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Iced Earth: Review do segundo show da tour em Munique

Resenha - Iced Earth (Backstage Werk, Munique, 09/10/2007)

Por Marcelo Kuri
Postado em 09 de novembro de 2007

A oportunidade de assistir a uma apresentação do Iced Earth é sempre uma oportunidade rara. Principalmente após um lançamento do porte de "Framming Armaggedon". Porém é inegável que a entrada de Ripper Owens ainda causa uma certa controvérsia. Não pelas qualidades do vocalista que, diga-se de passagem, sao índiscutíveis. O problema (se é que podemos nos dar ao luxo de chamar isso de problema) é Owens no Iced Earth, que contava antigamente com o carismático Matt Barlow nos vocais, que por sua vez possui como característica básica seu vozeirão que sempre serviu de base para as composições sempre irrepreensíveis do Sr Schaffer.

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Não preciso frisar que a antiga fórmula deu mais que certo e o Iced Earth cresceu e se tornou um major no estilo. Como seria então a junção Schaffer-Owens?. No primeiro momento acho que a esmagadora maioria dos fãs da banda brindou ao novo vocalista. Veio então a primeira cria: "The Glorious Burden". Um disco fantástico, mas que mostrou, de forma cristalina, que a banda (ou Schaffer se preferir) precisaria ainda trabalhar muito para tornar a nova receita do Iced Earth (que continha o que havia de melhor no mercado) um sucesso. Potencial todos nos sabíamos que a nova formação teria de sobra para isso, principalmente com a adição de mais um ingrediente: Tempo. Veio então o petardo "Framming Armaggedon", um álbum forte, com melodias extremamente marcantes e com a marca não só do mestre Schaffer, mas também com a contribuição preciosa dos vocais de Owens. Um álbum que faz a banda dar um passo importante para a caminhada de reinvenção do sucesso. Era a vez de provar agora como seriam, ao vivo, as execuções não só das novas canções, mas como dos antigos clássicos do Iced Earth.

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Essa apresentação teria um gostinho ainda mais especial, pois exatos 5 anos atrás tive a oportunidade de assistir a uma apresentação do Iced Earth, ainda com Barlow, na tour do Horror Show, sendo que esta ainda mora irretocavelmente em minha memória. Em outras palavras, me encaminhei a Munique com toda a expectativa possível, porém com um pensamento crítico um pouco atípico. Apesar do dia não muito apropriado (uma terça feira comum) e da distância que me separava do show (300km) não hesitei em comprar o ticket.

Ao chegar na famosa casa de espetáculos Backstage (que fica a poucos metros da não menos reconhecida Musik Palast, casa que abrigou shows memoráveis e que são facilmente encontrados em bootlegs por ai), descobri que o show seria nas novas instalações da casa, batizada de Backstage Werk, que ficava a cerca de 200 metros dali. Qual não foi a minha surpresa ao chegar no local e descobrir que se tratava de um antigo posto de gasolina desativado e reformado para abrigar shows. O local, apesar da primeira impressão não ter sido lá das melhores (ainda dava pra notar as propagandas de fornecedores de combustíveis e aquela típica cobertura de postos, o que me fez fazer algumas piadas no dia seguinte com alguns colegas dizendo que eu havia assistido ao Iced Earth tocar em um posto de gasolina) a parte interna é simplesmente sensacional, tanto pela infraestrutura como pela acústica.

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A abertura se deu com os finlandeses do Turisas, que competentemente apresentaram várias canções do novo álbum "The Varangian Way". O ponto alto, no entanto, foi mesmo com a execução da potente Battle Metal, que teve resposta imediata da platéia.

Em seguida era a vez do Annihilator. Não sou um conhecedor muito profundo da fase nova banda (e aqui me refiro de 1996 adiante), e se tratando dela sou saudosista assumido. Tenho "Alice in Hell" e "Never Neverland" sempre presentes no meu aparelho de som e os considero clássicos absolutos do Thrash Metal. No entanto os dois últimos álbuns da banda "Schizo Deluxe" e "Metal" voltaram a chamar a minha atenção. Nunca os tinha visto ao vivo e estava ansioso para assistí-los (não nego que esperava algumas canções em específico). O que vi foi um dos guitarristas mais insanos que já tive a oportunidade de ouvir e ver no palco. Foi diversão pura! Não faltaram clássicos como "Stonewall", "Never Neverland", "Set the World on Fire" e a maravilhosa "Alice in Hell" que fechou o set. Das canções novas, destaque absoluto para a galopante "Army of One", do ultimo álbum "Metal". Após o término do set a insistência dos presentes pela volta da banda foi tanta que fez parecer que a noite era do Annihilator. E eles foram merecedores desse reconhecimento uma vez que as palhetadas infernais do Sr. Waters e Cia fizeram o Backstage balançar durante os 40 minutos de show.

