu um acidente aéreo que custou a vida de sua esposa Lucy e o deixou paraplégico. Mesmo contra todas as adversidades, Herbert continuou com a banda, dando um show de persistência.
Atualmente, a música pesada brasileira continua muito forte, e nomes como Krisiun, os eternos Ratos de Porão, Claustrofobia, Nervosa, Project 46, Almah, Violator, Gangrena Gasosa, Korzus e tantas outras mantém a chama acesa. O rock nacional, apesar de um ou outro que prefere gastar o tempo falando borracha do que fazendo música, continua vivo, por conta de nomes do passado e alguns que surgiram de lá pra cá.
Falando um pouco sobre o que rolava na gringa, tal qual o grunge, o new metal e a música alternativa tomaram as rádios e televisões no início do século. Era só ligar qualquer um dos aparelhos para ouvir barulhos eletrônicos, "pi-pi-pi" pra lá, "pi-pi-pi" pra cá. Algumas bandas acabaram se tornando fenômenos de popularidade no Brasil e no mundo, com destaque para Linkin Park, System Of A Down e Slipknot.
Outra novidade que estava balançando o mundo era a volta recente de Bruce Dickinson e Adrian Smith ao Iron Maiden. Ambos continuam viajando o mundo com a Donzela de Ferro.
O Metallica, por sua vez, passava por altos e baixos, que culminaram no terrível "St. Anger". Depois de muitas reclamações e tentativas de redenção, hoje em dia James e sua turma lotam estádios e enchem o bolso com apresentações tão empolgantes quanto uma fanfarra dessas que toca em Desfile de Independência.
Apesar da estúpida conversa de que o rock e o metal morreram, ambos estão muito vivos, nos presentando dia após dia com muitas bandas de qualidade (e nem estou falando das que descaradamente tentam copiar nomes do passado).
A "Morte" dos CDs
Naqueles dias, o CD era o que de mais comum e moderno existia para se ouvir sua banda preferida. A Internet estava longe de ser acessível quanto é hoje e apesar de já existir métodos para fazer download (e arrumar briga com Lars Ulrich), a forma mais simples (e em algumas vezes, cara) de ouvir música com qualidade era comprando um CD.
Pois bem, com o passar dos anos, o formato digital foi tomando conta do mercado, e os produtos físicos foram perdendo o lugar. Bem, o Cd, ao menos, tombou na valeta. É difícil ver quem os colecione ainda hoje. O vinil, que estava em queda desde meados dos anos 1990, voltou de tempos pra cá com muita hype (e com valores altos) na mão de colecionadores. Já a saudos "fitinha" k-7 não colou de novo, apesar de um ou outro ter tentado fazer o pequeno artefato voltar ao mercado, custando o olho da cara, é óbvio.
Atualmente, os serviços de streaming são o que há de mais forte no mundo da música e parece que chegaram para ficar. As bandas que antes não aceitavam tais serviços hoje se utilizam dos mesmos para divulgar seus trabalhos. Já para nós, meros ouvintes, as coisas ficaram bem mais simples e ocupam menos espaço. A não ser que você seja um saudosista, não há razões para desprezar as facilidades da modernidade, mesmo que colecionar itens físicos seja algo satisfatório.
Shows no Brasil
O Brasil entrou na agenda de várias bandas. Por volta de 2001, muitas bandas já haviam passado por aqui, mas não com a mesma frequência que aparecem hoje. É claro que nem todas as bandas lotam estádios, mas hoje a quantidade de shows aumentou muito. Seja alguma banda lendária, seja algum nome emergente, temos no mínimo um show ao mês que cria expectativa.
[an error occurred while processing this directive]Os festivais também apareceram e desapareceram, porém, o desde tempos contestado "Rock In Rio" continua com a sua mistura de estilos e as mesmas bandas de sempre que se revezam ano após ano, fazendo a alegria de quem ama gastar rios de dinheiro para ficar ostentando em redes sociais.
