Guns N' Roses: Uma das apresentações mais esperadas do Rock In Rio
Resenha - Guns N' Roses (Rock In Rio, Rio de Janeiro, 23/09/2017)
Por Rudson Xaulin
Fonte: Rudson Xaulin
Postado em 24 de setembro de 2017
Uma das apresentações mais esperadas do Rock In Rio foi a do GUNS N’ ROSES. A banda que estava trazendo SLASH e DUFF de volta ao palco principal do maior festival de música do mundo, fez o que pode para agradar os fãs presentes. O inicio do show se deu com o logo da banda ecoando por todos os telões, seguido da já tradicional cantiga infantil, e do grito histérico de quem pedia pela entrada da banda ao palco. Não demorou muito para que AXL ROSE e sua gangue dessem as caras, e IT’S SO EASY foi o hino de abertura do show, que duraria mais de três horas e meia...
Guns N' Roses - Mais Novidades
De imediato ficou claro que AXL não estava em uma noite muito favorável para o seu tradicional vocal "rasgado", visto que o vocalista vinha fazendo bons shows com o próprio GNR e shows apoteóticos com o AC/DC, mas alguns desinformados já saíram dizendo que sua voz "isso ou aquilo", mas fato é que sim, AXL tem mostrado boas apresentações, principalmente com o AC/DC, mas no Rock In Rio, ele se esforçou muito para manter até mesmo o fôlego. Para quem é fã do grupo, nada de "anormal", mas para outros, um prato cheio para ataques ao vocalista. Algumas pessoas estranharam até mesmo o tamanho do set e tempo de duração, coisas que o GNR vem fazendo há tanto tempo, que para outros, isso é dentro da normalidade do grupo.
Seguimos com MR BROWNSTONE, e ela de cara mostrou o que o baterista FRANK FERRER iria fazer varias entradas "estranhas" no inicio de quase todas as canções que viriam, bem como suas viradas, que deixam muitos admiradores da banda de cabelo em pé. Das "novatas", com quase uma década de existência, CHINESE DEMOCRACY apareceu primeiramente, com uma cara de SLASH, ela soou um pouco diferente, mas seguiu bem dentro do repertório do grupo, e ficou mais claro que as canções do disco que leva o nome desta faixa, estão sendo cantadas pelos fãs da banda como qualquer outra canção. Talvez AXL percebeu que elas não são mais as "músicas para ir ao banheiro", e se sente muito confortável em manter elas no set, mesmo não fazendo parte da criação de DUFF e SLASH.
Os berros de AXL ROSE apareceram em WELCOME TO THE JUNGLE, apenas na entrada, o drive quase sumiu no restante da faixa, mas isso não apagou o brilho do hino imortal que JUNGLE é, fazendo o Rock In Rio cantar e pular, como até então ainda não tínhamos visto. Essa música deixa claro que muitos que apontam para o vocalista um canhão de críticas, nem entendem que seu recurso vocal se estende perante ao drive, que o consagrou. O mal uso, cirurgias, abusos durante sua vida, cobraram seu preço, não é apenas "fator idade", muito menos que vocalista A canta melhor que B, o buraco é um pouco mais embaixo com o líder do GNR. AXL sabe que não pode abusar muito, pois os problemas em suas cordas vocais podem ressurgir, ou até mesmo ele ferrar com o palato, tirando de vez o vocalista de cena. Isso não quer dizer nada, pois muitos ainda acham que FORTUS é IZZY, e isso é serio...
O set seguiu emendando clássicos com coisas mais "atuais", além de muitos covers que a banda sempre fez. Em DOUBLE TALKIN JIVE pudemos ver a nova integrante, MELISSA RESSE, ficar a maior parte do tempo de braços cruzados, o que esteticamente para um concerto ao vivo, é bem estranho. É como o goleiro que toma gol sem sair do lugar, que fica apenas olhando a bola, sem reação, cara, "faz aquele grau e se atira na pelota". Mas muitas vezes MELISSA foi o goleiro que não faz nada no meio do gol, imóvel, e como o restante da banda é um bando de tiozões desenfreados, volto a dizer, foi estranho de ver.
Tivemos espaço para BETTER e ESTRANGED na sequência, que obviamente fez muitos surtarem, outros cantarem, berrarem, chorarem, um carro chefe do grupo, e foi bonito ver ela de volta ao Rock In Rio. Talvez um dos melhores pontos de AXL tenha sido em LIVE AND LET DIE, o que também não é surpresa, o vocalista mandou muito bem aqui. Já em ROCKET QUEEN o vocalista tentou apenas manter o fôlego, e em YOU COULD BE MINE, como ele já faz há muitos anos, ele fugiu dos agudos, mas isso ele fez desde a criação da própria faixa, onde ele percebeu, após sua gravação, que havia deixado um belo registro em estúdio, mas uma grande dor de cabeça para o resto da sua vida em passagens dela no set ao vivo.
DUFF assumiu os vocais em ATTITUDE, nos dando um belíssimo mergulho nos anos 90 e nos tempos áureos do GNR. Tivemos espaço para THIS I LOVE, CIVIL WAR e pela primeira vez no festival, YESTERDAYS. Boa pedida para fãs de verdade da banda, foi COMA, que muitos até se perguntaram se aquela faixa era mesmo da banda, mas é, e uma das melhores! No meio desta, AXL ROSE deixou o "dedo do meio em riste", e aquele ar frio de que o vocalista poderia surtar e deixar o palco por qualquer motivo que fosse, sempre passa pela sua cabeça... Claro que o hino absoluto, marco mundial e atemporal, não poderia faltar, e para o deleite de todas as gerações, era a hora de SWEET CHILD O’MINE, e o Rock In Rio estava rendido!
Outra boa passagem vocal de AXL foi USED TO LOVE HER, que soou bastante com as versões que a banda fazia nos anos 90. Espaço para MY MICHELLE e deleite de milhares de súditos em NOVEMBER RAIN, outro ponto altíssimo do show, pela canção que é. Destaque de sempre para DIZZY, mas AXL segurou a onda, soltou a voz rasgada mais ao final e ainda tivemos a tradicional cascata de fogo ao fundo no palco, um bom momento do show... Em KNOCKIN’ ON HEAVEN’S DOOR, a banda sempre tem a chance de brincar um pouco com o público, e fez o de sempre: Cantem comigo!
A banda seguiu mesclando suas faixas com alguns covers, coisa que eles vêm fazendo há um bom tempo, nada de novo, alguns especularam isso ou aquilo, mas o GNR seguiu seu set quase que protocolar. Logo depois tivemos NIGHTRAIN, que deu um certo destaque a FORTUS e boa levada de AXL quando usou o drive. Em seguida, primeira pausa do show. No retorno do bis tivemos SORRY, PATIENCE e DON’T CRY, que também mostrou AXL indo bem nos vocais. Já sabíamos que estávamos chegando perto do fim, três horas e meia depois do inicio do show, a banda encerrou tradicionalmente com PARADISE CITY: Papel picado, fogos e canhões, muita correria no palco e os berros de AXL ROSE agradecendo por mais uma memorável noite na história do GNR.
Fato é que o GUNS N’ ROSES trás consigo clássicos, histórias obscuras, lendas e integrantes que ainda sobem no palco cheios de adereços, pulseiras, anéis, lenços, botas bico fino e cartola, a mágica do grupo ainda está lá, e para muitos é isso que importa. Ter AXL, DUFF e SLASH juntos, já basta, e eu acho que para o rock n’ roll, também. O GUNS N’ ROSES está no limite da fronteira da última grande safra de bandas gigantescas do rock n’ roll mundial, o que veio depois deles? A grande maioria até já nos deixou, ou sumiu lentamente, e mais uma vez o semblante que o rock nos deixa apreensivos com o seu futuro, assusta. Por isso precisamos aproveitar o que ainda nos resta, da maneira que pudermos.
Comente: O que você achou do tão esperado show?
Rock In Rio 2017
Outras resenhas de Guns N' Roses (Rock In Rio, Rio de Janeiro, 23/09/2017)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps