Testament: "Desculpem termos demorado tanto tempo... 18 anos!"
Resenha - Testament (Via Funchal, São Paulo, 25/04/2007)
Por Maurício Dehò
Postado em 29 de abril de 2007
"Desculpem termos demorado tanto tempo... 18 anos", disse o vocalista Chuck Billy durante o show de quarta-feira, no Via Funchal, em São Paulo. Pois é, o Testament demorou todo este tempo, e com direito a todo tipo de acontecimentos: câncer, reformulações no line-up e até adiamentos, como a ausência no Live N’ Louder 2005 e as datas que foram anunciadas em 2006. Mas, enfim, os brasileiros puderam conferir uma das maiores bandas de Thrash Metal da história, com formação 80% clássica, somada ao consagrado baterista Nick Barker.
Fotos: Rafael S. Karelisky
Uma quarta-feira não é o melhor dia para se ter um show e tudo levava a crer que era verdade. Já eram 21h e o Via Funchal estava quase às moscas. Foi só lá pelas 21h45, com o Scars abrindo, que a casa começou a encher. Os paulistas já são conhecidos do público, tocando, por exemplo antes do Anthrax, e não tiveram muitos problemas para levantar os presentes com um thrash extremo e bem executado. Nos 45 minutos de show, tocaram entre outras músicas do EP "Nether Hell", como "Hidden Roots Of Evil" ou "Creatures That Come Alive In The Dark", além de apresentarem dois sons que estarão no próximo álbum. Vale destacar o esforço de Régis (vocal), Eduardo e Alex (guitarra), André (baixo) e Patrick (bateria) em sempre levantarem a bandeira do metal nacional em seus shows, o que não foi diferente desta vez.
E a grande espera pelo Testament continuou. Com show marcado oficialmente para as 22h, o quinteto de San Francisco subiu ao palco quase uma hora e meia depois. O bom foi que mesmo os atrasados pelo trânsito paulistano puderam assistir à apresentação completa. Como o que importa é a música mesmo, aí é que veio a parte boa da coisa. Apenas com um pano de fundo com o nome da banda e o logo nos telões, o quinteto já começou quebrando tudo com o clássico berro de Chuck no início de "The Preacher", do lendário "The New Order" (1988). Nem precisa dizer que a galera que encheu, mas não chegou a lotar o Funchal, veio abaixo com a performance dos norte-americanos.
O que já deu para perceber logo no começo foi que o som estava bem mais alto nos vocais de Chuck, enquanto as guitarras (menos nos solos de Alex) ficaram meio escondidas, o que não chegou a atrapalhar. Claro que o set list foi composto de clássicos, seguindo a linha do DVD "Live in London", até com a emendada em "The New Order", com os solos característicos de Alex. Apesar da cara de tiozão e o cabelo estranho, o guitarrista que também toca na Trans-Siberian Orchestra, mostra que os anos não pesam e manda muito bem, interagindo com Eric e a galera.
Depois de "The Haunting" e "Eletric Crown" que mantiveram os fãs atônitos, foi a vez de outro destaque da noite, "Sins of Omission". É incrível como Chuck é um gigante no palco, não apenas no tamanho. Nesta faixa em específico, ele mostra a versatilidade com a voz, desde os berros mais agudos até os guturais poderosos, como no fim do refrão. E enquanto ele canta na frente (sem vergonha de errar umas letras aqui e outras ali), sempre simpático e interagindo com o público, o engraçado é assistir a Nick Barker tocando com todo aquele tamanho (e gordura também, não tem como não falar). Mais conhecido pelo black metal e a velocidade de quando tocou no Cradle of Filth e no Dimmu Borgir, o inglês parece apenas brincar atrás do kit de bateria. Apesar de ser bem duro tocando, Nick segurou as pontas lá atrás com maestria.
E bendita a hora em que o baixista Greg Christian e Skolnick deram o braço a torcer e disseram sim aos inúmeros pedidos dos fãs para que o Testament tocasse faixas de seu último álbum de estúdio, "The Gathering", lançado a longínquos oito anos. Apesar de muitos erros de execução, a galera nem ligou. A brutal "D.N.R. (Do Not Ressuscitate)" nem chegou ao fim. Depois de alguns erros, o quinteto até tentou voltar, mas quando viram que a coisa não estava rolando deixaram para lá. Já "3 Days in Darkness" deu conta do recado, com seus coros e riffs velozes.
Por falar em riff, o guitarrista Eric Peterson é uma figura imprescindível. Se Chuck é a cara da banda por ser o frontman, este "japinha" é a segunda cara, até por ser o principal compositor. Além disso, segura bem nas bases, faz alguns solos e tem uma boa presença de palco. Isso quando não canta algum trecho com sua voz bem black metal, como faz no Dragonlord, sua outra banda, que se dedica a este estilo.
Voltando aos sons mais antigos, mais uma série de clássicos: "Trial By Fire" e "Practice What You Preach", antes da bela "The Legacy", acalmando um pouco os ânimos do público. Depois, foi a hora da festa do simpático Greg, com "Souls of Black" e a famosa introdução no baixo. O cara não esconde o quanto foi boa a decisão de voltar ao Testament após tantos anos, agitando o tempo todo e literalmente estapeando seu instrumento.
Mas o que viria depois parecia querer deixar toda a hora anterior só como aquecimento. Chuck dedicou aos fãs "Into the Pit", mais uma do "The New Order", e a casa de show veio definitivamente abaixo, num dos melhores momentos da noite. As rodinhas que já aconteciam aumentaram, para deleite do vocalista. Já no fim do tempo regulamentar, isto é, antes dos bis programados, "Over the Wall" empolgou principalmente com o dueto no solo de guitarra, cantado junto pelos fãs. E se a festa foi dos fãs, foi mais ainda do batera Nick Barker ao fim da música. Antes dos músicos se retirarem, o aniversariante da noite tomou um banho de cerveja (que ele próprio se deu) e ainda tomou uns goles de Jack Daniel’s antes de declarar o seu amor ao Brasil, que já visitou como baterista do Brujeria.
O primeiro bis teve "Alone in the Dark", com direito à platéia seguindo Chuck e cantando sozinha a melodia, e a pesadona "Disciples of the Watch". Para quem achou que tinha acabado, ainda foi tempo de, num segundo bis, ouvir a obrigatória "Burnt Offerings", encerrando os cerca de 90 minutos de apresentação. O que se viu no Via Funchal foi uma aula de Thrash Metal. Mesmo com tantos percalços (lembrando que o batera "clássico" Louie Clement está com Alzeimer, por isso foi afastado), o Testament segue provando para sua legião de fãs porque é um dos mestres do estilo e dá exemplo a muitos outros (alguém disse Metallica?), tanto musicalmente quanto em termos de presença de palco, esbanjando simpatia junto aos fãs.
O bom mesmo é, como Chuck disse, que numa próxima passagem por terras tupiniquins, um novo álbum terá sido lançado. Nove faixas estão prontas e, com um batera como Nick participando com Eric das composições, não se pode esperar nada muito leve! É torcer para que não demore tanto para eles voltarem, como foi desde a lendária passagem de 1989, com Max Cavalera como guia turístico. Se depender de Greg... "Nós vamos tentar não demorar tanto!". Amém Greg!
Formação:
Chuck Billy – vocais
Eric Peterson – guitarra
Alex Skolnick – guitarra
Greg Christian – baixo
Nick Barker – bateria
Set List (90 minutos):
The Preacher
The New Order
The Haunting
Eletric Crown
Sins of Omission
D.N.R
3 Days in Darkness
Trial By Fire
Practice What You Preach
Souls of Black
The Legacy
Into the Pit
Over the Wall
Bis:
Alone in the Dark
Disciples of the Watch
Bis 2:
Burnt Offerings



Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |







Outras resenhas de Testament (Via Funchal, São Paulo, 25/04/2007)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
Dave Mustaine acha que continuará fazendo música após o fim do Megadeth
Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
Dio elege a melhor música de sua banda preferida; "tive que sair da estrada"
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
Os 11 melhores álbuns de metal progressivo de 2025, segundo a Loudwire
O guitarrista que Geddy Lee considera imbatível: "Houve algum som de guitarra melhor?"
A banda de rock que deixava Brian May com inveja: "Ficávamos bastante irritados"
We Are One Tour 2026 anuncia data extra para São Paulo
Lemmy lembra shows ruins de Jimi Hendrix; "o pior tipo de coisa que você ouviria na vida"
O dia que hospital dos EUA julgou que RPM não tinha grana e Paulo Ricardo mostrou fortuna
Santana lista suas bandas preferidas de rock pesado e heavy metal
Heavy Metal: os dez melhores álbuns lançados em 1992


A "canção de amor" do Testament que, na verdade, fala sobre o planeta Terra
Como o novato Chris Dovas fez o Testament soar mais pesado, segundo Chuck Billy
Do Metallica ao Angra - passando por outras bandas -, um breve resumo do "Megadethverso"
10 álbuns incríveis dos anos 90 de bandas dos anos 80, segundo Metal Injection
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente
Maximus Festival: Marilyn Manson, a idade é implacável!
