Rock: Por que sermos mais cães de guarda que qualquer outra coisa?
Por Rodrigo Contrera
Postado em 18 de janeiro de 2018
Nestes dois anos em que contribuo no Whiplash, aprendi a descobrir meu lugar. Um lugar pequeno, como um articulista instável, que domina apenas alguns assuntos, mas que teima em adentrar em outros. Com bastante cuidado.
Ocorre que neste ambiente há, como sempre, aqueles donos do pedaço. Desde o João, que é dono do site, até o Bruce e o Igor, que escrevem mais para ele. Mas tem também as referências que aparecem de vez em quando, como o Marcos De Ros, o Nacho falecido Belgrande, o Billo Bíscaro, e diversos outros, que possuem canais de Youtube. Isso sem citar diversos outros.
Ocorre que fui contatado por uma grande banda para vislumbrar a possibilidade de criar conteúdos para ela. E isso fez com que refletisse no meio. Com que visse algumas referências aqui e acolá, e com que refletisse a respeito.
Isso não me é incomum. Trabalhar em ramos ou setores mais localizados. Não na grande imprensa. Não nos grandes sites. Trabalhar em meios menores, com marcas menores, com alcances menores - muito embora até elevados. Conhecer empresas de grande porte, mas com baixa presença pública.
Nesses setores, eu sempre notei certo provincianismo de forma geral. Uma queda de qualidade no âmbito mais geral, uma assunção de parâmetros de crítica mais localizados, um provincianismo, quero dizer. Pois é o que sinto aqui, neste mercado.
Não é estranho pensar assim, nem errado. Aqui as bandas de maior peso são mesmo assim localizadas. Pode-se esperar uma visão mais ampla de um Rolling Stones. Ou até mesmo de um AC/DC. Mas são nichos de mercado. Não são bandas de música. São bandas de rock. Ou de blues. Ou de heavy metal. Segmentos de mercado.
Imagine pensar em bandas ainda mais localizadas, embora de alcance mundial. Como um Testament. Ou um Sepultura. Ou um Avenged Sevenfold. Pode-se levar a sério essas bandas. Mas musicalmente elas são limitadas. Escolheram sê-lo. Não fazem parte do primeiro time musical em nenhum lugar.
É curioso pensar assim. É curioso saber-se limitado e perceber que a limitação faz parte do negócio. De que adiantaria falar de Cecil Taylor para um fã de rock? Não faria sentido, afinal. Ocorre que o Lou Reed se motivava com ele. De que adiantaria falar de Anthony Braxton, para quem acha que é Tony Braxton, a cantora?
O que me incomoda, porém, nesse provincianismo é geralmente a limitação dos comentários. São gente menos preparada, em geral. Que comete erros crassos de português, mas que deixa passar. Que não burila demais o texto. São gente mais atenta às particularidades do mercado. Gente que prefere acertar no ano de um determinado LP a acertar num vislumbre de estilo entre bandas de gêneros diferentes.
Gente que no fundo prefere resguardar sua posição a inovar de forma mais ampla. Gente que prefere ficar na sua, falando errado, a tentar inovar no estilo de algo que tenha maior ambição. Ninguém aqui quer ser Rubem Braga. Ninguém lia Paulo Francis. Não tinha importância. Melhor ouvir Seventh son of a seventh son.
Curioso perceber isso, agora. Curioso, sim, e um pouco decepcionante. Mas é aquele negócio. Cada um escolhe o seu mundo. Há mundos menores, e nem por isso tão chatos. E melhor cada um ficar mesmo com a sua turma. Não há nada de ruim nisso, afinal.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A maior canção já escrita de todos os tempos, segundo o lendário Bob Dylan
Guns N' Roses fará 9 shows no Brasil em 2026; confira datas e locais
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
O grupo psicodélico que cativou Plant; "Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos"
A melhor banda de rock progressivo de todos os tempos, segundo Geddy Lee
Kiko Loureiro diz o que o levou a aceitar convite para reunião do Angra no Bangers Open Air
Com mais de 160 shows, Welcome to Rockville anuncia cast para 2026
Bangers Open Air acerta a mão mais uma vez e apresenta line-up repleto de opções
Alírio Netto diz que estrear como vocalista do Angra no Bangers ficará marcado em sua história
Músicos se demitem e abandonam dono da banda em um posto de gasolina
10 álbuns incríveis dos anos 90 de bandas dos anos 80, segundo Metal Injection
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
4 candidatas a assumir os vocais do Arch Enemy após a saída de Alissa White-Gluz
O que pode ter motivado a saída abrupta de Fabio Lione do Angra?
Freedom of Expression: o tema do Globo Repórter
O hit de Paul McCartney com crítica a John Lennon e Yoko Ono: "Cansei de ser mandado"
O disco clássico do Iron Maiden que praticamente sumiu dos shows do grupo
De fãs a palpiteiros, o que o heavy metal e o futebol têm em comum
A música com mensagem positiva que chegou do nada e disse o que eu precisava ouvir
Por que fãs de rock e heavy metal gostam tanto de ir a shows?
Ego - o lado mais sombrio do Rock
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Como uma música completamente flopada me apresentou a uma das bandas do meu coração
Um obrigado à música, minha eterna amiga e companheira
Rush: Quando foi que a banda se tornou legal?
Guns N' Roses: 10 músicas que seriam ótimas de se ouvir na reunião