Seja como for, o estilo continua em evidência no Brasil e muitas bandas já colocaram o país na rota (algumas dessas bandas passaram por aqui até mais do que deveriam) e saciam a fome e sede do público headbanger.
Ídolos que já se foram
O baque foi grande. De setembro de 2001 até hoje, muita gente boa do rock e do metal partiram dessa para uma melhor. Desde nomes do rock até do metal extremo, muitos artistas nos deixaram.
Um dos que mais gerou comoção foi Dimebag Darrell, covardemente assassinado por um imbecil, em um 08 de dezembro, mesmo dia que 24 anos antes, John Lennon havia falecido, da mesma forma. Seu irmão Vinie Paul morreu anos depois, em 2018.
A grande Dolores O'Riordan, do Cranberries, faleceu em 2018, gerando além de muita tristeza, dúvidas sobre a causa de seu falecimento.
[an error occurred while processing this directive]Os três Ramones originais restantes (Joey havia falecido em maio de 2001) partiram entre 2002 e 2014. Os reanescentes CJ, Marky e Richie continuam se apresentando e invariavelmente executando repertórios baseados na carreira do Ramones.
Além desses, a enorme lista traz nomes como Paul Baloff (Exodus), Chuck Schuldiner (Death), George Harrison (Beatles), Jeff Hanneman (Slayer), Leane Staley (Alice In Chains), John Entwistle (The Who), Joe Strummer (The Clash), Maurice Gibb (Bee Gees), Cássia Eller, Johnny Cash, Syd Barrett e Richard Wright (Pink Floyd), Quorton, Kevin Dubrow (Quiet Riot), Jimmy Sullivan (Avenged Sevenfold), Peter Steele (Type O Negative), Ronnie James Dio, Steve Lee (Gotthard), Paul Gray (Slipknot), Lemmy Kilmister (Motorhead), Jesse Pintado (Napalm Death), Amy Winehouse, Clive Burr (Iron Maiden), B.B. King, David Bowie, Andre Matos, Chris Cornell, Chester Bennington (Linkin Park), Kid Vinil, Chuck Berry, Malcolm Young, Jon Lord e tantos outros que estão fazendo uma jam muito legal em algum lugar que espero demorar tempo suficiente para conhecer.
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O cenário atualmente
Conforme dito anteriormente, a cena anda bem movimentada. Seja nos porões do undergound, seja no "midcard" ou no repetitivo e cansativo mainstream , sempre temos lançamentos e shows pelo Brasil. Os shows, aliás, deixaram de se concentrar em uma ou outra capital e agora são mais comuns em outras cidades espalhadas por esse cacete nababesco que chamamos de Pátria A(r)mada.
Em suma, o metal tem mais espaço do que nunca. Com o crescimento da Internet e das redes sociais, ficou muito mais fácil a troca de informações, o que possibilita que o fã de música pesada fique sabendo de tudo de forma mais rápida. Mesmo que o saudosista deteste a modernidade, o que aconteceu de 18 anos pra cravou tanto o rock quanto o metal no mundo da cultura popular.
Por fim...
Dezoito anos depois, quase tudo mudou. Infelizmente, o amor pela guerra e pela violência não mudaram em nada. Quer dizer, só cresceram, e para alguns, matar é uma opção, ainda mais se for em nome de alguma causa inútil.
Apesar do pessimismo, fica o desejo que daqui 18 anos a vida humana não seja uma banalidade e que tragédias como as daquele triste 11 de setembro jamais aconteçam novamente. A esperança é mínima, mas que os estúpidos conflitos em nome de religião, território e poder também acabem.
Resta torcer e tentar esquecer de tanta desgraça. Para isso, existe o rock e o heavy metal. Aperte o play e faça sua parte para tornar o mundo um lugar melhor!
Ah... esqueci de citar que o Guns N´Roses enfim lançou "Chinese Democracy"...
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