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Mudanças: 10 bandas que não soam mais como em seus primeiros discos

Por Igor Miranda
Postado em 22 de junho de 2017

Mudar é saudável. Ainda mais quando se fala de bandas com 20 a 40 anos de carreira. Ninguém permanece o mesmo por muito tempo - nem mesmo o AC/DC.

Contudo, as mudanças das 10 bandas listadas abaixo chamam a atenção porque, em seus primeiros discos, praticaram um som muito distinto do que fazem hoje em dia ou que as consagraram. Nada de bom ou ruim: apenas diferente.

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Judas Priest

Não dava para imaginar que os caras do Judas Priest se tornariam os "Metal Gods" em 1974. O primeiro disco da banda, "Rocka Rolla" (1974), é um disco de hard rock - quase heavy rock -, gravado ao vivo em estúdio, em uma pegada muito mais aliada ao que se fazia na década de 1970. As influências psicodélicas e progressivas são os pontos mais curiosos nesse registro.

As influências metálicas do Judas Priest só começaram a aparecer no disco seguinte, "Sad Wings Of Destiny" (1976), que teve mais influência do vocalista Rob Halford, fã confesso de Black Sabbath, no processo de composição. Curiosamente, seu antecessor Al Atkins também era admirador do quarteto, mas a sonoridade com Atkins passava longe do que era propost pelo Sabbath.

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Incubus

O Incubus dos últimos tempos é quase irreconhecível se comparado com o que foi feito, em especial, no seu primeiro disco. "Fungus Amongus", lançado em 1995, é uma mistura curiosa entre o que faziam Red Hot Chili Peppers e Rage Against The Machine naquele momento: um funk rock com traços de nu metal.

O nu metal apareceu mais no disco seguinte, "S.C.I.E.N.C.E." (1997), único álbum a contar com o DJ Lyfe na formação. Só que de "Make Yourself" (1999) em diante, o Incubus partiu para uma vertente mais ligada ao rock alternativo, abrandado e com uma visão mais pop. Os registros seguintes refletem essa pegada - e, é claro, fizeram mais sucesso que os primeiros full-length.

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Scorpions

O primeiro disco do Scorpions é, também, o único com Michael Schenker na guitarra. "Lonesome Crow" foi lançado em 1972 e, apesar de divertido, é um álbum confuso. O hard rock experimental do grupo se aliou a influências psicodélicas e progressivas sem muito critério.

O conceito do Scorpions se desenvolveu ao longo da década de 1970, até que, em 1978, Matthias Jabs entrou no lugar de Uli Jon Roth, guitarrista que substituiria Michael Schenker. Klaus Meine garante que o Scorpions só se tornou a banda que conhecemos, praticamente pioneira do hard rock melódico, após a entrada de Jabs.

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Linkin Park

Centro de grande polêmica nos últimos tempos devido às mudanças em sua sonoridade, o Linkin Park de hoje em dia não soa mais como há quase duas décadas. "Hybrid Theory" (2000) é um dos discos de nu metal mais vendidos da história. Havia uma visão comercial, mas a rebeldia e o peso se sobressaem nas composições desse registro.

A fórmula se repetiu em "Meteora" (2003), mas desde seu sucessor, "Minutes To Midnight" (2007), o Linkin Park não atua como uma banda de nu metal. O mais próximo dos primórdios pode ser conferido no pesado "The Hunting Party". Os demais registros exploram sonoridades ligadas ao rock alternativo, à música eletrônica e, no caso de "One More Light", até o pop.

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Red Hot Chili Peppers

O Red Hot Chili Peppers não representa, exatamente, o caso de uma grande mudança como outros dessa lista. O som da banda californiana segue um padrão em todos os seus álbuns. Cada registro contém um pouco das características que consagraram o RHCP, muito graças ao baixo de Flea.

No entanto, é inegável que o primeiro disco do Red Hot Chili Peppers é bem diferente de registros como o pop "The Getaway" (2016) ou o complexo "One Hot Minute" (1995). O debut do grupo, "The Red Hot Chili Peppers" (1984), apresenta um funk rock ácido e é creditado por muitos como o primeiro disco de funk metal e rap rock da história.

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Alice Cooper

Em 1969, Alice Cooper ainda era o nome de uma banda, não o pseudônimo de seu vocalista. Na época, o grupo lançou seu primeiro disco, "Pretties For You" - um trabalho incrivelmente confuso que, não à toa, não obteve grande repercussão.

"Pretties For You" soa confuso graças à inexperiência dos músicos envolvidos, que não souberam dosar a veia experimental do álbum. A pegada psicodélica de algumas faixas divide espaço com uma veia "beatle" em outras. "Easy Action" (1970), na sequência, até se saiu melhor em suas composições, mas a produção atrapalha.

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O êxito artístico - e comercial - só veio com "Love It To Death" (1971). O grupo lançou outros quatro discos até se dissolver e Vincent Furnier ficar com o nome Alice Cooper de vez. A partir daí, tem de tudo na discografia: de hair metal ("Trash") a metal industrial ("Brutal Planet"), passando por new wave ("Special Forces"), post-punk ("Zipper Catches Skin") e muito mais.

Whitesnake

Quando o Whitesnake foi fundado por David Coverdale, em 1978, ninguém esperava que, em 10 anos, o grupo seria um dos grandes representantes do hair metal. "Trouble" (1978), primeiro álbum da banda, aposta em um hard rock bluesy que lembra os momentos menos experimentais do Deep Purple, que contou com Coverdale anteriormente.

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Há quem considere "Snakebite" (1978) o primeiro registro do Whitesnake, apesar de ter sido lançado sob a alcunha David Coverdale's Whitesnake. Não muda muita coisa: o som segue a mesma pegada do hard rock bigodudo que conquistou, em especial, o Reino Unido nos anos 70. A mudança do Whitesnake para uma sonoridade mais oitentista só começou em "Slide It In" (1984), mas a transição foi rápida: no álbum seguinte, autointitulado (1987), Coverdale já estava virado no laquê.

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Bon Jovi

Sempre gostei muito de Bon Jovi, mas, cá entre nós, o grupo de Jon Bon Jovi sempre foi meio brega. A banda soa piegas desde os tecladinhos que abrem "Runaway", a primeira música da banda, até os últimos acordes de seu álbum mais recente, o pop "This House Is Not For Sale" (2016).

A questão é que a breguice tem ingredientes distintos ao longo da discografia do Bon Jovi. Enquanto o álbum de estreia apresenta um hard rock quase AOR, os registros mais recentes caminham para um som cada vez mais pop, na veia do que faz o Coldplay nos dias de hoje.

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No meio do caminho, há de se destacar o hair metal de "Slippery When Wet" (1986) e 'New Jersey" (1988), o hard rock mais sóbrio de "Keep The Faith" (1992) e até o country de "Lost Highway" (2007), entre outros momentos mais - e menos - inspirados.

Opeth

O Opeth é um dos grandes nomes do death metal progressivo. A brutalidade e a técnica sempre andaram de mãos dadas nos registros do grupo, especialmente os iniciais.

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Contudo, o Opeth sempre deu demonstrações de que, em algum momento, poderia abrandar o seu som - até porque, os músicos sempre se mostraram capacitados demais para ficarem presos a um estilo só. O soft "Damnation" (2003) não tem nenhuma pisada no pedal de distorção, mas tal detalhe não foi tão alvo de críticas porque o registro foi lançado como uma espécie de irmão bastardo de "Deliverance" (2002), já na pegada prog/death.

A transição do death metal progressivo para o rock progressivo começou nessa época, mas em doses homeopáticas. O processo só foi concluído mesmo em "Heritage" (2011), 10° disco do Opeth, quando Mikael Åkerfeldt abandonou os vocais guturais.

Gwar

O Gwar sempre teve uma pegada punk rock em seu som, que é um thrash metal de muita pegada - e pouco levado a sério, devido às fantasias e à comédia que envolve o grupo. Só que o disco de estreia da banda, "Hell-O" (1988), mergulha de cabeça no punk e em elementos do hardcore.

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A pegada metálica começou a se desenvolver a partir de "Scumdogs Of The Universe", que caminha mais para o crossover. Por ser tão diferente dos demais, "Hell-O" raramente tem alguma de suas músicas no repertório dos shows do Gwar.

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Sobre Igor Miranda

Jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital pela Universidade Estácio de Sá. Começou a escrever sobre música em 2007 e, algum tempo depois, foi cofundador do site Van do Halen. Colabora com o Whiplash.Net desde 2010. Atualmente, é editor-chefe da Petaxxon Comunicação, que gerencia o portal Cifras, Ei Nerd e outros. Mantém um site próprio 100% dedicado à música. Nas redes: @igormirandasite no Twitter, Instagram e Facebook.
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