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Entrevista: Roosevelt Bala Cavalcante, do Stress

Por Marcos d'Avila Pacheli
Postado em 08 de dezembro de 2006

Entrevista originalmente publicada no fórum MetalField, com Roosevelt "Bala" Cavalcante, vocalista e baixista da pioneira banda Stress, a primeira de Heavy metal no Brasil.

METALFIELD: Bom, eu descobri o Stress há quase 3 anos atrás, enquanto fuçava algumas matérias na internet, vi uma no Whiplash sobre a banda e era justamente uma matéria que dizia o Stress ser, não somente a primeira banda de Heavy Metal do brasil, mas também sendo a primeira banda de Thrash metal da história do metal, antecedendo ícones como Metallica e Slayer. Você como integrante da banda, me diga, o que pensa disso?

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ROOSEVELT: Da mesma forma que aconteceu com o primeiro disco, que já é considerado atualmente o primeiro de heavy da América latina, esse título de pioneiros no thrash também nos surpreende. Se não sabíamos nem o que era heavy quando gravamos o disco, imaginem se saberíamos o que era thrash?Acho que algumas composições tem, sim, elementos do thrash, como velocidade, palhetadas e agressividade sonora e vocal, além de ter sido gravado antes do "Kill’em all", do Metallica, considerado o primeiro nesse estilo. Porém, não se trata de um disco onde o estilo thrash predomine. É mais uma polêmica que esse disco vai carregar e só o tempo vai elucidar. A idéia era ser rápido e pesado. Como a gravação ficou bem tosca, pode soar como thrash. Deixemos os especialistas resolverem essa questão.

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METALFIELD: Uma pergunta sobre seu gosto musical, Roosevelt. Diga um álbum, músico ou banda que te influenciou demais ou que você considera crucial para o rock/metal.

ROOSEVELT: É tudo uma questão de evolução. O Metal veio do rock’n’roll, que veio do Blues, e por aí vai. Dentro desse contexto, Chuck Berry e os Beatles foram fundamentais, a base de tudo. Depois disso, bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath deram uma conotação mais pesada ao rock, acrescentaram elementos realmente diferenciados, dando início ao Heavy Metal.

METALFIELD: Em 1985, vocês foram convidados pela rede globo a participar da gravação de uma música chamada "Os Jovens não devem morrer", para "O Festival dos Festivais", e vocês agradaram tanto que o arranjador oficial do festival, Cesar Camargo Mariano, deixou vocês criarem à vontade os arranjos da música, porém, o resultado foi um pouco pesado demais e ele quis interferir. Vocês foram contundentes em não mexer na música, e assim perderam a oportunidade de entrar de vez ao mainstream da música. Uma atitude digna de músicos de verdade, afinal a composição era de vocês. Mas vendo isso hoje em dia, você se arrepende da atitude tomada?

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ROOSEVELT: Foi quase isso. A música não era nossa, era de um compositor de Recife. Fomos chamados para defender a música numa eliminatória, que aconteceria lá mesmo em Recife. A música era uma merda, mas,fizemos um ótimo arranjo, elogiado por todos da produção. Usaríamos os três palcos disponíveis, pois a performance era de banda de Metal, correria total. Todos apostavam na classificação da música. Foi quando o autor se apresentou à produção da Globo, em Recife, no momento da passagem de som, dizendo que queria ele mesmo defender sua música e não abriria mão disso, sob pena de procurar a imprensa local e fazer barraco. Com receio de tumulto, justamente na cidade do cara, a Globo nos pediu para incluir o cara na nossa apresentação. Ainda tentamos fazer isso, mas a música ficou uma porcaria, enorme e cheia de partes diferentes, pois o cara cantava noutro tom e queria colocar os arranjos dele. Então,esolvemos abrir mão de tudo, deixamos o cara tocar sozinho com a banda dele. Resultado: foi eliminado! Perdemos uma boa chance de entrar na Globo, mas teríamos de carregar aquela "mala" pro resto de nossas vidas, pois sua imagem ficaria ligada ao Stress por muito tempo. Isso não dava pra suportar, o cara era muito arrogante e ignorante, não era gente boa.

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METALFIELD: Bom, sabemos que o Stress não foi a única banda de heavy metal surgida na cena nos anos 80, uma epóca em que o underground possuia diversas bandas de heavy e thrash metal, dentre outros estilos. Dentre elas cito algumas mais clássicas como Azul Limão, Harppia, Anthares, Dorsal Atlântica, overdose, etc... Qual era o relacionamento do Stress com essas bandas e sua opinião sobre elas?

ROOSEVELT: Nos dávamos super-bem. Éramos muito unidos, freqüentávamos os shows uns dos outros e saíamos pra balada e viajávamos juntos. Formávamos um movimento bastante sólido, sem radicalismos e preconceitos musicais. Estávamos todos começando praticamente juntos, havia uma magia diferente, tudo conspirava a favor, a unidade tornava cada vez mais forte o movimento. Mesmo com todas as dificuldades, considero aquela a época mais fértil do Metal Brasil, não pela quantidade, mas pelo excelente nível das bandas, cada uma dentro do seu estilo próprio e cantando em Português, o que era sensacional.

