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Aborted: memorável momento pútrido da história de SP

Resenha - Aborted, Unearthly, Desecrated Sphere (Hangar 110, São Paulo, 18/02/2012)

Por Durr Campos
Postado em 22 de fevereiro de 2012

Com o pessoal da Tumba Produções não há trégua aos nossos tímpanos. A saraivada de eventos extremos em 2011 só confirma isso, mas parece que neste ano a coisa será ainda "pior". No último dia 18 a Whiplash.Net esteve presente no mítico Hangar 110 para acompanhar de perto quatro shows que prometiam, literalmente, abalar as estruturas do lugar, a saber: DESECRATED SPHERE, ANARKHON, UNEARTHLY e os belgas do ABORTED, que visitavam o país pela primeira vez. Acompanhe como foi nas próximas linhas.

Direto de Mogi-Guaçu, interior paulista, o agora quinteto Desecrated Sphere gerava uma ótima expectativa tendo em vista o sensacional debut The Unmasking Reality, editado em 2011. A técnica apurada na parte instrumental (nota do redator: Aliás, uma constante durante toda a noite.), aliada à performance irrepreensível do vocalista Renato Sgarbi, deram um toque ultra profissional ao negócio. Tocaram com bastante garra e conhecimento de causa, especialmente nas excelentes "Ruin", "Presage of Apocalypse" e em uma das minhas favoritas, "Gospel is Dead", cujo vídeo oficial você confere ao final desta resenha. Já tinham crédito comigo e só agregaram após a devastação sonora que presenciei.

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Já o Anarkhon eu tive o prazer em ver algumas vezes ao vivo e, sempre, repito: SEMPRE, me impressiono com o que fazem no palco! Aron Romero & Cia. não só possuem hoje um dos repertórios gore mais eficientes deste país, como do mundo. As guitarras são impecáveis, sem contar na cozinha matadora, digna de um Cannibal Corpse – influência confessa dos caras. Abriram a festa com "A Dor da Imortal Putrefação", passando pelas novas "Regurgitating Maggots", "Corporal Sores" e "Rotten Flesh Reanimated", fechando a imundice com o hino "Satisfação em Costurar um Corpo Retalhado com Arame Farpado". Destaco ainda a humildade dos membros em agradecer a todo momento a presença do público e a oportunidade em estar ali. Não ouse ignorar este nome!

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Daí, mal eu me recuperava das duas monumentais apresentações anteriores, me chega o Unearthly, direto do Hell de Janeiro (nota do redator: Carinhoso apelido dado à Cidade Maravilhosa), nos brindar com o primeiro show na capital paulista promovendo o mais recente álbum, Flagellum Dei, unanimidade na lista de melhores de 2011 de 10 entre 10 jornalistas especializados – incluindo minha pessoa. Aproveito inclusive para deixar o link mais abaixo à resenha que fiz sobre o dito cujo. O repertório incluiu velhas composições, mas era durante as novas que o público delirava. Fiquei boa parte do set ao lado do baterista R. Lobato, um dos melhores que pude ver ao vivo. Sério, esse cara é humano? Porque a tranquilidade com a qual executava as velocíssimas partes de canções como "Baptized in Blood", a própria "Flagellum Dei" e, especialmente, durante a minha favorita "Black Sun (Part I)", foram qualquer coisa de sobrenatural. Sobre esta derradeira citada só posso dizer que se trata de uma das músicas mais inspiradas já criadas sob a alcunha do black metal. Aliás, é pouco dizer que seja exclusivamente algo feito neste estilo. A perfeita união de metal extremo e baião funcionou de tal forma que até o saudoso Luiz Gonzaga deve ter desejado estar ali para uma canja. O final com "Age of Chaos", do homônimo disco lançado em 2009, não poderia ser melhor. O único "defeito" deste show foi ser curto demais. Espero ansioso pelo retorno!

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O Aborted, para quem não conhece, é uma banda de death metal formada na Bélgica em 1995 pelo vocalista e único membro original até os dias atuais, Sven de Caluwé. Sua discografia é bem interessante e conta com pelo menos meia dúzia de álbuns, alguns EPs, demos e splits, tudo dentro do estilo denominado splatter/gore/grind na linha de Carcass antigo, Mordicus, Nasum, mas sem deixar de lado aquela pegada de nomes como Suffocation, Entombed, Slayer, Dismember e até mesmo Hatebreed, referência confirmada pelo grupo inclusive. Apesar de pequenos problemas com as guitarras logo no comecinho, nada ali parecia intimidá-los. Muito pelo contrário, pois a simpatia e perfeita presença de palco ganhou a plateia da primeira à última canção. Destaques imediatos à trinca do meu álbum favorito deles, The Archaic Abbatoir (2005), com "Threading on Vermillion Deception", "Gestated Rabidity" e "Dead Wreckoning". Como se não bastasse ainda fecharam com a fabulosa "The Saw and The Carnage Done", voltando em seguida no encore com a arrasa-necrotério "Nailed Through Her Cunt", do segundo registro de estúdio, Engineering the Dead, editado há mais de dez anos. Em tempo, menciono as presenças do novo membro Kevin Verlay no baixo, além dos já conhecidos Ken Bedene na bateria e a dupla de guitarras Eran Segal e Ken Sorceron. Nem mesmo o cancelamento do EXHUMED apagou o brilho deste momento pútrido da história metálica de São Paulo.

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RESENHA "FLAGELLUM DEI", DO UNEARTHLY:

Assistir vídeo no YouTube

Set-list do Aborted

1 Global Flatline
2 Meticulous Invagination
3 Coronary Reconstruction
4 The Origin of Disease
5 The Holocaust Incarnate
6 Expurgation Euphoria
7 From A Tepid Whiff
8 Sanguines Verses
9 Threading on Vermillion Deception
10 Gestated Rabidity
11 Dead Wreckoning
12 The Saw and The Carnage Done

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Encore:
13 Nailed Through Her Cunt

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Sobre Durr Campos

Graduado em Jornalismo, o autor já atuou em diversos segmentos de sua área, mas a paixão pela música que tanto ama sempre falou mais alto e lá foi ele se aventurar pela Europa, onde reside atualmente e possui família. Lendo seus diversos artigos, reviews e traduções publicados aqui no site, pode-se ter uma ideia do leque de estilos que fazem sua cabeça. Como costuma dizer, não vê problema algum em colocar para tocar Napalm Death, seguido de algo do New Order ou Depeche Mode, daí viajar com Deep Purple, bailar com Journey, dar um tapa na Bay Area e finalizar o dia com alguma coisa do ABBA ou Impetigo.
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