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Era a vez do tão esperado Iced Earth. As luzes se apagaram, o local se encheu de fumaça e a intro "Overture" disparou das caixas de som. A primeira canção foi "Something Wicked Part. 1" do novo álbum. Apesar de ser apenas o segundo show da tour a desenvoltura e entrosamento da banda fez parecer como se fosse o último. A satisfação de estar no palco novamente era clara no rosto de Schaffer. E como é bom poder encher a boca para dizer que o Iced Earth está de volta! E com forca total. Owens estava totalmente a vontade o que fez com que sua potente voz se sobressaísse ainda mais. Apesar da pequena amostra até então (era a primeira canção) já era possível notar que o Iced Earth se adaptou à mudança é que o futuro promete ainda mais. Vinha na seqüência uma de minhas favoritas no novo álbum: "Man's Motivation". Os vocais de Owens ali são impressionantes e ao vivo, acredite se quiser, eles soam ainda melhores. Essa música é uma prova viva da adaptação da música do Iced para os tons de voz de Ripper. Melodia e peso na medida certa! Owens anuncia então "Setian Massacre", outra pedrada do novo álbum que foi executada com perfeição. Era claro que o público esperava clássicos da banda, e esse anseio foi saciado com "Burning Times", que dispensa muitas apresentações. O trabalho de Ripper foi mais uma vez sensacional e a música apesar de, logicamente, soar um pouco diferente da original satisfez todos que esperavam por ela. A apresentação seguiu com "Declaration Day" e a dobradinha "Violate" e "Vengeance is Mine", ambas do clássico "Dark Saga". Após duas músicas que fizeram o público ir à loucura Ripper apresenta a próxima, "A Charge to Keep". Apesar de se encaixar no contexto do novo álbum ela, infelizmente, não soou bem ao vivo, o que fez com que este fosse o ponto mais baixo da apresentação. Talvez porque o público esperava algo mais direto (e rápido) da banda. A resposta veio como um raio com a saída de Ripper do palco e John assumindo os vocais para a execução de "Stormrider", em um dos pontos mais viscerais da apresentação.

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As luzes se apagaram e Ripper anuncia "Dracula", a qual na minha opinião, se coloca como uma das melhores composições de "Horror Show". Em seguida vieram "Waterloo" e a maravilhosa "The Hunter", cantada em uníssono pelo público. Talvez essa seja a melhor interpretação de Ripper para uma música da era Barlow. O que viria na seqüência é considerado por muitos como o primeiro clássico do Iced Earth na era Ripper, "Ten Thousand Strong". Não há dúvida que essa música transita muito bem entre a sonoridade atual e antiga da banda. Era a vez então de um épico que foi apresentado em duas partes: "Hold At All Cost" e "High Water Mark" presentes no disco 2 de "Glorious Burden", batizado de "Gettysburg (1863)". Seus quase 20 minutos de duração foram de um verdadeiro nirvana sonoro, recheado de performances marcantes e aqui cabe destacar, mais uma vez, o fenomenal Ripper Owens.

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A próxima dobradinha, dessa vez do álbum "Something Wicked this Way Comes" fechou com chave de ouro, a apresentação da banda antes do bis. Já passava de uma hora e quarenta e cinco minutos de show e a banda voltou para a clássica "Ice Earth" que brindou os fãs mais antigos da banda.

Enfim um show que levanta ainda mais o nome do Iced Earth, e prova que a banda sabe qual caminho deve seguir daqui pra frente, o que nos faz aguardar ainda mais ansiosamente a parte 2 desse "Something Wicked" e quem sabe uma passada da banda por nossas terras.

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Sobre Marcelo Kuri

Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSCar, costuma dizer que é engenheiro por opção e headbanger de coração. Sempre gostou de ler revistas, zines, artigos e livros especializados em Heavy Metal e sempre desejou poder escrever um pouco a respeito disso. Foram-se alguns anos até que tivesse plena confiança para redigir um artigo, e sabe que ainda tem muito que aprender. Colecionador assíduo de todo material relacionado ao gênero, é um dos poucos "sobreviventes" de um grupo de amigos fanáticos que cresceram ouvindo Heavy Metal. Já tem consciência que não tem aptidão para tocar nenhum instrumento, mas com o apoio, sempre incondicional, da noiva Marilia, continua a desfrutar cada vez mais intensamente tudo de bom que esse estilo musical pode proporcionar.
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