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Ponto CE: Dark Syde, Obskure, Andre Matos, Pato Fu e mais

Resenha - Ponto CE (Praça Verde, Fortaleza, 22/04/2016)

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 03 de maio de 2016

A décima edição do festival Ponto CE encerrou-se neste final de semana com muitos shows que, por um motivo ou outro, foram memoráveis. Iniciada ainda no começo do mês, com show da mais brasileira das bandas gringas, o SOULFLY (resenha abaixo), a programação musical do festival (que também investe ou outras manifestações artísticas) teve duas noites de shows na Praça Verde do Dragão do Mar com shows temporões de ANDRE MATOS e PATO FU, com uma banda veterana, a DARK SYDE, se despedindo enquanto outra veterana estreando música nova, a OBSKURE, além de COLDNESS e MAFALDA MORFINA, dois dos mais promissores nomes do rock e metal cearense (cada qual em seu estilo) com a competência de sempre, além de shows dos vizinhos quase europeus CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA e as novidades DONA CISLENE, OLD BOOKS ROOM e PROJETO RIVERA. Uma diversidade de estilos, heavy metal, death metal, power metal, rock alternativo, pop rock, rock experimental, tudo junto na Praça Verde (até pensamos em enviar duas resenhas, mas, que o Whiplash não separe o que o Ponto CE uniu). Confira abaixo como foram as duas últimas noites de mais esta edição do festival, que teve produção da Empire e patrocínio do Governo do Estado e de empresas como a Oi e Coelce. Cada ingresso para uma das noites de shows na Praça Verde do Dragão do Mar pode ser trocado por dois quilos de alimento, que ao final do festival, teriam instituições sociais como destino.

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Confira no link abaixo a resenha da primeira noite do festival.

DARK SYDE

Às vésperas do festival, os headbangers cearenses foram pegos por uma péssima notícia através das redes sociais de alguns de seus integrantes, o guitarrista e fundador Tales Groo e o vocalista Marcelo Falcão anunciaram que a DARK SYDE encerraria as atividades e que o show de sexta-feira, 22, seria o último. Marcelo deixaria a banda por razões pessoais e a banda optaria por não substituí-lo (tem banda que deveria seguir o exemplo, né?). Mas, ao invés de tristeza, o bota-fora da DARK SYDE foi feito com muita energia e mosh, que começou com sons do último disco, como "Legacy of Shadows" e "Human Pest Control", com seu solo avassalador. O que a princípio pareceu uma invasão de palco se mostrou ser uma das muitas surpresas que haveriam no show, com a participação de Rodrigo Viana nesta última.

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João Júnior (TOTAL ECLIPSE/FINAL PROPHECY) também foi convidado para a próxima, "Born For War", que foi quando ficou perigoso ficar no centro com os bangers completamente enlouquecidos no mosh. Aos gritos de "Dark Syde", "Dark Syde", "Dark Syde" do público, a banda trouxe de volta "Bubonic", que nunca deveria ter saído do setlist (e que hajam setlists para tê-la) e viu até uma pequena wall of death se formar em "Sacrificed Parasites". Outra que foi resgatada especialmente para este show foi "Suicide", executada nos longos idos de 91, no primeiro show da DARK SYDE, quando ainda tinha seu antigo nome. "Fragments of Time" veio para fechar com chave de ouro e mais convidados: Rodrigo Batera, Aurelio Fonteles no vocal, Renato Filtro no baixo, todos de antigas formações da DARK SYDE, assumiram seus antigos postos, enquanto o batera bosco ficou agitando com o baixista e batendo e fazendo mosh em pleno palco. A festa no palco terminou com abraços, em uma despedida que não falaram. Que seja uma vírgula, não um ponto final (é clichê, mas assim como tantas bandas voltaram e até voltaram a suas formações clássicas, como o BLACK SABBATH, a DARK SYDE pode voltar). Bandas como o já citado SABBATH são essenciais para o metal mundial e a DARK SYDE é essencial para o metal cearense.

