Primeira edição do Summer Breeze Brasil entregou o que prometeu e deixou boa impressão
Resenha - Summer Breeze Brasil (São Paulo, 29 e 30/05/2023)
Por Mateus Ribeiro
Postado em 03 de maio de 2023
A primeira edição do Summer Breeze Brasil foi realizada nos dias 29 e 30 de abril, no Memorial da América Latina, localizado em São Paulo. Dezenas de bandas se apresentaram em quatro palcos diferentes (um deles, exclusivo para quem adquiriu o Summer Breeze Lounge Card) e fizeram a alegria de milhares de fãs que compareceram ao evento.
Fotos: Liny Oliveira
Escalação das bandas
O Summer Breeze Brasil ganhou pontos positivos quando anunciou a escalação das bandas. A organização do festival escolheu nomes de muitos estilos da música pesada, do grunge ao death metal, passando pelo thrash, pelo heavy e pelo power metal. Ou seja, tinha música de qualidade para todos os gostos.
A escalação do Summer Breeze também mesclou o passado e o presente. Accept, Kreator, Sepultura, Testament, Skid Row, Blind Guardian, Stratovarius e Grave Digger dividiram espaço com bandas mais novas e modernas, como Bury Tomorrow, Crypta, Parkway Drive, Beast In Black, Finntroll e Project46.
O público
Pessoas de todas as idades e de todos os gostos compareceram ao Summer Breeze. Ao dar uma volta pelo local, era possível ver jovens e adultos com camisetas de bandas das mais variadas vertentes da música pesada.
Estrutura
Um evento do porte do Summer Breeze precisa de uma boa estrutura para rolar sem maiores problemas. E felizmente, tudo correu bem, exceto pelos banheiros químicos, que sempre são uma aventura (principalmente para as mulheres) e pelos bebedouros, que deveriam estar bem escondidos, pois este redator não encontrou nenhum.
A distância entre os palcos era grande e cansativa, já que a rampa que ligava os locais era um verdadeiro desafio, ainda mais para quem estava com mochilas pesadas. Porém, a travessia não levava mais do que cinco minutos.
O som
Aqui temos um dos poucos pontos negativos da primeira edição do Summer Breeze Brasil. O som estava alto demais em alguns shows, o que gerou reclamações por parte de algumas pessoas que moram nas proximidades do Memorial.
Pois bem, agora que foram feitas as devidas apresentações, é hora de falar um pouco sobre os shows do evento.
Sábado de sol
O primeiro (e ensolarado) dia de Summer Breeze começou com o Brutal Brega, projeto que conta com João Gordo e toca grandes clássicos da música nacional em versões pesadas. O show foi muito divertido e o público presente gostou muito dos covers feitos pelo irreverente grupo brasileiro.
O Benediction foi escalado para tocar no Ice Stage e fez uma apresentação competente. O grupo inglês fez um show muito bacana e presenteou seus fãs, que ficaram sob um sol forte para acompanhar Dave Ingram e seus camaradas.
Depois de ouvir a porradaria do Benediction, foi hora de conferir o talentoso cantor Marc Martel. Acompanhado de uma banda muito boa, Marc interpretou clássicos inesquecíveis do Queen, como "We Will Rock You", "We Are The Champions", "Bohemian Rhapsody", "Radio Ga Ga", "Under Pressure" e "Somebody To Love".
Um show emocionante, que fez os fãs de Queen voltarem no tempo e se lembrarem do grande e inesquecível Freddie Mercury.
Por falar em gênios que se foram, músicos das bandas Viper, Angra e Shaman homenagearam Andre Matos, saudoso vocalista e maestro que faleceu em junho de 2019. A seleção do metal nacional emocionou os fãs com clássicos do calibre de "Carry On", "Lisbon", "Fairy Tale" e "Make Believe".
Uma das atrações mais aguardadas do Summer Breeze, o Skid Row fez um show excelente. Erik Grönwall é um ótimo vocalista e mostrou todo seu talento cantando músicas novas e clássicos imortais do lendário grupo estadunidense de hard rock.
Como escreveu o redator André Garcia, o Skid Row mostrou que não precisa mais de seu vocalista clássico.
O público não teve muito tempo para se recuperar após a ótima apresentação do Skid Row, pois minutos depois, o Sepultura subiu no palco. E não há muito para falar sobre a maior banda da história do metal brasileiro que não tenha sido falado ou escrito. Andreas Kisser e seus talentosos companheiros de banda fizeram uma apresentação impecável, que contou com músicas atuais e os hits da era Max Cavalera.
O relógio estava próximo das 17:30 quando o Lamb Of God deu as caras. O quinteto, que estava desfalcado do guitarrista Willie Adler, fez um show brutal, pesado e técnico, que proporcionou rodas enormes.
A banda mesclou clássicos do passado, como "Laid To Rest", "Redneck" e "Walk With Me In Hell" com músicas dos trabalhos mais recentes. Um dos melhores shows de todo o festival, sem sombra de dúvidas. Porrada pura.
A banda Stone Temple Pilots teve a ingrata missão de fazer um show depois do Lamb Of God. Apesar de ser um rojão difícil de segurar, o grupo mandou bem em uma apresentação onde os destaques óbvios ficaram por conta das clássicas "Sex Type Thing", "Interstate Love Song" e "Trippin' On A Hole In A Paper Heart".
Infelizmente, Stone Temple Pilots e Accept tocaram ao mesmo tempo. Quem gosta das duas bandas teve que fazer uma escolha que certamente foi muito difícil. Apesar do conflito de horários, ambos os shows contaram com grandes audiências.
Para encerrar o primeiro dia de festival, os alemães do Blind Guardian. A veterana banda de power metal, que não se apresentava no Brasil desde 2015, voltou no tempo e tocou grande parte de seus clássicos. Os fãs dos trabalhos antigos foram presenteados, principalmente com a execução do sensacional "Somewhere Far Beyond" (1992) na íntegra.
[an error occurred while processing this directive]Hansi Kürsch e sua trupe fizeram um ótimo show, que fechou o primeiro dia de Summer Breeze Brasil com chave de ouro.
O domingo
Domingo não foi dia de descanso ou de Programa Sílvio Santos para milhares de headbangers, que enfrentaram um sol escaldante e curtiram o segundo dia do Summer Breeze Brasil.
Logo de cara, o Krisiun fez um show extremamente pesado e técnico. Alex Camargo, Moyses Kolesne e Max Kolesne mostraram porque são um dos maiores nomes da história do metal brasileiro. Além de tocar seus clássicos, o trio gaúcho também executou uma ótima versão de "Ace Of Spades", do Motörhead.
Pouco tempo depois do show do Krisiun, foi a vez dos fãs de heavy metal tradicional curtirem o Grave Digger. E o grande público que enfrentou o sol do meio-dia para conferir o show não se decepcionou, pois o grupo alemão tocou as clássicas "Highland Farewell", "The Dark Of Sun", "Heavy Metal Breakdown" e "Rebellion (The Clans Are Marching)".
A banda sueca de hard rock H.E.A.T fez um dos shows mais bacanas do festival. Esbanjando técnica e energia, os músicos tocaram músicas que fizeram o público se sentir no final da década de 1980.
[an error occurred while processing this directive]O principal destaque do H.E.A.T é o talentoso e carismático vocalista Kenny Leckremo, que além da sua voz, chamou a atenção pelo seu traje totalmente oitentista.
E por falar em anos 1980, após o show do H.E.A.T, foi a vez de ninguém menos que o Testament. Os titãs do thrash metal fizeram um show muito legal e executaram pauladas de várias fases de sua gloriosa carreira, como "Over The Wall", "Into The Pit", "Rise Up", "Children Of The Next Level" e "D.N.R.".
Todos os músicos do Testament fizeram um ótimo trabalho. Alex Skolnick e Eric Peterson formam uma das melhores duplas de guitarristas do thrash. Steve DiGiorgio é um monstro no baixo e o baterista novato Chris Dovas caiu como uma luva e substituiu Dave Lombardo com maestria. Chuck Billy é um frontman monstruoso, que canta muito e tem uma presença de palco muito marcante.
Quem gosta de técnica foi presenteado com um show do The Winery Dogs, grupo formado por três monstros do rock/metal: Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mike Portnoy. Uma apresentação muito correta, que serviu como um ótimo cartão de visitas para quem não conhece muito o trabalho do trio, caso deste redator que vos escreve.
O segundo dia do Summer Breeze Brasil estava acabando e o cansaço estava batendo, mas ainda havia tempo para o show do Kreator, que foi um dos pontos mais altos do festival. Mille Petrozza estava com sangue nos olhos e comandou um espetáculo que mexeu com os sentimentos dos fãs de thrash metal.
"Violent Revolution", "Enemy Of God", "Pleasure To Kill", "Hate Über Alles", "People Of The Lie", "Flag Of Hate" e "Phobia" levaram o público ao delírio e mostraram que o Kreator continua em ótima forma.
A Alemanha continuou sendo bem representada pelo projeto Avantasia, que fez uma das apresentações mais emocionantes de todo o Summer Breeze. Tobias Sammet contou com a participação de nomes como Eric Martin, Ralf Scheepers, Bob Catley e Adrienne Cowan e comandou um show épico.
Por fim, coube aos australianos do Parkway Drive a missão de fazer o último show do Hot Stage. O competente grupo de metalcore fez uma apresentação que trouxe muita pirotecnia e efeitos de luzes. As clássicas "Prey", "Wild Eyes", "Karma", "Sleepwalker" e "The Void" foram os momentos mais marcantes do show de uma banda que merece mais respeito do que recebe.
Enquanto o Parkway Drive estava tocando, o Sun Stage recebeu o show do Stratovarius. Infelizmente, tive que escolher entre uma banda e outra, mas no final do show do grupo australiano, o Mateus adolescente falou mais alto e corri para conseguir pegar as últimas músicas da banda finlandesa de power metal: "Black Diamond", "Forever", "Unbreakable" e "Hunting High And Low".
O Stratovarius, que dispensa comentários, esbanjou feeling e técnica nas quatro músicas acima citadas e emocionou o público. Porém, na opinião deste que vos escreve, o grupo poderia ter se apresentado em alguns dos palcos principais.
No final das contas, o saldo do Summer Breeze é extremamente positivo. Desde a escolha das bandas até o último minuto do evento, tudo pareceu correr bem. A organização do evento mostrou que um festival não precisa necessariamente de dinossauros do metal para funcionar bem. Que essa receita se repita em 2024 e os headbangers brasileiros possam curtir esse baita festival, que entregou tudo o que prometeu.
Valeu, Summer Breeze Brasil. Nos vemos em 2024!
Summer Breeze Brasil 2023
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