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Velvet Revolver: Amálgama da voz do Stone Temple Pilots com o corpo do

Resenha - Velvet Revolver (San Francisco, California, 12/06/2004)

Por Bruno Romani
Postado em 12 de junho de 2004

Fama, pose, Guns n' Roses, prestígio, brigas, drogas, Stone Temple Pilots, mídia, marketing. O nome Velvet Revolver carrega e põe a prova tantos estigmas que fica difícil não sentir-se envolvido pelo clima criado em torno do grupo resultante da amalgamação da voz do Stone Temple Pilots com o corpo do Guns n' Roses. A melhor maneira, porém, de comprovar ou não se tal união é um casamento de fachada, tipo "golpe do baú," é assistindo a uma apresentação dos rapazes.

Não à toa, a banda vem fazendo turnê em terras estadunidenses antes mesmo de seu primeiro álbum atingir as prateleiras das lojas. No último dia 7 de junho foi a vez de San Francisco, California, receber o grupo liderado pelo vocalista Scott Weiland e pelo guitarrista Slash. A apresentação ocorreu no tradicional teatro Warfield, o mesmo que há 13 anos atrás abrigou as primeiras datas da turnê Use Your Illusion do Guns n' Roses.

Velvet Revolver - Mais Novidades

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Nessa nova união, velhas manias permanecem intactas. Ao início do show, aquela voz rouca e intensa que provavelmente anunciou todos os shows do GNR apresenta a banda ao público. No palco Scott Weiland carrega seu mega-fone, brinquedinho consagrado nos tempos de STP. E para o primeiro bis, Slash carrega na cabeça a cartola que o ajudou a se transformar num ícone da música.

Como reza a boa tradição do rock n'roll, o início do show transbordava de energia mesmo com grande parte do público não conhecendo as novas canções. O baixo "espacial" de Duff introduziu "Sucker Train Blues." Uma música sobre sexo ("Do it for the Kids") e uma alfinetando a atual situação política nos EUA ("Headspace") fizeram parte da sequência que preparou bem os fãs para enfim vibrar com o clássico "Crackerman" do STP.

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Interessante notar as mudanças que somente um novo relacionamento traz às pessoas. Slash se contém para não derramar horas e horas de solos numa época em que tocar guitarra virou motivo de piada. Duff usou distorção no baixo por vários momentos, e Matt Sorum mostrou uma técnica que ainda engatinhava nos tempos de GNR. "Big Machine," uma canção no estilo "Tiny Music" do STP, demonstra essa adaptação do trio, que deixou as melodias envolventes de Weiland dominarem as ações.

Por outro lado, Weiland vê-se obrigado a deixar a banda tocar e por vezes ele até se arrisca a adentrar território sagrado. Assim, rolou uma grande "jam" regada a solos "Slashianos" durante "Illegal I," enquanto o vocalista produzia sons num teclado postado no lado esquerdo do palco. Dessa maneira, a banda vai dando sinais de que o nome Velvet Revolver é para valer!

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A confiança de cada figura no palco é fator fundamental para a base sólida que vem sendo construída pela banda. Cada integrante fala e se move com enorme consciência de seus papéis como ídolos. Duff é simplesmente "cool" na sua maneira de portar-se no palco. Slash é provavelmente a última lenda da guitarra nascida. E Scott Weiland é um grande front man. Matt Sorum também teve seu momento de glória ao voltar sozinho ao palco para o segundo bis. Ele começou a tocar "You Could be Mine" e na sequência emendou a dançante batida de "Mr. Brownstone" para delírio do teatro. Até Dave Kushner, cuja presença é ignorada pela maioria, pula e se move sem parar, explorando cada canto do palco.

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Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o quão entrosados estão os membros da banda, a cena protagonizada por Slash e Weiland no final do primeiro bis foi simbólica. Enquanto o primeiro solava em "Sex Type Thing" do STP, o segundo deitou-se sobre seus joelhos e simulava movimentos sexuais contra a perna esquerda do guitarrista. Orgasmo mesmo quem atingiu, no entanto, foi a platéia com a metade final do show.

Além das velhas conhecidas "It's so Easy" (introduzida propriamente por Duff), "I Used to Love Her" (ótima na voz de Weiland), "Mr. Brownstone" e "Sex Type Things," o single "Slither" e a já clássica "Set Me Free" levantaram o público.

O único quesito no qual as partes parecem ainda estar à procura de um denominador comum é no que se refere a "baladas." "Fall to Pieces" esfriou consideravelmente os fãs, fazendo inclusive com que as pessoas na porção superior do teatro se sentassem. O refrão não colou, e por mais que Slash tenha se esforçado, a inércia por parte da galera foi mais forte. Fazendo uma breve recaptulação, os ex-membros do GNR não tocam baladas desde que deixaram de acompanhar Axl Rose em jornadas épicas como "November Rain" e "Estranged."

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Como todo casamento, os "familiares" estão tendo que se adaptar a nova situação. Muitas "viúvas" de Axl Rose ainda reclamam por Weiland ter tomado lugar do eterno vocalista do GNR. Outros tantos fãs do STP ainda preferem ver Weiland comandando os irmãos De Leo. No entanto, Velvet Revolver é o nome responsável para trazer de volta ao mainstream tanto o trio do Guns quanto a o vocal do STP.

Ao final do show, uma justa homenagem a Kurt Cobain. O cover de "Negative Creep" prestou tributo àquele que serviu de ponte de transição entre a geração do GNR e a do STP. Afinal, todo namoro começa com alguém "agitando" as partes.

Após a hora e meia no Warfield, fica a impressão de que o casamento pode ser feliz e verdadeiro. Que seja eterno enquanto dure!

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SET-LIST:

- Sucker Train Blues
- Do It For the Kids
- Headspace
- Crackerman
- Illegal I
- It's so easy
- Fall to Pieces
- Big Machine
- Superhuman
- Set me Free

Bis:

- I Used to Love Her
- Slither
- Sex Type Things

Bis 2:

- Mr. Brownstone
- Negative Creep (Nirvana Cover)

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