Robert Plant: uma incrível aula de simplicidade em SP
Resenha - Robert Plant (Espaço das Américas, São Paulo, 23/10/2012)
Por Nando Perlati
Postado em 28 de outubro de 2012
Deus dourado, nós o saudamos!
Assim que pisou no palco do Espaço das Américas na primeira noite em São Paulo, Robert Plant despertou diversos sentimentos, mas a euforia deu espaço a leve sensação de se ter muita sorte por estar vivo e presenciar aquele momento.
A pontualidade britânica se fez presente em uma noite especialmente mágica. Dez horas e as luzes se apagam, o som ambiente cessa. Um a um, os músicos entram em cena tomando seus lugares e instrumentos e então a presença mais esperada entraria após sua banda estar devidamente posta, mas não foi o ocorrido.
Robert caminhou em direção ao centro do palco acompanhado por alguns de seus músicos e enquanto os que já estavam no palco ainda no escuro se posicionavam.
A silhueta alta e os cachos foram inconfundíveis mesmo na penumbra inicial e costumeira e mesmo ali no escuro, Plant cumprimenta com as mãos juntas e calma inabalável todos nós que o recebemos em uma onda sonora a pleno pulmões.
Tin Pan Valley dá o tom da abertura perfeita, faixa vinda do álbum Mighty Rearranger de 2005 que segue para Another Tribe, outra faixa do mesmo disco que na minha honesta e particular opinião, um dos melhores álbuns da carreira solo de Plant e o vejo como o mais próximo que o próprio Led Zeppelin lançaria se tornassem a gravar.
Vou tentar não fazer uma simples narrativa do set list, mas continuar com minha descrição do mar de sentimentos que eu e provavelmente boa parte das pessoas presentes se deixaram levar.
A reverência que senti diante de Robert Plant, em minha mente, foi comparada a estar diante do próprio Deus, não só apenas pela figura histórica que ele é, mas também pela influência que o próprio e sua antiga banda e anos depois seus lançamentos solo, causaram a mim.
Claro que se trata de um ponto de vista particular, mas estar ali ouvindo aquela voz, que sim, ainda soa como as longínquas gravações do Zep.
Eu disse "soa" porque é claro que ninguém minimamente esperto irá esperar que um senhor de 64 anos ainda cante como o garoto de 19 que um dia foi, mas as sutilezas, a maneira como apenas as muitas décadas de experiência moldaram a forma com este senhor conduz o que faz, o sentimento com que cada nota era colocada para fora ou não porque até mesmo nos deslizes havia sinceridade .
As canções do Led ganharam roupagem nova, exclusiva e acredito que para alguém que persegue sair debaixo da sombra do grande Zepelim, pessoalmente não tive dúvidas quanto ao brilho próprio deste vocalista que mostrou o quanto longe um arranjo definido e clássico pode chegar. Não vou pecar aqui dizendo que o próprio Led não fez falta porque sabemos todos que para sempre fará, mas que Robert conseguiu recriar tudo sob seu ponto de vista único, ninguém pode negar.
Houveram momentos onde sua imagem era quase submersa pela baixa iluminação, e ainda vejo aquele rosto marcado pelo rock surgir por trás da escuridão e banhar-se no azul. Foi a chance perfeita para experimentação, para conhecer o novo e improvável. Muitas culturas, muitos amores. África, Índia, Inglaterra e muitas outras dimensões.
Robert Plant deu uma incrível aula de simplicidade e celestial, nos corou com Going to California em uma interpretação emocionada e ainda fechou tudo com Rock and Roll.
Uma hora e meia foi pouco para alguém que teria muitas vidas para cantar.
Obrigado Senhor Robert Plant.
Outras resenhas de Robert Plant (Espaço das Américas, São Paulo, 23/10/2012)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
David Ellefson explica porque perdeu o interesse em Kiss e AC/DC; "Foda-se, estou fora"
Nick Cave descreve show do Radiohead como uma "atividade espiritual"
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
Os 15 melhores álbuns de metal de 2025 segundo a Rolling Stone
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
Iron Maiden bate Linkin Park entre turnês de rock mais lucrativas de 2025; veja o top 10
Ian Gillan nem fazia ideia da coisa do Deep Purple no Stranger Things; "Eu nem tenho TV"
Vibraram por abrir pro Ozzy, mas depois viram que o bagulho era louco; "levei muita cusparada"
Queen oferece presente de Natal aos fãs com a faixa inédita "Polar Bear"
Os 10 melhores discos de metal progressivo lançados em 2025, segundo a Metal Hammer
Pink Floyd volta ao topo da parada britânica com "Wish You Were Here"
A cena que Ney Matogrosso viu no quartel que o fez ver que entre homens pode existir amor

A cantora que fez Jimmy Page e Robert Plant falarem a mesma língua
Beatles, Led Zeppelin; Regis Tadeu explica o que é uma boyband e quem é ou não é
A banda que John Paul Jones considerava num patamar acima do Led Zeppelin
Eddie Vedder aponta o guitarrista clássico que está no nível de Jimmy Page e Pete Townshend
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Jimmy Page faz post e comenta atual opinião sobre show do Led Zeppelin em 2007
A primeira banda de rock dos anos 1960 que acertou em cheio, segundo Robert Plant
A "música da vida" de Kiko Loureiro, que foi inspiração para duas bandas que ele integrou
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente


