Setembro Negro: lendas do Metal Extremo em Belo Horizonte
Resenha - Setembro Negro (Music Hall, Belo Horizonte, 07/09/2012)
Por Luiz Figueiredo
Postado em 14 de setembro de 2012
O Setembro Negro é, com certeza, o festival mais tradicional direcionado ao público do metal extremo no Brasil. A décima primeira edição do festival (décima em Belo Horizonte) trouxe ao Brasil uma lenda do Black Metal norueguês, o Gorgoroth, junto a uma banda que vem mostrando um trabalho interessante no mesmo cenário: o Keep of Kalessin, que veio pela primeira vez ao Brasil. Além destes dois grandes nomes, a atração de mais desejo dos headbangers era o Autopsy. Ícones do death metal mundial, os americanos vieram para sua primeira turnê pela América do Sul. Os bangers da capital mineira foram os privilegiados por assistir à primeira apresentação do Autopsy no Brasil, depois de mais de 23 anos de fundação.
Desde que foi divulgado o flyer do festival, inúmeras pessoas se manifestaram questionando o porquê do Autopsy não ter seu logo acima das outras duas bandas. Um detalhe pequeno, pois os três logos tinham o mesmo tamanho e o do Autopsy estava ao centro, mas esses comentários já mostravam a preferência da maior parte do público pela apresentação inédita do clássico Autopsy. As vendas de ingressos para o "show do Autopsy", como se ouvia falar a todo momento, seguiam em bom ritmo, tendo um pico no ultimo dia de venda antecipada. E um dado interessante revelado pela organização, é o fato de que quase a metade dos bangers presentes compraram ingressos na porta. Confirmando a teoria de que as pessoas deixam tudo para última hora e pagam mais caro.
O primeiro a subir ao palco foi o Keep of Kalessin. A banda liderada pelo guitarrista Obsidian Claw fez um show bastante elogiado pela maioria dos que acompanharam. Neste momento, o Music Hall já recebia um bom público, mas iria ficar mais cheio para as apresentações seguintes. O setlist do Keep of Kalessin foi bem parecido aos dos shows na turnê norte americana que incluiu oito músicas ao todo. Sendo cinco do disco Reptilian (2010), último lançamento. No disco Repitilian, o Keep of Kalessin utiliza mais de teclados e corais nas faixas, por isso é uma banda que desponta com elementos diferentes no cenário Black Metal. A predominância de musicas deste disco em um set curto mostra que eles estão apostando neste diferencial, considerando que são uma banda com quase 20 anos de existência.
Obsidian acompanhado do vocalista Thebon concederam uma entrevista, após o show do Gorgoroth à Rádio WebRoots que pode ser ouvida neste link www.radiowebroots.com, no programa Live do dia 12/09. Dentre outros assuntos, foi abordado o polêmico comentário de Obsidian a respeito do mau tratamento recebido por eles na turnê do ano passado junto com a banda belo-horizontina Sepultura.
Terminado o show da estreante em palcos brasileiros Keep of Kalessin, era hora de um grupo que conhece bem essas terras, o Gorgoroth. Algumas particularidades cercavam este show. A principal era o fato de o vocalista Pest ter sido chutado da banda pelo guitarrista Infernus ao informar que não priorizava a turnê pela América do Sul. Isso rolou nas vésperas do embarque para o Brasil. Infernus tomou a correta e rápida decisão de chamar Hoest do Taake para ocupar o posto de vocalista do Gorgoroth durante a turnê por aqui. Após essa turnê, o nome do novo vocalista é Atterigner, um sérvio.
Rapidamente um grande pano de fundo com o nome do Gorgoroth e com a frase "Quantos Possunt Ad Satanitatem Trahunt", referência ao último disco de inéditas, lançado em 2010, foi exibido atrás da bateria. Hoest e Infernus a frente do Gorgoroth juntos ao guitarrista brasileiro Fabio Zperandio, o baixista Sture Woldmo e o baterista Phobos fizeram um show de altíssimo nível. Ao contrário de algumas passagens que fizeram anteriormente pelo Brasil, desta vez os noruegueses mostraram atitude muito energética ao vivo.
A referência importada do Taake, o frontman Hoest, foi o destaque em cima do palco. Dono de uma performance teatral e muito persuasiva, ele trouxe o público para dentro do show com suas expressões de horror e gritos horripilantes. Quem acompanhava Hoest no quesito persuasão era o guitarrista Zperandio que, na maior parte do tempo, tocava olhando para o público, mostrando língua, gritando e incitando os bangers agitar durante cada música. Esses detalhes fizeram o show ser muito animado e esquentou o Music Hall para a destruição que viria em seguida.
O repertório foi baseado no clássico disco "Under The Sign Of Hell" de 1997 que foi regravado em 2011.