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OBSKURE

A veterana OBSKURE, outra que está na raiz do metal cearense, foi a próxima no palco, com o peso do seu death metal singular, baseado tanto na agressividade dos riffs de Amaudson Ximenes, do peso de sua cozinha (Jolson Ximenes e o novo baterista Mardonio Malheiros - este na difícil missão de substituir Dângelo Feitosa) quanto nas melodias dos solos fantásticos de Daniel Boyadjian e da harmonia proporcionada pelos teclados de Fábio Barros. Depois de "Anxious Passage Relief", o vocalista Germano Monteiro, declarou estar feliz por estar no palco do PONTO CE e anunciou uma canção que estará no novo trabalho.

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Para quem acompanha a carreira do OBSKURE, poder ver e ouvir uma canção nova e saber que o terceiro CD está bem próximo é uma grande alegria, uma vez que a banda havia demorado quatorze anos entre o primeiro e o segundo full-length. Teve quem chamou a canção de "Eduardo Cunha", mas seu nome é "Sacrifice of the Wicked". O som tem uma intro bem doom, noturna, obscura (e por que não?), até transformar-se em urgente e merecer não menos que muitas rodas de mosh. "Christian Sovereign", single do álbum "Dense Shades of Mankind" também não poderia faltar. Germano ainda complementou que se sentia orgulhoso não só pelo metal, mas pelo movimento social que o festival representava, com a doação de alimentos. Para finalizar o show, ele falou da DARK SYDE. "vamos dedicar esta aos nossos brothers e vamos torcer pra essa estória não acabar". A canção, ou melhor, as canções foram "1985" e "Thrasher's Abbatoir", covers do CARCASS. Enquanto Daniel Boyadjian mostrava todo o seu talento na punjente intro, o povo da roda aguardava ansioso por mais violência.

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COLDNESS

Louca por mais metal, a plateia fazia coro até para o que rolava entre uma banda e outra, como o clássico do IRON MAIDEN, "Aces High", mas não demorou muito para que a intro "Becoming The Passenger" servisse de pretexto para que Lenine Matos invada o palco e cantasse "Failure In Your Eyes" e "Turnaround Motion", duas belas canções de seu recente álbum "Intervention".

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Canções do primeiro, "Existence", ainda gravado sem a voz de Lenine, também marcaram presença, como "Justify Your Existence" e "Legacy of a King". Gabriel Andrade, teclados, se destaca mesmo tocando com esforço por causa de uma doença. Lenine Matos, como habitual, comanda com competência o quinteto no palco, emite agudos com emoção, brinca com o pedestal e até finge dedilhar algumas notas na guitarra de Yago Sampaio em "Profundis Fati". O baixo de George Rolim também se destacava bastante. "Tormented", com o bom trabalho de Pasknel Ribeiro, fechou o show.

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ANDRE MATOS

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Um problema que ameaçou a sexta-feira do festival foi a chuva que castigou a capital cearense durante todo o dia e ameaçava voltar a cair a qualquer momento da noite. Mas já sem o menor sinal de chuva e com a Praça Verde com uma boa lotação, "Here I Am" deu início ao show de Andre Matos e sua banda. "Que recepção. Muito obrigado", agradeceu o maestro antes que o cravo de "Lisbon" iniciasse a linda canção. Sempre me incomodou a ausência de um tecladista, mas, pelo menos naquela noite foi suprida pelo público, que cantou junto toda a canção, até as notas nas teclas. Ato contínuo, Hugo Mariutti troca a guitarra por um violão e Rodrigo Silveira compete na bateria com o som de piano de "Make Believe" enquanto o público inteiro mantem as mãos pra cima

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"Na verdade, em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a presença de cada um de vocês, agradecer o convite...", começa Andre Matos, mas se interrompe para dar a mão a uma moça que gritava pelo Rodrigo e a ajuda a subir. A moça corre pra abraçar o baterista e quase não sai do palco.

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Continuando, ANDRE anunciou que está em fase de composição de músicas novas. E alertou: "Hoje, esse show quase foi ameaçado por causa da chuva, mas, graças aos nossos pedidos e de vocês, não está chovendo". Sempre muito educado, ele agradeceu às bandas que estiveram no palco antes, que conhecem há décadas e são veteranas.

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O show segue como um grande apanhado da carreira, com canções principalmente do ANGRA e do SHAMAN, todas cantadas com uma forte dose de teatro, com o Maestro comandando banda e pública exatamente como o que é: um maestro. ANDRE também lembrou quando tocou com o ANGRA pela primeira vez em Fortaleza e deixa a cortesia para mais tarde ao falar de um general da época: "Se tiver acordado, manda baixar o som de novo, cuzão".

Antes de "For Tomorrow", ANDRE avisou: "essa música não tem playback nenhum, então a gente depende da voz de vocês. E com o microfone apontando para o público, Dedé Matos pode até dar uma de Hansi Kursch e deixar o público cantar em seu lugar. E o público não se incomoda em fazê-lo. Depois de "Letting Go" vem "Fairy Tale", o maior clássico do SHAMAN. Música para ouvir de olhos fechados (assim é melhor para ver que a vida é boa).

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Comunicando-se o tempo todo com o público entre cada música, ANDRE falou dos músicos que o acompanhavam. "Sem nenhuma falsa modéstia, aqui vai uma carreira de mais de trinta anos, mas não seria nada sem meus amigos que estão entre os melhores músicos neste estilo no Brasil, na América Latina e, quiçá, no mundo". E brinca: "quero expressar meus agradecimentos ao André João, ao André Rodrigo, ao André Bruno, ao André Hugo..." E ainda lembrou de um locutor que, falando rápido demais e com sotaque carregado, os tinha chamado de Demasiban (Andre Matos e banda). "Parece nome de remédio! Demasiban, Demasiban, Demasiban".

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Adiante no show, João Miliet e Bruno Ladislau fazem solos colaborativos (faz sentido dizer isso?) dividindo com o público os holofotes e depois um com o outro. Hugo também colabora no finalzinho até que "Crossing" anuncia que o clássico do ANGRA, "Nothing to Say", está pra chegar. Eu queria saber tirar fotos pra fazer alguns registros de marmanjos cantando emocionados, botando pra fora o estômago. Felizmente o Yago estava lá pra ajudar nessa tarefa

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Com uma carreira tão rica, a bela "Innocence" é a primeira da noite de sua própria carreira, seguida de "Distant Thunder" e de uma breve pausa. Quando o quinteto volta ao palco, traz alguns dos maiores sucessos do ANGRA, os primeiros, "Carry On" e "Angels Cry". Todo mundo achou energia pra pular, enquanto Milliet e Mariutti se matam nas guitarras, o moleque ANDRE MATOS (com voz ainda quase a mesma de quando era moleque e cantava no VIPER", brinca com uma go pro no pedestal do microfone. Depois do show, um simpático Andre Matos nos atendeu no camarim para uma entrevista que será publicada em breve no canal do Detector de Metal. Aguardem.

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OLD BOOKS ROOM e RIVERA

Se a sexta-feira foi dedicada ao metal, o sábado foi mais variado, com outras vertentes do rock. Seria também o dia das mulheres, o sexo forte tão bem representado pelas vocalistas Fernanda Takai e Luciana Lívia, e pelo impresso nos baixos de Carla Keyse e Ana Morena. Não chegamos a tempo de ver todo o show das bandas OLD BOOKS ROOM e RIVERA mas pudemos atestar que são donas de um som interessante, com boas composições e com o tecladista da RIVERA merecendo muito destaque.

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"Sem Nome", uma das últimas canções da RIVERA merecia um nome à altura da complexidade. Ao fim do show, o vocalista exclamou: "o show não foi nosso, foi de vocês". Ambas as bandas estão na disputa para tocar no festival EDP Live Bands, em Portugal. Que cruzem o Atlântico pra representar bem o Ceará no Além-Mar.

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CAMARONES

E por falar em festivais europeus, a primeira coisa que vem à cabeça ao lembrar do nome da CAMARONES é o Primavera, onde os potiguares já tocaram. Com um rock n' roll nervoso, instrumental, potiguar, o quarteto CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA, que de orquestra não tem nada, foi a próxima banda a se apresentar. Impossível saber com exatidão o que estavam tocando. a não ser que você seja um fã incondicional da banda, capaz de decorar cada riff, mas, num festival plural como o PONTO CE, a ajudinha é necessária. Anderson Foca, com uma das guitarras, nem dava a ajudinha que dava em outros shows, dizendo o nome das músicas. Mas o fato é que era bom. E era empolgante. Pelo menos para uma parte do público.

As exceções foram "Cat Friend" que "fala" de quem tem animais de estimação e "Rytmus Alucynantis", que dá nome ao último álbum. O guitarrista convidado Alexandre Zampieri Capilé, a baixista Ana Morena, Foca e até mesmo o baterista dançavam o tempo todo (este último, na medida do possível, claro) enquanto entregavam uma mistura de rifferama e solos de guitarra pontuados pela cozinha potente do baterista e de Ana.

DONA CISLENE

A banda de Brasília, citada como revelação, trouxe seu rock-pop-alternativo com canções como "1 em 1.000.000", "Good Vibe", música de trabalho, e a "romântica" "obssessivo". O vocalista Bruno Alpino quem já os conhecia, recebendo as respostas do pessoal mais à frente do palco e até elogiando a sinceridade. Bruno pediu roda punk e foi atendido, mas, a um pedido de "Toca Raul" (sempre tem em festival, né?), prometeu aprender para a próxima. "Má Influência" é uma das melhores canções que eles mostraram por causa do "diálogo" entre guitarras e bateria e pelo baixo sobrando. Foi um show enxuto, enérgico, deve ter angariado mais fãs, mas não traz necessariamente algo tão inovador.

MAFALDA MORFINA

Luciana Lívia se junta aos amigos Renato Manteiga (Bateria), Thiago Arena (Guitarra) e Carla Keyse (Baixo) com sua cartola para cantar "A Velha a Tricotar Desilusões" e "Espelho". "É um prazer estar aqui na nossa terrinha", revela a vocalista antes de "Supra Desejo".

E se no show anterior, o bordão pedindo uma canção de Rauzito não foi atendido, dessa vez ele vem do próprio palco, de Luciana, que empolga com "Tente outra Vez". O baixo de Carla Keyse se destaca na versão atualizada do clássico de Raul.

Além de uma grande presença de palco, a gigante de metro e meio Luciana é autora de letras fortes e contundentes, como a de "Xícara Azul" e "Melhor Falar Com Estrelas". E ainda toca bateria. Depois de ouvir o instrumento "falar" (em uma gravação) chamando-a, ela assume o posto de Renato Manteiga no banquinho. Ele, por sua vez, vai para o microfone cantar "7 Nation Army", dos WHITE STRIPES. Carla e Thiago também trocando de lugar. A voz de Manteiga é limitada, principalmente quando comparada a de Lívia, mas o rodízio é um bom momento do show. Depois de um breve, muito breve, solo de bateria, a vocalista volta à posição original no palco e dedica "Olhos Loucos e Meu Coração" a quem partiu pra outro espaço (à irmã), com voz ofegante (acabara de brigar com as baquetas) mas ainda firme. Pedro e Breno, "dois fi d~ua mãe", guitarrista e baterista da formação original também fazem uma participação no show, que tem ainda um snippet de "Yesterday" (BEATLES) iniciando "Café com Leite", para namorados e namoradas, namoradas e namoradas, namorados e namorados. Mais BEATLES vem em seguida, agora com "Come Together", numa versão com peso até que "Sonhos Contrários" fecha o show.

PATO FU

O robô no telão de fundo de palco não deixava dúvidas. E "Cego Para As Cores" foi a primeira canção de Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Lulu Camargo e um novo baterista, o PATO FU, em um show que demorou muito, muito tempo para acontecer. Lá pelo meio do show, Fernanda lembraria que o último show da banda no Ceará (como PATO FU "grande", repito) foi em 2004, no Ceará Music. Saudando o público, Fernanda Takai, voz e violão, lembrou que estavam ali como o PATO FU "grande", sem brinquedo, velho de guerra antes de "Eu Era Feliz". Eu explico, desde o lançamento do CD e DVD "Música de Brinquedo" a banda tem excursionado com instrumentos de tamanho diminuto, teatro de fantoches e repertório de medalhões da música. Confira abaixo uma resenha de um desses shows, que tem feito tanto sucesso que chegaram a eclipsar o PATO FU "grande".

Era também notável a quantidade de crianças na Praça Verde. Esperamos que os pais não os tenham levado acreditando tratar-se de mais um show direcionado aos pequenos. Houve divulgação nos dois maiores jornais da cidade e em outros veículos qual seria a real natureza do show. Entre canções novas e clássicos como "Perdendo Dentes", o público até podia tomar o lugar da banda e cantar. O gravíssimo baixo de Koctus e a letra até poderiam fazer de "Ando Meio Desligado" uma canção stoner, não fosse a doçura da voz de Takai. Não, não pode ser stoner com essa voz.

No telão de fundo, as imagens fazem parte do show na ótima "Crédito Débito", seguida da versão pop açucarada do PATO FU para "Eu Sei". A letra? A letra é do maior letrista do rock brasileiro. O guitarrista e mentor John Ulhoa, cada vez mais parecido com um Tom Morello "minerin" assume os vocais em "Ninguém Mexe com o Diabo", canção que lembra mais o PATO FU do primeiro, e talvez do segundo disco. Se o público tem cantado junto com os artistas todas as canções durante o Ponto CE, "Made In Japan" com letra em japonês tornou as coisas um tanto mais difíceis. Mas foi interessante notar que muitos conheciam trechos da letra. Se sabiam o que significavam as palavras é outra estória.

"Não deu nem pra pegar uma prainha hoje. Ontem tava chovendo. Hoje eu estava desanimado", confessa Koctus, que assume os vocais em "Pra Qualquer Bicho". "Nessa canção, quem cantou com a gente foi o RITCHIE. Hoje aqui é o cover do RITCHIE, o Rick", brincou.

Há uma coisa que não entendo nos músicos. Nós, pessoas normais, fugimos da dr. Eles fazem suas "Tears In Heaven" e ficam mastigando, ruminando a dor. Talvez seja uma forma de vencê-la, Talvez seja até melhor. Eu falo de "Canção Pra Você Viver Mais", que veio entre os sucessos "Eu" (do "Graforreia Xilarmônica, gravado no álbum "Ruido Rosa") e a bobinha "Antes Que Seja Tarde". Já "You Have To Outgrow Rock n' Roll", mais uma do disco novo, "Não Pare Pra Pensar", fala dos tempos de skatista de John. Fernanda lembrou que o marido passara 20 anos sem andar de skate por causa de dores nos joelhos. Ele disse: "essa terra tem muito surfista, mas eu vou dedicar essa aos skatistas da cidade". Eles lembraram também que normalmente em shows de festival normalmente fazem um show mais curto, mas, agradecendo a produção, que dissera que "tá liberado", incluíram "Um Dia de Seu Sol", mais uma do disco novo no setlist, "depois" de "Depois".

Fechando o show, "Sobre o Tempo", do "Gol de Quem?", um dos álbuns mais criativos do rock nacional, com Takai assumindo a guitarra. Uma pausa e o "minerin" John exclama "inda bem que cês pediro pra gente voltar". E eles voltam com a feminista " O Filho Predileto do Rajneesh". E é verdade: Fernanda Takai faz graves. Está longe de um Germano Monteiro (muito longe), mas faz. Com toda a banda com estilosos óculos, " Uh Uh Uh, Lá Lá Lá, Ié Ié!", do "Toda Cura Para Todo Mal" fecha a noite e o festival.

Enfim, foi uma maratona de três noites de festival, com grandes bandas, com grande produção. Se o público deixou a desejar nesta ou naquela noite, quem mais perdeu foi quem não foi. Haverá uma nova edição do festival em novembro, mas a chance de rever bandas que não tem aparecido tão constantemente por aqui e de estilos tão diversos. Quem foi a uma das três noites pode ver dois dos maiores nomes do metal nacional, Max Cavalera e ANDRE MATOS, este dando uma pausa na preparação para um novo disco. Também pode ver o PATO FU, dando uma pausa nos shows infantis e, principalmente, conhecer música nova da OBSKURE e se despedir da DARK SYDE, além das outras bandas que mostraram que no Ceará há bandas de muita qualidade (COLDNESS, JACK THE JOKER, MAD MONKEES, MAFALDA MORFINA, RIVERA - ah, bota os vizinhos da CAMARONES nesse meio também. Até novembro, com a décima-primeira edição.

Agradecimentos:
Maurílio Fernandes, Rafael Neutral e Leandra Érika, pela atenção e credenciamento.
Yago Albuquerque e Luiz Alvez, pelas fotos que ilustram esta matéria.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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