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Tren Loco: "Somos todos vagones del mismo tren!"

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 15 de junho de 2009

Levando em conta que sua origem remeta ao distante ano de 1983, não seria equivocado dizer que o Tren Loco seja um dos precursores do Heavy Metal na Argentina. Agora, sob a tutela da Icarus Music, o grupo está liberando seu sexto álbum de estúdio, "Venas de Acero" (veias de aço), um espetacular álbum do mais completo Heavy Metal Tradicional.

Colaboração: Gleydy Fioranelli

Atualmente a banda conta com Carlos Cabral (voz), Zombie (guitarra), Facundo Coral (guitarra), Gustavo Zavala (baixo) e Dany Walter (bateria). Com muita história bacana em seu currículo, o Whiplash! conversou com o mentor Zavala, que deu uma geral na história da banda, que naturalmente se mistura com o próprio cenário musical de seu país.

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Whiplash!: Olá pessoal! Como o brasileiro não possui grande intimidade com o underground argentino, que tal começar com você contando um pouco sobre o Apocalipsis, banda que deu origem ao Tren Loco?

O Apocalipsis começou lá pelo ano de 1983 e tinha em sua formação Gimenez Aguer na voz, Turco Atala na guitarra, Luis Dischiavo na bateria e eu, Gustavo Zavala, no baixo. Fazíamos canções que depois entrariam no repertório do Tren Loco, como "Tempestades", "Endemoniado", "Clase Trabajadora", "Apocalipsis", "Estoy Saliendo", "1982", "Nemesis", etc.

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Ganhamos três concursos de rock entre 1985 e 1986, e com o dinheiro ganho compomos e gravamos mais canções. Tocamos durante seis anos e, até 1989, editamos três demos em fitas cassetes com os nomes "Endemoniado", "Hoy Empezo La Revolucion" e "Apocalipsis", compartilhando a cena com bandas como La Torre, Purpura, Kamikaze, Riff, etc. O endereço na web é: www.apocalipsis1985.com.ar

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Whiplash!: Gustavo, porque então iniciar o Tren Loco em 1990? Afinal, alguns de seus integrantes e as canções já faziam parte da história do Apocalipsis...

A banda Apocalipsis havia cumprido seu ciclo. Começava outra década e queríamos fazer algo novo, uma banda de amigos que tocasse Heavy Metal. A idéia era fazer algo independente, primeiro gravar uma demo e logo sair tocando para promovê-la. Mas de repente apareceu o concurso da Yamaha e a história toda se precipitou.

Tocávamos novas canções como "Whisky Entre Tus Piernas", "Alguien Viene" e "Piso Al Taco", além de "Tempestades", pois era uma música fácil e os novos integrantes já a conheciam. Mas o Tren Loco era uma extensão do Apocalipsis, quase sem nos darmos conta.

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Whiplash!: Sim, foi com o Tren Loco que as coisas começaram a realmente dar certo, tanto que em 1991 vocês chegaram ao primeiro lugar nesse concurso da Yamaha Band Explosion. Qual foi a repercussão dessa vitória?

É isso mesmo. Tudo aconteceu muito bem, ganhamos o primeiro prêmio entre 1300 bandas da Argentina e Uruguay!!! E chegar a tocar no estádio Budokan de Tóquio, competindo entre 18 bandas de um total de 40.000 de todo o mundo!!! Foi uma experiência incrível, muito boa e que nos permitiu tocar com o Saxon e assinar um contrato com a gravadora Polygram.

Whiplash!: Gustavo, depois de quase uma década, quais são suas lembranças ao entrar nos estúdios da Polygram em 1992 para gravar "Tempestades", o tão aguardado primeiro álbum de sua carreira?

Gravamos em um grande estúdio, onde bandas legendárias de meu país, como Pappo, Vox Dei e Manal haviam gravado. Era um sonho que se transformou em realidade.

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Whiplash!: Posteriormente vocês admitiram que o Tren Loco desviou-se de seus planos iniciais ao assinar o contrato com a Gravadora Polygram. O que os fez pensar assim?

Nossa idéia inicial era seguir uma carreira em que pudéssemos nos gerenciar, mas, ao ganhar semelhante concurso internacional no Japão passamos a receber várias ofertas para compor e gravar discos. Equivocamos-nos ao assinar com a Polygram, mas não tínhamos experiência, nem alguém que cuidasse de nossos negócios na ocasião. Éramos muito jovens e o entusiasmo musical nos levou pelo caminho de uma gravadora internacional.

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Whiplash!: A partir daí, quais foram os melhores e piores momentos na trajetória do conjunto?

O pior momento foi a partida de Turco Atala que, junto comigo, era um dos pilares do Apocalipsis e Tren Loco. Sentimos muito sua ausência e logo o estilo da banda se endureceu e enfureceu, o que levantou nosso ânimo e em seguida gravamos um grande disco chamado "No Me Importa" (96).

Os melhores momentos sempre são quando estamos sobre os palcos. Não importa onde seja, o desfrutamos completamente, a energia explode e nos sentimos vivos sobre as tábuas de um palco. Sem dúvida, tocar no Japão ou tocar com o Judas Priest foi muito importante. Igualmente como as turnês latino-americanas que vieram depois.

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Whiplash!: No final de 2004 as notícias da tragédia na boate Cro Magnom, em Buenos Aires, alcançou o mundo todo. O quanto este fato prejudicou as apresentações de shows na capital?

Prejudicou muitíssimo! Não se podia tocar e logo um par de agências armou um monopólio, onde se tornou quase impossível tocar devido aos altos custos para fazer uma apresentação. Não nos rendemos e nos aprofundamos a tocar pelo interior da Argentina e países vizinhos.

Whiplash!: Em outubro de 2008 o Tren Loco tocou com o Mötley Crüe na Argentina. O próprio Mötley admitiu publicamente que estas apresentações foram as melhores de sua carreira, tal a reação da platéia. A coisa toda foi tão insana assim?

Foi uma bela noite, muita gente e muita adrenalina, tanto por parte do público quanto nossa. Mas choveu muito e, longe de esfriar a noitada, esquentou ainda mais a ação do Metal!!!

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Whiplash!: Ainda em 2008 vocês estrearam na Icarus Music com "Venas de Acero". Composições como a faixa-título, "Pueblo Motoquero" ou "Bar Latino El Ginebrazo" são excelentes, mas, gostaria que você falasse especificamente de "Acorazado Belgrano".

Esta canção é um tributo, uma homenagem aos heróis da Guerra das Malvinas. Homens com apenas 18 anos, do cruzeiro argentino "Acorazado Belgrano", deram sua vida em alto-mar ao lutar e enfrentar o submarino nuclear britânico El Conqueror, que o torpedeou covardemente fora da zona de guerra. Foram mais de 260 mortos em menos de 30 minutos, quando a embarcação afundou no sul do Oceano Atlântico.

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Whiplash!: O brasileiro André Matos (Shaman, Angra) é um dos convidados que participam de "Venas de Acero". Como rolou o convite?

O pessoal da gravadora Icarus fez o convite a André Matos. Já o havíamos conhecido pessoalmente em Caracas, em 2003, quando tocamos juntos. Além disso, ele é um artista da Icarus e aceitou gentilmente compartilhar sua maravilhosa voz em duas canções, "Venas de Acero" e "Acorazado Belgrano", esta a pedido do próprio André.

Whiplash!: "Rio Conlara" é um bônus que se destoa de sua proposta. Qual a idéia por trás de sua inclusão?

É uma velha Zamba (aqui na Argentina ‘Zamba’ se escreve com ‘Z’). Quem a compôs foi meu pai, Mateo Zavala, dedicando-a ao Rio Conlara, que é um rio de sua cidade natal, Concaran, província de San Luis. Zombie (guitarrista) a conheceu e me pediu para cantá-la como um bônus para o CD.

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(*) Nota do Editor: Zamba não tem nada a ver com o nosso Samba. Este é um gênero musical dançante do folclore argentino, uruguaio e de parte do território boliviano. Inclusive, o Zamba já foi cogitado para ser a dança nacional da própria Argentina.

Whiplash!: Sua agenda de shows está movimentada... Como o público latino-americano vem reagindo às novas composições?

É maravilhoso ver como o público de diferentes países se manifesta com nossas canções, desde o Uruguay ou Bolívia ao Equador, desde a Venezuela ao México. O carinho que nos demonstram é muito grande e quente. Estivemos a pouco em Maracay, Venezuela, e eles já conheciam "Venas de Acero".

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

Whiplash!: Gustavo, você é um veterano que está na ativa desde 1983. O quanto o cenário Heavy Metal mudou desde então na Argentina? Aliás, espero que tenha mudado para melhor...

Há três aspectos para se levar em conta. Quando nascia o Heavy Metal no início dos anos 1980, a Argentina saía de uma terrível ditadura militar. Logo, muita gente confundiu a liberdade da democracia com libertinagem, e assim causava alguns estragos, como quebrar janelas, etc. Por isso o Heavy Metal se tornou uma palavra ruim em meu país, e era muito difícil tocar na época.

Logo o público evoluiu, as bandas evoluíram e os meios independentes de difusão – rádios, zines, webs, etc – começaram a dar um apoio autêntico ao Metal. E atualmente há muitas boas bandas, em cada cidade de cada província ou estado que tocamos.

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Whiplash!: Cara, antes de encerrar, gostaria que você indicasse algumas bandas argentinas ao leitor do Brasil!

Há muitas bandas, como Jason, Aonikenk, Mastifal, Jerico, Battle Cry, Serpentor, etc

Whiplash!: Ok, Gustavo, agradeço pela entrevista! O espaço é do Tren Loco para as considerações finais.

Gracias Whiplash!, pelo espaço que concedem ao Tren Loco, que é uma banda que começou de baixo. Nós dizemos que o Heavy Metal significa ‘Não render-se’!!! O Metal é seguir seu instinto sem medo!!!

P.S. Whiplash!: E, apenas para aporrinhar o Gustavo, veio a questão: "...Afinal, quien es mejor: Maradona o Pelé?...", que foi prontamente respondida com risadas: "...Jaja! Lo bueno es que los dos son lo mejor del mundo y son latinoamericanos!!!!!!..."

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(Afff.... E não é que esse diplomático headbanger se saiu bem...???)

Contato:
http://www.trenloco.net

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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