Hatebreed e Napalm Death: Noite CORE na capital paulista
Resenha - Hatebreed, Napalm Death, Paura e Test (Carioca Club, São Paulo, 27/09/2014)
Por Durr Campos
Postado em 01 de outubro de 2014
Mais um sábado que voltei para casa com os ouvidos zunindo. Não estou reclamando, longe disto, até porque o motivo todo mundo já conhece: metal no pé da orelha! Desta feita tivemos em um mesmo pacote HATEBREED de Connecticut, EUA, muito bem acompanhado dos deuses do grindcore NAPALM DEATH e as bandas brasileiras convidadas PAURA e TEST. Vamos aos fatos e fotos.
TEST e PAURA
O Test estava ali mais pelo Napalm Death, penso eu. Sabe-se que Shane Embury os adora e sempre que pode dar aquela força ao duo mais barulhento da capital paulista. João Kombi (vocal/guitarra) e o exímio baterista Barata, um pavor de bom nas baquetas, possuem na bagagem demos, DVDs não oficiais, um 7" EP e seu debut "Arabe Macabre", lançado ano passado em CD e LP. As músicas são curtas, mas seu método despojado de tocar faz com que sofram novas configurações ao vivo. Por exemplo, se um deles precisa tomar um gole de cerveja ou mesmo passar uma toalha na cara, basta um sinal para que um riff seja estendido ou aquela batida seja repetida ao ponto de não prejudicar o repertório. Como sempre falo, os elementos de black e death metal ajudam naquele toque único à insanidade criativa deles. Destaques para a faixa que dá nome ao disco de estreia, a qual iniciou o set, além de 'Ele Morreu', 'M'Boi Mirim', 'Na Pele de Deus' e 'Deus II'. Uma ode ao barulho.
Por outro lado, o Paura estava mais para o público do Hatebreed. Belo balanço, eu diria. Fabio Prandini (vocal), Rogério FR (guitarra), Claudinei Ferreira (guitarra), Paulo Demutti (baixo) e o grandioso baterista Fernando Schaefer (ex-Korzus, Treta, Pavilhão 9, Rodox, Endrah, Sangue Inocente e atualmente também no Worst) vem promovendo o recém-lançado álbum "Tameless". Além das novas composições como 'Truth Hits Hard', 'Education' e 'N.W.A. (Never Walk Alone)', canções conhecidas a exemplo de 'Reverse The Flow', 'No Hard Feelings!? Fuck You!' e Bull Control', com direito a interlúdio de 'Angel of Death', do Slayer, fizeram o público suar. O Paura já possui 19 anos de carreira e sabe muito bem unir experiência e modernidade. Confira o vídeo de 'The Privilege', também tocada, logo abaixo.
Links Relacionados Test:
http://www.myspace.com/testdeath
http://www.noropolis.net/test.php
https://www.facebook.com/testgrind
Links Relacionados Paura:
http://paura.iluria.com/
https://www.facebook.com/paura3rdworld
NAPALM DEATH
Os coadjuvantes dentre as atrações gringas chegou ao palco mais parecendo protagonistas. Para este que vos escreve assistir Shane Embury (baixo), Mitch Harris (guitarra), Danny Herrera (bateria) e o indefectível vocalista Mark "Barney" Greenway sempre será um deleite. Aliás, não só para mim porque meus colegas jornalistas - pelo menos os que encontrei por lá - estavam mesmo a fim de conferir o Napalm Death. Creio que ninguém tenha saído do Carioca Club decepcionado. Inclusive o João Gordo e o Boka, vocalista e baterista, respectivamente, do Ratos de Porão, outra instituição da desgraceira. Ambos empolgadíssimos durante toda a destruição sonora do 'quarteto fodástico'.
O set-list foi inteligente, focando boa parte dele na magnânima estreia "Scum" (1987). Inclusive curti bastante que a 'Multinational Corporations' escolhida para abrir os trabalhos tenha sido a parte dois, aquela do mítico split em 7" "Napalm Death/S.O.B." (1989). Já do supracitado debut, logicamente não em sequência, tivemos as inesquecíveis 'Deceiver', 'Human Garbage', 'Life?', a faixa-título 'Scum', ovacionada pela galera com um mosh-pit de respeito, além das sensacionais 'Siege of Power', 'Success?', 'The Kill' e aquela que não poderia jamais faltar: 'You Suffer', a qual entrou para o livro de recordes Guinness à época como a canção mais curta do mundo. A danadinha possui míseros 1.316 segundos, mas sem deixa de ser letal como as demais naquele álbum.
Com o pessoal do Napalm Death não há cerimônias. Eles entram em cena e arrasam. Sempre! Mitch, agora de cabelos curtíssimos, ainda é o dono daqueles gritos outrora entoados pelo ex-baterista e fundador Mick Harris. Em 'Silence Is Deafening', logo na primeira parte do show, e 'The Wolf I Feed' mais adiante (esta até com vocais limpos do guitarrista), pudemos conferir isto. Em "Everyday Pox" senti falta da linha de saxofone do lendário John Zorn, compositor arranjador e produtor estadunindense o qual, em 1988, formou o folclórico Naked City como um 'workshop' de experimentações de vanguarda envolvendo o rock e mais precisamente o hardcore, mas havia ali muito de jazz, surf, erudito, heavy metal, grindcore, country, punk e outras pirações musicais. Desde aqueles tempos Shane & Cia. (assim como a rapaziada do Agnostic Front) já havia caído nas graças do multi-instrumentista doidão. Para conferir a versão em estúdio, presente no até aqui mais recente registro de estúdio do ND, "Utilitarian" (2012), basta dar um clique no vídeo mais adiante que separei para o caro leitor.
'Suffer The Children', do fabuloso "Harmony Corruption" (1990), versa sobre o que a banda denomina como "a escória que assola os seres humanos", isto é, as religiões. Coisa linda! Não há quem desgoste de algo assim. Se há nem quero saber. Pegada animal, os caras não perderam a mão com o passar das décadas. Barney: "Esta fala sobre igualdade sexual. O que você faz em sua intimidade não tem nada a ver com a igreja ou porra nenhuma", berrou. Era hora de 'Errors in the Signals', outra das "novas". A postura anti-homofobia do quarteto é lendária, assim como perante quaisquer tipos de preconceitos, fascismo, ditadura e extrema-direta pelo mundo afora. Só não tenho muita certeza de todos os presentes ali entederam a mensagem ou pelo menos praticam o mesmo que seus ídolos no cotidiano.
A massa sonora absoluta em 'Protection Racket' foi outro destaque. Barney berrava como se seus pulmões fossem saltar. Tem algo de Sepultura nela. Algo como se Inner Self fosse refeita para o Chaos AD, saca? Depois dela apenas clássicos. Como já citei mais acima vários deles, finalizo mencionando honrosamente 'Mass Appeal Madness' - prova de que são de fato líderes e não seguidores, o hino 'Nazi Punks Fuck Off' do Dead Kennedys e a derradeira no repertório, 'Siege of Power', aqui na versão do EP "Suffer the Children" (1990). "Use your brain, my friends!", bradou o vocalista antes dela. Não poderia ter dito melhor.
Set-list Napalm Death:
Multinational Corporations, Part II
Silence Is Deafening
Everyday Pox
The Wolf I Feed
Suffer the Children
When All Is Said and Done
Unchallenged Hate
Human Garbage
Errors in the Signals
On the Brink of Extinction
Success?
Social Sterility
Mass Appeal Madness
Protection Racket
Scum
Life?
Deceiver
The Kill
You Suffer
Nazi Punks Fuck Off (Dead Kennedys cover)
Siege of Power
HATEBREED
Responsáveis e detentores da maior resposta da noite, o Hatebreed entrou rasgando em um repertório com mais de 20 músicas, passando por todos os álbuns, incluindo o a compilação de covers, "For the Lions" (2008), de onde veio o cover impecável do Slayer para 'Ghosts of War'. A banda manteve o ritmo acelerado dela, tendo apenas rolado uma pausa providencial para o vocalista Jamey Jasta enfrentar a multidão e dominá-la. Jasta foi muito positivo e acolhedor durante todo o concerto, me passando uma sinceridade que poucas vezes percebo em eventos como aquele. Pelo menos cinco vezes o vi agradecendo a todos por terem vindo.
A apresentação poderia ter sido até mais longa, porque passou acabou antes da maioria perceber. Depois de todos esses anos na estrada, deve ser reconfortante saber que ainda há uma grande resposta dos fãs para canções como "Under The Knife" e as quatro faixas do debut "Satisfaction Is the Death of Desire" (1997) tocadas: "Betrayed by Life", "Driven by Suffering", a belíssima "Empty Promises" e outra das mais fortes, "Last Breath". O material mais recente foi tão potente quanto e a roda aberta desde a primeira nota entoada provou isto. Por exemplo, quando as duas derradeiras ecoaram dos PAs, "I Will Be Heard" e "Destroy Everything", respectivamente, o que já estava brutal ficou insano aos meus olhos!
[an error occurred while processing this directive]Do até agora mais recente "The Divinity of Purpose", editado há mais de um ano e meio, tocaram algumas das favoritas de seus seguidores. Muitos dizem que eles estão mais 'metal' nele, mas em minha opinião trata-se do bom e velho Hatebreed, apenas mais polido e bem produzido que outrora. Ritos como "Put it to the Torch", e "Honor Never Dies" não me deixam mentir. Já "Boundless (Time To Murder It)" é daquelas mais estudadas para apresentações como esta. Senão vejamos. A quebrada repentina durante a progressão harmônica constante que se inicia gerou um final bem 'fora da caixa'. Esta, eu diria, pode ser considerada uma canção hardcore 2.0 em sua vasta coleção de hinos. Outros destaques do mesmo trabalho executados ali foram "Dead Man Breathing" e "Indivisible".
Em tempo, o line-up que nos visitou foi exatamente o mesmo o qual registrou esta potência, isto é, Chris Beattie (baixo), o batera Matt Byrne, os guitarristas Wayne Lozinak (este desde o início ao lado do já mencionado vocalista e baixista) e Frank Novinec, além do mestre de cerimônias do momento, Jamey Jasta. Se sua pegada é hardcore moderno no legado deixado/praticado por nomes como Minor Threat, Bad Brains, Rites of Spring e pelo próprio Slayer, banquete melhor não há.
[an error occurred while processing this directive]Set-list Hatebreed:
Everyone Bleeds Now
In Ashes They Shall Reap
Dead Man Breathing
Indivisible
Honor Never Dies
Straight to Your Face
Defeatist
Tear It Down
This Is Now
Boundless (Time To Murder It)
Perseverance
Under the Knife
Ghosts of War (Slayer cover)
To the Threshold
Put It to the Torch
Betrayed by Life
As Diehard as They Come
Last Breath
Empty Promises
Live for This
Driven by Suffering
I Will Be Heard
Destroy Everything
Galeria completa:
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.591866794257060.1073741829.591828597594213 and type=1
Agradecimentos ao Luciano Piantonni, Marcos Suarez e Liberation Music pela atenção e credenciamento.
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