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METALFIELD: E sobre o metal atual, Roosevelt, agora com a ascenção de novos estilos como o new metal e o metalcore, o que você acha de novas bandas como System of a Down, Slipknot, Mudvayne, Mastodon, In Flames, Machine Head, Lamb of God, etc?

ROOSEVELT: A tendência natural seria a evolução sonora, mas,o que vemos é apenas a evolução técnica e tecnológica, o feeling foi relevado ao terceiro plano. Procuro ouvir as novas bandas e, com toda a boa vontade, assimilar suas mensagens. Porém, só uma minoria tem algo a dizer. Posso parecer antiquado, mas continuo ouvindo direto as bandas setentonas.

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METALFIELD: Estava vendo a letra de "A Tua mãe é moça", que realmente me chamou a atenção. Ela foi baseada em algum fato real que ocorreu contigo ou com algum membro da banda, ou é alguma outra situação generalizável?

ROOSEVELT: De fato, foi baseada em situações vivenciadas por nós da banda. Era muito comum nos depararmos com garotas frescas, patricinhas, cú-dôce, peidonas... ou qualquer outro adjetivo que signifique orgulhosa demais. Sabíamos que lá no fundo elas gostavam de estar com caras "esquisitos" como a gente, que agíamos muito mais depressa e com mais eficiência do que os play boys da society, entende? Portanto, resolvemos homenageá-las com essa música, onde perguntamos à elas: A tua mãe é moça? Que significa: por acaso a tua mãe é vigem, nunca transou? Deixa de frescura! É uma expressão daqui do norte, usada nos idos de 70.

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METALFIELD: E falando um pouco das modernidades que surgiram no heavy metal tradicional, como por exemplo essas bandas de Heavy e Power metal melodico, como você encara essas bandas, que se preocupam em demasia com a melodia das músicas, muitas vezes deixando o peso de lado. Bandas como Sonata Arctica, Rhapsody, Angra, Shaman, Kamelot, etc...

ROOSEVELT: Sem muito rodeio? Só da pra ouvir meia hora de cada, em períodos espaçados. A melodia é sempre bem vinda, mas o tempo todo, com aquela mesma levada de dois bumbos, chega o momento em que cansa. Nessa hora é melhor recorrer a algo mais simples e direto, ou algo mais pesado e desgracento. Reconheço todo o valor e a importância dessas bandas, pois introduziram o virtuosismo no metal, o que foi mais uma evolução. Mas... pessoalmente, entre 50 notas executadas com perfeição e velocidade e as três básicas do rock’n’roll... ainda fico com a simplicidade e feeling dos anos 70 e 80.

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METALFIELD: Em que epóca você acha que o metal esteve mais em destaque, ou teve mais apoio dos headbangers... anos 80 ou hoje em dia?

ROOSEVELT: Antigamente o público era muito menor, porém, extremamente fiel e unido. Antes da quebração do metal(Death, Thrash, Speed, Black, White), todo headbanger ia a todos os shows, independentemente de estilo. Logicamente que cada um tinha sua predileção, mas o movimento era forte, sem radicalismos, que por sinal foi a grande causa do enfraquecimento do movimento. Certamente hoje o número de bangers é muito maior, as facilidades de divulgação e comunicação cresceram, mas a divisão entre as diversas tribos ainda continua. Não chega a ser radical, porém prejudica a unidade do movimento.

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METALFIELD: Gostaria de fazer uma pergunta mais pessoal Roosevelt. Como é ser o vocalista e baixista de uma das primeiras bandas de heavy do Brasil, ser um Headbanger e ser um pai de familia? Como você encara isso?

ROOSEVELT: É simples, veio. Minha esposa me conheceu desse jeito e, talvez por isso mesmo, tenha gostado de mim. Ela não chegou a ser metal como eu, mas com jeitinho eu consegui trazer ela pro nosso lado. Atualmente ela gosta de muita coisa do metal. Minha filha, coitada, veio parar nessa família de malucos, não teve escolha. Aos dois anos ela já tinha 6 dvds do Kiss e gostava de dormir vendo Black Sabbath. Cheguei a ficar preocupado. Mas, depois ela virou uma criança normal, ou quase.

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METALFIELD: Para finalizar, gostaria que você desse uma conclusão final sobre o cenário do metal no Brasil e mandasse um recado para a galera do Metalfield (forum onde inicialmente irei publicar essa entrevista) e para toda a galera do Brasil. Obrigado pela paciência e atenção Roosevelt, continue firme levando o poder do metal para todos!

ROOSEVELT: Se alguém tem de agradecer aqui sou eu, véio, pela oportunidade de contar alguns detalhes da nossa difícil, porém, gratificante trajetória na estrada do rock e do metal. Espero que os leitores do Metalfield tenham gostado de saber nessas entrelinhas como foi o início do movimento metal brasileiro e que sirva de incentivo pra todos aqueles que acham que é impossível sonhar tão alto, que as coisas só acontecem com os outros. Tudo que se faz com vontade e determinação tem grande chance de dar certo, mesmo contra tudo e contra todas as previsões pessimistas, sempre há um caminho que tem de ser percorrido passo a passo, até que um dia você consegue uma vitória... e outra... e assim por diante. Um grande e pesado abraço a todos, especialmente pra ti, Marcos. Valeu!

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