Porão do Rock: atrações internacionais e muitos atrasos
Resenha - Porão do Rock (Esplanada dos Ministérios, Brasília, 19/09/2009)
Por Marcus Vinicius Leite
Fonte: Porao do Rock
Postado em 23 de setembro de 2009
Terno, gravata e sapato social... nada disso. O uniforme obrigatório na Esplanada dos Ministérios é outro. Nada de formalidade. Timidamente, o lugar que simboliza o centro político do país foi sendo tomado por diferentes tribos: punks, bangers, roqueiros e surfistas... surfistas? Porque não? A primeira atração da 12ª edição do Porão do Rock, a banda SUPER STEREO SURF, subiu ao palco com uma hora de atraso, mostrando que apesar dos quilômetros de distância do mar, a Capital Federal tem sim banda de surf music.
Pela primeira vez no palco principal, a banda cumpriu bem o papel de iniciar uma maratona de dois dias de muito rock, que começou a ganhar ondas nas guitarras dos surfistas do lago Paranoá (como diria a letra do Natiruts). Em meio ao cerrado, acham seu meio de vida umidecidos apenas pelas influências musicais que, de acordo com o guitarrista Alex Maraskin vai de Dick Dale até o fab four de Liverpool.
Logo após, a organização confundiu os argentinos do EL MATO A UN POLICIA MOTORIZADO chamando-os de ORGÂNICA (que seria a próxima atração...), mas enfim, os hermanos fizeram um show com muita energia e ainda aproveitaram para mostrar ao brasiliense pela primeira vez, um indie rock com apenas cinco frases em cada música, uma das características da banda. Santiago Motorizado em entrevista ao Whiplash afirmou que "Já tocamos aqui no Brasil em cidades como Cuiabá, Porto Alegre, mas aqui em Brasília foi uma das melhores, com um pôr do sol muito bonito e com essa arquitetura simplesmente linda". Buscando Sons alternativos, apontam como influencia o rock inglês por se identificar com a personalidade inquieta do OASIS.
Depois de um "primeiro bloco" até diversificado (com surf music, indie rock e garage rock), a noite de sábado do Porão do Rock entrou de sola nos sons pesados.
Com chapéus de caubói e solos de metal, os brasilienses do ELFFUS conquistaram o público com um estilo que vai do hard rock ao heavy. O grito de guerra "deixa o rock rolar" tirou os metaleiros do chão. "Chega da agonia de não saber se o Porão vai rolar ou não", protestou o vocalista Alberto.
Já na primeira música, "Você não sabe o que perdeu", o CACHORRO GRANDE ganhou o público do Porão do Rock. Com o show mais poderoso e animado da noite até , o quinteto gaúcho foi aplaudido até pelos metaleiros que lotam a fila do gargarejo.
Se os fãs não tiveram do que reclamar, o grupo acabou se irritando com o som do palco principal. Depois de tocar sete músicas, os integrantes cruzaram os braços. "Só vamos tocar a próxima música quando ligarem nosso retorno", disse o vocalista Beto Bruno. Foram quatro minutos de silêncio até voltarem a um set acelerado. A banda se despediu do público de calças arriadas - um clássico bundalelê.
Em noite de SEPULTURA, o indie rock delicado do LUDOV soou como um objeto estranho. O carisma da vocalista Vanessa Krongold não provocou efeito sobre os fãs de metal, mas segurou uma apresentação sem tropeços - ainda que monocórdica. Alguns dos melhores momentos vieram do repertório do disco mais recente, "Caligrafia", lançado este ano.
O guitarrista Mauro Motoki entrou no clima das comemorações do cinquentenário da cidade. "Ê, Brasília... Nasci aqui e parece que ainda moro aqui", disse. Às 21h, encerrou o show com um momento-ternura: "O tempo foi curto, mas o amor foi grande".
Já o BLACK DRAWING CHALKS, que tocou logo depois, pisou fundo num stoner rock furioso, cantado em inglês. Comprovaram o status de revelação do novo rock goiano e abriram o apetite do público para a grande atração internacional do Porão.
Em seguida os americanos do EAGLES OF DEATH METAL, que não frustrou os fãs: o grupo americano liderado pelo bigodudo Jesse Hughes provou que não se leva a sério -- e, sem muito esforço, fez o show mais bem humorado da noite.
Jesse é acompanhado por Josh Homme (do QUEENS OF THE STONE AGE). No palco, sem Homme, o projeto vira um quarteto que consegue evocar, a um só tempo, os clássicos do ROLLING STONES e a sujeira das bandas de garage rock do fim dos anos 1960 (e os desavisados que esperavam por death metal caíram do cavalo).
Num repertório sem gorduras, o EAGLES OF DEATH METAL escolheu faixas poderosas como "Cherry cola", "Now I'm a fool" e "Anything 'cept the truth". Simpático, Jesse atendeu a pedidos do público (anotados em pedaços de papel) e se impressionou com o tamanho da plateia. "Estou tão nervoso. Isto é uma multidão do rock 'n' roll!", disse.
O baixista Brian O'Connor, o baterista Joey Catillo e o guitarrista David Catching são mais tímidos, mas o vocalista Jesse Hughes gosta de falar e sempre tem uma boa tirada. "O português é a língua mais sexy. Por favor, façam as perguntas em português", pediu.
O americano contou estar muito feliz de tocar no Brasil. "Em Los Angeles, as pessoas estão entediadas, cansadas de ver shows de rock. Aqui é diferente. Nem em um milhão de anos imaginei estar participando de um coletiva de imprensa à moda antiga", comentou. Perguntado se sente frio na barriga antes de cada show, Jesse disse que não tem medo do palco. "Só não quero fazer feio", conta.
O público da Esplanada dos Ministérios, que se irritou com a demorada preparação do palco (cerca de 40 minutos), entrou na brincadeira - que durou mais de uma hora.
SEPULTURA subiu ao palco principal com o jogo ganho: a maior parte do público esperou a madrugada chegar para assistir à banda mineira. A banda tem público cativo e mantém-se firme como uma tradição do metal brasileiro. No repertório, antigos sucessos como "Refuse/resist", "Roots" (que encerrou a performance, à 1h55) e "Territory" foram acompanhadas por faixas recentes do álbum "A-Lex", inspirado no livro "Laranja mecânica".
Uma das marcas do grupo é adaptar diferentes referências musicais à cartilha do metal. Daí os flertes com o erudito e com clássicos brasileiros (no set, teve até versão thrash para "Aquarela do Brasil"). Em português, o guitarrista Andreas Kisser rascunhou um discurso político. "Que país é este? Vocês respondem, não eu", provocou. E ficou nisso.
Seguido por um público fiel, o ANGRA espantou o cansaço do público e, às 3h30, fez show de uma hora sob medida para os metaleiros. Sem novidades, a banda paulista exibiu a fórmula clássica do metal, com demonstrações de virtuosismo técnico, excesso de fumaça artificial e uma performance teatral do vocalista Edu Falaschi. E assim, fechou o ciclo do 1º dia de Porão.
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