Gamma Ray: um show de empatia e profissionalismo
Resenha - Gamma Ray (Santana Hall, São Paulo, 09/05/2010)
Por Rafael Cervantes
Postado em 14 de maio de 2010
O Gamma Ray aterrissou em terras brasileiras para encerrar a turnê mundial do álbum "To The Metal". Foram 45 shows ao longo desse ano e a América do Sul foi escolhida para fechar a divulgação do novo trabalho da banda, com apresentações em Quito, Lima, Santiago, Buenos Aires e, por último, em São Paulo, no último dia 9, domingo, Dia das Mães.
O local escolhido, a casa de shows Santana Hall, causou estranheza logo de cara para quem conhecia o estabelecimento, que tradicionalmente abriga grupos de forró, pagode e sertanejo. A pulga atrás da orelha realmente se confirmou quando a casa foi aberta: uma estrutura razoável e bem montada, mas um lugar extremamente acanhado. Já se ouvia pelos corredores que "o Gamma Ray merecia coisa melhor". De fato, o local nada lembrava a pompa que foi a apresentação de 2008 ao lado do Helloween.
O público, em torno de 1.500 pessoas, assistiu antes a apresentação da banda Chimerah, de Guarulhos, que trouxe um repertório próprio do EP "Into the Night". O show, de aproximadamente 40 minutos, contou com alguns bons momentos. O melhor deles foi o cover de "Alone in Paradise", de Yngwie Malmsteen, bem tocada pelo habilidoso guitarrista Bruno Santos.
Pontualmente, às 19 horas, as luzes se apagam e o público enlouquece com os acordes de "Gardens Of The Sinner", do álbum "Powerplant", após a introdução. Na sequência veio "New World Order", do álbum "No World World". Após uma breve pausa, Kai Hansen interage com o público pela primeira vez e - para delírio dos presentes - faz questão de dizer que é uma honra tocar novamente para uma das melhores plateias de heavy metal do mundo. Foi o suficiente para ganhar definitivamente os presentes.
O show continua com a faixa "Empathy", que abre o "To The Metal". O refrão forte foi cantado por boa parte do público. O que foi uma amostra da boa aceitação do novo trabalho da banda, e se confirmou com a música "Deadlands", também dotada de um refrão marcante.
Mais uma pausa depois das duas faixas mais recentes e Kai Hansen saúda novamente a plateia. Entre elogios e cumprimentos, ele pede para que todos apreciem o show, já que aquelas seriam as últimas músicas tocadas por eles antes das "merecidas férias, pois voltaremos para nossas casas amanhã", disse o frontman. Contudo, foi desnecessário pedir tal coisa.
O set list, com algumas diferenças do tocado em Buenos Aires dois dias antes, segue firme com uma bela interpretação da melódica "Fight", do album "Majestic". Mais uma pausa de Hansen, o mostrava extremamente à vontade com o público. Antes de entoar "Mother Angel", outra faixa do novo album, o vocalista parabeniza todas as mães pelo seu dia. "Gostaria de mandar um forte abraço para todas essas grandes mulheres, sejam aqui presentes, ao redor do mundo ou as que estejam no céu".
Sem intervalos, já entra a introdução da balada "No Need to Cry", também do novo trabalho. Destaque para o baixista Dirk Schlächter, que assume um violão e termina a música sozinho no palco. A banda faz uma pausa de poucos minutos e a instrumental "The Savior" começa a ser tocada, o que anuncia a primeira música do cultuado "Land os The Free": "Abyss of the Void". A faixa incendiou o Santana Hall, que mantinha um bom volume e qualidade de som, com exceção para os backing vocals de Schlächter, quase inaudíveis.
Após a belíssima "Abyss of the Void", o baterista Dan Zimmermann, empolgadíssimo, arranca sinceros aplausos após um solo destruidor. A empatia foi tremenda e o público já esperava ansioso pelas músicas clássicas. Depois de uma pausa de três minutos, aproximadamente, o quarteto volta com a rapidíssima "Armageddon", do álbum "Powerplant". A faixa ainda contou com um solo de Kai Hansen no meio da canção. O efeito foi destruidor e os músicos estavam cada vez mais vibrantes com a pequena, mas animada, platéia.
O show seguiu com a faixa que dá o nome ao novo álbum: "To The Metal". O refrão, feito para ser cantado ao vivo, funcionou muito bem mais uma vez. Na sequencia, os alemães levaram os fãs à loucura com mais duas músicas do "Land of the Free". "Rebellion in the Dreamland" e "Man on a Mission" foram cantadas em uníssono, num clima extremamente contagiante.
O Gamma Ray voltou para o primeiro encore com duas músicas cover do Helloween: "Ride the Sky", que já era pedida desde o início do show, e "I Want Out". Os mais saudosos ficaram roucos neste momento. Detalhe que a "Ride the Sky" não estava no set list oficial para o show de São Paulo (nem essa faixa, nem "Future World", outra dos primórdios do Helloween, que abriu o segundo encore). Como é de costume, "Send Me A Sign" fechou a participação da banda em show único no Brasil.
O único "senão", foi a ausência de canções dos três primeiros álbuns da banda: "Heading for Tomorrow", "Sigh No More" e "Insanity and Genius". Com isso, algumas músicas como "The Silence", "Heaven Can Wait" e "Tribute to the Past", por exemplo. Mas nada que comprometa o set list diversificado escolhido para São Paulo.
O público saudou os músicos, que retribuíram o carinho com uma longa despedida, carregada de agradecimentos, sorrisos, caras e bocas. Após duas horas e 15 minutos de show, o Gamma Ray mostrou e comprovou - mais uma vez - a competência e o profissionalismo de sempre, aliados ao carisma de Kai Hansen e seus parceiros. Não é difícil fazer um show de qualidade, basta dar aos fãs o que eles querem. Muita gente deveria aprender isso com o Gamma Ray.
GAMMA RAY
Kai Hansen (vocais/guitarra)
Dirk Schlächter (baixo)
Henjo Richter (guitarra)
Daniel Zimmermann (bateria)
Santana Hall – São Paulo/SP
9 de maio de 2010
Set list
01 - Welcome
02 - Gardens Of The Sinner
03 - New World Order
04 - Empathy
05 - Deadlands
06 - Fight
07 - Mother Angel
08 - No Need To Cry
09 - The Saviour
10 - Abyss Of The Void
11 - Drums Solo
12 - Armageddon (com solo de guitarra de Kai Hansen)
13 - To The Metal
14 - Rebellion In Dreamland
15 - Man On A Mission
Encore:
16 - Ride The Sky (Helloween cover)
17 - I Want Out (Helloween cover)
Encore 2:
18 - Future World (Helloween cover)
19 - Send Me A Sign
Outras resenhas de Gamma Ray (Santana Hall, São Paulo, 09/05/2010)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps