Dio: 13a parte de discografia comentada no Minuto HM
Por Alexandre Bside e Flávio Remote
Fonte: Minuto HM
Postado em 09 de dezembro de 2012
Apesar de não obter um sucesso comercial favorável com a formação e conceito originados no álbum anterior, Strange Highways, Dio inicia o ano de 1996 disposto a apostar e ir mais fundo na mesma temática, mantendo a mesma formação para o novo trabalho, intitulado Angry Machines. Desta vez, no entanto, o próprio vocalista assume as rédeas do novo álbum, ao produzi-lo durante o primeiro semestre daquele ano. O álbum, que inicialmente é previsto para lançamento em setembro, tem um ligeiro atraso e acaba por sair no início de outubro e é o único álbum da banda a não possuir uma faixa-título entre suas canções, já que o título é apenas citado no meio da faixa Golden Rules. Jeff Pilson, que se via às voltas com a reunião da formação clássica do Dokken desde o fim de 1994, retorna para as gravações (sendo inclusive o principal compositor da faixa Stay Out Of My Mind) conforme havia acordado anteriormente com Ronnie, mas não segue em turnê. A boa receptividade e vendagem obtidas na reunião de sua banda original pesam e Dio acaba tendo de buscar um substituto. As relações entre Dio e seu amigo se mantém estáveis, e Jeff acabaria retornando brevemente à banda, conforme veremos a seguir. Larry Denílson é o escolhido para a turnê, que a princípio começaria em setembro de 1996, numa turnê em conjunto com o Rainbow, porém Ritchie Blackmore desfaz a banda, para iniciar uma parceria musical com sua esposa Candice.
Dio chega a fazer alguma promoção do álbum em setembro daquele ano, que é também o primeiro da banda a ser lançado apenas em CD, porém adia o início da tour para novembro, tendo boa parte da mesma sendo aberta pelo Motörhead em solo americano. Havia inicialmente até a ideia de fazer de Angry Machines um álbum conceitual, mas a intenção é deixada de lado, pelo menos naquele momento. Dio continua apostando muito firmemente no seu trabalho com Tracy G, pensando sempre na influência captada pelo direcionamento musical do guitarrista e formador do Black Sabbath, Tony Iommi, em seu trabalho de 1992 – Dehumanizer, como podemos ver nessa entrevista em duas partes feitas pelo vocalista e por Vinnie Appice para a MTV, no início da tour, ainda em 1996.
Os shows com o Motörhead, no entanto, não correspondem em vendas à categoria e representatividade das duas bandas em solo americano. São shows em casas para até 2.000 lugares e que muitas vezes tem lotação abaixo de metade do esperado, como em Tulsa, onde há apenas 375 ingressos vendidos. A inclusão de Mistreated, faixa do Deep Purple cantada por Dio em sua fase no Rainbow, é talvez a maior surpresa do repertório, ideia que talvez tenha sido trazida à tona por ocasião da eventual turnê conjunta com sua antiga banda, pois a maior parte do setlist aponta então recente fase do baixinho, com três faixas do novo álbum, Jesus, Mary & the Holy Ghost do álbum Strange Highways e duas faixas do álbum Dehumanizer, I e After All.
Para os shows europeus, as vendas são mais animadoras, com grande parte dos shows conseguindo lotar os locais de apresentação. A turnê mantém Double Monday e Hunter Of The Heart no repertório, faixas consideradas como as mais fortes do novo trabalho, mas exclui Big Sister, que ficou restrita às apresentações em solo americano.
Em fevereiro de 1997, Vinnie Appice sofre com uma pneumonia que o afasta de sete shows, sendo substituído pelo então baterista do Scorpions, James Kottak. Os shows se revezam entre território europeu e americano, em locais para públicos pequenos, mas com lotação esgotada. São gravados os shows de Schaumburg (Illinois) nos Estados Unidos e Bremen na Alemanha para um futuro álbum ao-vivo. Dio começa a incorporar outras faixas de suas antigas bandas em seu repertório, como Catch The Rainbow, Man On The Silver Mountain e Long Live Rock ’N’ Roll do Rainbow e The Mob Rules, do Black Sabbath. Resgata também faixas como We Rock, do álbum The Last In Line. O fim da turnê americana, no entanto, traz novamente problemas de vendagens de ingressos, chegando a ver menos de 300 pagantes num local com capacidade para 4.000 pessoas, em Eckerman, Michigan no início de junho de 1997, mês de término da turnê em território americano. Como curiosidade, apresentamos abaixo um registro da banda com Kottak.
Não há perspectivas de shows durante o resto do ano, exceto pelas apresentações que novamente contemplaram o território brasileiro em excursão pela América do Sul. Seria a terceira turnê seguida em que teríamos Dio no Brasil, visto as apresentações que foram trazidas com o Black Sabbath na Dehumanizer Tour e os shows no fim de 1995, com o álbum Strange Highways. Uma nova mudança na formação traria de volta Jeff Pilson para os shows que faziam parte de um festival contemplando nomes de peso como Bruce Dickinson, Scorpions e Jason Boham Band. O início do festival denominado Skol Rock 97 seria em 14.11 em Curitiba, mas problemas adiam o show em terras paranaenses para o último em solo brasileiro, no dia 19.11. Assim, o festival começa em São Paulo para cerca de 30.000 pessoas, no estádio da Portuguesa (Canindé), com abertura do Dr. Sin, no dia 15.11.1997.
Dio e sua banda trazem um repertório mais curto, visto que são a segunda atração internacional a se apresentar, apenas depois de Jason Boham. Assim o setlist de São Paulo não traz qualquer faixa do novo álbum, conforme se segue: Jesus, Mary & The Holy Ghost, Straight Through The Heart, Holy Diver (solo de bateria), Heaven And Hell, The Mob Rules, Mistreated/Catch The Rainbow, Stand Up And Shout, The Last In Line, Rainbow In The Dark, Man On The Silver Mountain / Long Live Rock ‘N’ Roll. Os shows se seguem para Belo Horizonte no dia 16, no Mineirinho e Rio de Janeiro, no então Metropolitan (atual Citibank Hall) no dia 17.11.
O repertório sofre alteração para os cariocas, que podem ver uma faixa de Angry Machines, Hunter Of The Heart, a faixa vencedora da pesquisa aqui do Minuto HM. Além dessa, Stand Up And Shout, Don’t Talk To Strangers e We Rock entram em substituição à Jesus, Mary & The Holy Ghost, The Mob Rules e o medley Man On The Silver Mountain/Long Live Rock ’N’ Roll, respectivamente. O fim da turnê sul-americana traz mais dois shows, na Argentina e no Chile.
A banda inicia o ano de 1998 para promover o primeiro duplo ao-vivo da banda, intitulado Inferno: The Last In Live e novamente o repertório é alterado, deixando de vez as músicas de Angry Machines de lado. Ainda que o álbum traga as faixas Double Monday e Hunter Of The Heart, apenas Evilution (do álbum Strange Highways) faz parte do setlist dos shows daquele ano entre as que foram compostas e gravadas pela dupla Dio-Tracy G. Dio mantém faixas mais clássicas, notoriamente trazendo várias músicas de sua época no Rainbow, além de canções como I Speed At Night. Novamente a banda se vê às voltas com baixas vendas na turnê e Vinnie Appice acaba deixando o grupo após o terceiro show, em 22.05.98, para seguir como baterista suplente de Bill Ward na reunião do Black Sabbath original, visto os problemas de saúde que Bill eventualmente poderia apresentar durante a propalada reunião. A ruptura com Appice, no entanto, não é tão facilmente digerida por Dio, como foi com Jeff Pilson, e marca o fim da carreira do baterista na banda DIO. Para seu lugar, um velho amigo e conhecido de Ronnie: Simon Wright, que já havia estado na banda na época do álbum Lock Up The Wolves, retoma seu posto, de onde não mais sairá. A estreia de Simon se dá no dia seguinte à saída de Vinnie, exatamente no dia 23.05.1998, em Las Vegas. Os shows americanos são uma sequência de vendagens decepcionantes, exceto quando a banda abre para o Iron Maiden. A parte européia da tour de suporte ao duplo ao-vivo é de melhor aceitação, com shows para públicos maiores que em solo americano.
Dio se vê novamente com uma mudança de formação durante os shows europeus, quando Larry precisa retornar para os Estados Unidos ao fim de outubro daquele ano. Seu substituto é um velho conhecido e excepcional músico: para doze shows na Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia é recrutado Bob Daisley, que tocou com Dio em seu final de jornada com o Rainbow, ainda na década de 70.
A banda interrompe suas atividades no fim de 1998 e retoma no início de março de 1999, apenas para mais dois shows com ótimo público na Rússia, com Larry de volta ao conjunto. Dio resolve dar uma nova guinada musical em sua carreira, buscando um projeto que musicalmente fosse inspirado na concepção musical do início de sua carreira com o Rainbow, sugerindo a Tracy G uma formação com dois guitarristas, estando ele numa função mais rítmica, deixando os solos para outro guitarrista com um "approach" mais próximo ao de Ritchie Blackmore. Tracy não aceita essa nova proposta e acaba saindo da banda. Os novos guitarrista e baixista escolhidos por Dio não eram exatamente desconhecidos dos fãs da banda, e o novo projeto prometia o primeiro álbum conceitual da carreira do grupo e do próprio vocalista. Mas isso fica para o próximo capítulo da discografia, com o oitavo álbum de estúdio da banda DIO.
Para ver vídeos e fotos da época, além da conclusão com a opinião dos autores do texto e mais informações do disco, além de poder comentar o post com os autores, acesse a matéria original no Minuto HM:
http://minutohm.com/2012/11/30/discografia-homenagem-dio-parte-13-album-angry-machines/
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