Matérias Mais Lidas


David Bromberg: Todo o blues e nada mais que o blues

Resenha - Blues, the Whole Blues and Nothing But the Blues - David Bromberg

Por André Espínola
Postado em 09 de novembro de 2016

A edição nº 297 do jornal Delta Times-Dispatch anuncia na capa que a banda David Bromberg está sendo acusada de "low down, dirty country blues". De pé no tribunal, o defensor promete: "The Blues, the Whole Blues and Nothing But the Blues". Enquanto isso, no canto superior esquerdo, o jornal anuncia o clima: "The Sky is Crying, tears all down the streets".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 1

É com essa irreverência e bom humor que David Bromberg apresenta seu novo trabalho, The Blues, the Whole Blues and Nothing But The Blues. Bromberg é um grande multi-instrumentista que tem uma carreira longa e bem sucedida, que transita pelas raízes da música popular norte-americana, do blues, passando pelo folk, country e rock. David Bromberg é um músico e compositor que já está nesse meio há mais de meio século. Como músico de estúdio, Bromberg participou de gravações de gente bem pequena, como Bob Dylan, Ringo Starr, Bonnie Raitt, Willie Nelson, dentre outros. Acabou construindo uma extensa e respeitável carreira solo, com discos cuja variedade estilística e o bom humor são marcas registras.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 2

Como a própria capa e o título do álbum sugere, Bromberg aqui está tocando blues. De ótima qualidade, por sinal. Como era de se esperar, a banda é impecável, tudo bem organizado e orquestrado, mas mesmo assim com aquele ar de organismo vivo, em constante movimento. O álbum apresenta várias regravações de clássicos do blues. Pode parecer fácil, mas tocar clássicos do blues é sempre um desafio, porque normalmente o ouvinte tem inúmeras outras referências dessa mesma faixa, que vem à mente e que, mesmo inconscientemente, compara e classifica. Nesse sentido, Bromberg se sai muito bem, desde o pontapé inicial. "Walkin' Blues" é uma das músicas mais regravadas do blues e para dar um toque especial, Bromberg deixa ela mais lenta e marcada, criando espaços para solos e improvisos. "How Come My Dog Don't Bark When You Come 'round", um antigo clássico do blues, é uma das faixas que Bromberg usa seu conhecido humor nas letras e usa também seus dons no violino. "Kentucky Blues" segue com a grande variedade de instrumentos já apresentada na faixa anterior, característica sempre presente de Bromberg.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 3

Outra canção bem conhecida do blues que ganha uma versão aqui é "Why Are People Like That", muito conhecida pela versão de Muddy Waters, cheia de solos de guitarra e uma sessão de instrumentos de sopro muito interessante. "A Fool For You", de Ray Charles, fica totalmente acústica, bem diferente da original, difícil até mesmo reconhecê-la; outra faixa em que Bromberg empunha somente o violão é a balada "Delia", tocada em dueto com Larry Campbell na guitarra e slide. "Eyesight to The Blind", clássica música de Sonny Boy Williamson II, também entra na lista. A faixa título é a descrição exata da capa do disco: "I want to take the stand, and raise up my right hand, get me a stack of bibles ten feet high, I want a jury of my peers, cause I need everyone to hear, I’m ready to testify, it was my best friend and my wife, cleared destroyed my life, and made my worst nightmare come true, that’s the Blues, the Whole blues and Nothing but the Blues". É, pegar a mulher com o melhor amigo é o blues, inteiramente o blues e nada mais que o blues.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 4

A qualidade se mantém praticamente pelo disco inteiro, mas três faixas se sobressaem diante das outras. A primeira é "900 Miles", um cover bem empolgante, que faz com que você se envolva com a letra, de quem está a novecentas milhas longe de casa, ansioso por voltar pra casa, mas tem que esperar o trem chegar apitando lá de longe. A faixa seguinte também empolga bastante, "Yield Not To Temptation", uma acelerada música gospel que vem para acalorar os ânimos na igreja. Mas sem dúvida é "This Month" que é a melhor faixa do disco. A letra é sensacional, e o slow blues, intermediado por solos profundos de guitarra, deixa você tenso e com vontade de rir pela má sorte do protagonista, afinal, não é todo mundo que é deixado pela mulher quatro vezes no mesmo mês. O jeito de Bromberg canta essa, sem um padrão, típico de alguém desesperado com a situação absurda e inaceitável, improvisando no meio do verso que teoricamente tinha só um caminho a seguir, deixa tudo melhor. Perfeito. O disco termina com a cover da clássica "You Don’t Have To Go".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 5

A única falha do disco é não ter muito músicas de própria autoria. No mais, The Blues, The Whole Blues and Nothing But The Blues é exatamente o que o título sugere, mostrando ainda que, além do blues, todo o blues e nada mais que o blues, Bromberg ainda consegue apresentar variações bem interessantes, deixando o álbum ainda mais rico.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - TAB 6
Compartilhar no FacebookCompartilhar no WhatsAppCompartilhar no Twitter

Siga e receba novidades do Whiplash.Net:

Novidades por WhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps




publicidadeAdriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | Alex Juarez Muller | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Efrem Maranhao Filho | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacker | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jesse Alves da Silva | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Jorge Alexandre Nogueira Santos | José Patrick de Souza | Juvenal G. Junior | Leonardo Felipe Amorim | Luan Lima | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcus Vieira | Maurício Gioachini | Mauricio Nuno Santos | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Richard Malheiros | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Siga Whiplash.Net pelo WhatsApp
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Sobre André Espínola

André Espínola, recifense, estudante de História e apaixonado por música, quer levar um pouco de sua paixão para os outros, resenhando sobre novos lançamentos e pagando tributo aos clássicos e às nossas raízes musicais, sobretudo o Blues, Rock e Jazz, cuja missão básica é dizer aos quatro cantos: "a boa música nunca morrerá!". Possui o blog Filho do Blues, onde escreve e edita textos sobre as novidades musicais do mundo do rock, indie e blues.
Mais matérias de André Espínola.

 
 
 
 

RECEBA NOVIDADES SOBRE
ROCK E HEAVY METAL
NO WHATSAPP
ANUNCIAR NESTE SITE COM
MAIS DE 4 MILHÕES DE
VIEWS POR MÊS