Metade das músicas tocadas é proveniente deste disco. O show começou com o clássico "Bergtrollets Hevn" do disco Antichrist de 1996 e duas do último álbum Aneuthanasia e Prayer. Uma das primeiras músicas do Gorgoroth "Katharinas Bortgang" antecedeu a primeira do "Under the Sign of Satan". A partir daí outros clássicos formaram o setlist de 12 músicas. Foi um show bem melhor do que o que muitos esperavam. Ao sair, para o que muitos acharam que seria o ‘bis’, o Gorgoroth não voltou mais e o palco começou a ser preparado para o show mais esperado da noite.
Estava próximo o momento em que todos os presentes esperavam. O pano de fundo desta vez, erguido bem no alto, trazia a logo laranja do disco Servered Survival (1989), o primeiro do Autopsy. Como já era esperado, o público se dirigiu para a pista quando a luz se apagou e os membros do Autopsy subiram ao palco com a primeira porrada do set, Charred Remains do álbum citado acima.
A propósito, os fãs de death metal que foram ao Setembro Negro foram presenteados com um repertório violento do Autopsy. A banda repetiu o que vinha executando nos festivais pelos Estados Unidos e se baseou nos clássicos para compor o setlist. Essa atitude condiz com o fato de os brasileiros estarem desde o início da década de 1990 esperando a oportunidade para assistir a um show do Autopsy. Além do acerto na escolha das músicas, a vibração com que os músicos se portaram sobre o palco fez cada um bater cabeça sem parar, além do moshpit que abriu na primeira música e só parou quando o show acabou.
O destaque da banda, obviamente, é Chris Reifert, um monstro na bateria e vocal principal, capaz de apresentar brutalidade simultânea nas duas funções. Ao centro do palco temos Joe Allen, o baixista que é o único que não estava presente na era clássica do grupo, se unindo ao Autopsy em 2010. Nas duas extremidades, os dois guitarristas, à esquerda do público, Danny Colares que era um dos que mais interagia com o público e, do outro lado, Eric Cutler que dividia os vocais com Reifert.
O Autopsy fez um show histórico em Belo Horizonte e cumpriu seu papel que era fazer cada um daqueles headbangers passar o feriado com sérias dores no pescoço. E, mais uma vez, o festival Setembro Negro trouxe cargas pesadas de metal para o Brasil. Quatro dias foram suficientes para quatros regiões diferentes do país receberem as atrações. Confira abaixo o setlist das apresentações de cada banda, em Belo Horizonte.
KEEP OF KALESSIN
1 - Kolossus
2 - The Awakening
3 - Judgement
4 - Dragon Iconography
5 - Dark as Moonless Night
6 - The Divine Land
7 - The Wealth of Darkness
8 - Ascendant
GORGOROTH
1 - Bergtrollets Hevn
2 - Aneuthanasia
3 - Prayer
4 - Katharinas Bortgang
5 - Revelation of Doom
6 - Forces of Satan
7 - The Rite of Infernal Invocation
8 - Odeleggelse og Undergang/Blood Stains the Circle
9 - Destroyer/Incipit Satan
10 - Krig
11 - Profetens Apenbaren
12 - Unchain My Heart
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
AUTOPSY
1 - Charred Remains
2 - In the Grip of Winter
3 - Severed Survival
4 - Pagan Saviour
5 - Embalmed
6 - Dead
7 - Voices
8 - Slaughterday
9 - Seeds of the Doomed
10 - Mauled to Death
11 - Gasping for Air
12 - Ridden With Disease
13 - Twisted Mess of Burnt Decay
14 - Critical Madness
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
Cinco bandas que, sem querer, deram origem a subgêneros do rock e do metal
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
Novo álbum do Violator é eleito um dos melhores discos de thrash metal de 2025 pelo Loudwire
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Os 10 melhores álbuns de death metal lançados em 2025, segundo a Metal Hammer
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
O melhor álbum de thrash metal lançado em 2025, segundo o Loudwire
Os 50 melhores álbuns de 2025 segundo a Metal Hammer
Rick Wakeman comenta suas músicas favoritas do Pink Floyd, Deep Purple, Rolling Stones
A resposta de John Lennon quando perguntado se retornaria aos Beatles em 1975
A faixa do "Dark Side" que para Roger Waters resistiu mais ao teste do tempo que as outras

O último grito na Fundição Progresso: Planet Hemp e o barulho que vira eternidade
Pierce the Veil - banda dá um grande passo com o público brasileiro
Tiamat - aquele gótico com uma pegada sueca
Boris - casa lotada e público dos mais diversos para ver única apresentação no Brasil
Molchat Doma retorna ao Brasil com seu novo álbum Belaya Polosa
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente


