System of a Down: ameaçados de morte por falarem de conflito na Armênia
Por Igor Miranda
Postado em 18 de novembro de 2020
Os músicos do System of a Down receberam ameaças de morte por posicionarem-se contra o atual conflito na Armênia. Os integrantes da banda conversaram sobre o assunto em um vídeo divulgado recentemente no YouTube.
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No início do mês, o System of a Down lançou "Protect The Land" e "Genocidal Humanoidz", as primeiras músicas inéditas da banda desde 2005. Eles chamaram atenção para o conflito armado que ocorre no local e destinaram a renda obtida com os royalties e downloads pagos da canção ao Armenia Fund, auxilia no desenvolvimento humanitário e de recursos do país.
Atualmente, o país de origem dos músicos do System of a Down está sofrendo ataques do Azerbaijão por uma questão territorial. Os conflitos, acentuados recentemente, ocorrem há anos em Nagorno-Karabakh (Artsakh), território separatista que é disputado por Armênia, de maioria cristã, e Azerbaijão, com mais muçulmanos. A região está no Azerbaijão (por determinação da União Soviética, que influenciava os dois países), mas tem moradores e governantes armênios há muito tempo.
A disputa ganhou caráter bélico entre 1988 e 1994, deixando 30 mil mortos, mas foi cessada. Em 2016, foi retomada por quatro dias de ataques e a situação apenas piorou. Após um novo cessar-fogo no ano em questão, os ataques foram retomados no último mês de setembro.
A banda, então, teve a ideia de gravar suas primeiras músicas inéditas em 15 anos para conscientizar o público sobre o problema em Nagorno-Karabakh e arrecadar dinheiro para o Armenia Fund. A renda com as canções, que já totalizou US$ 600 mil, foi obtida com royalties e download pago das faixas por meio do Bandcamp oficial do grupo.
Entretanto, o simples fato de estarem falando publicamente sobre o conflito, posicionando-se de forma contrária, fez com que os músicos fossem ameaçados de morte. Além disso, de acordo com o baixista Shavo Odadjian, grandes artistas como Elton John, Justin Bieber e Cardi B desistiram de abordar o assunto em redes sociais e veículos de comunicação devido aos receios ligados à própria segurança deles.
"Eu nasci lá, tenho muitos familiares lá. Os jovens estão todos na linha de frente. Todas as manhãs, acordo esperando que não haja uma mensagem de minha mãe dizendo: 'esta pessoa se foi'. Estamos protegendo nossa terra, estamos protegendo nossa cultura, estamos protegendo nossa nação. Isso está se transformando em uma guerra santa", afirmou o baixista, conforme transcrito pela Metal Hammer.
O vocalista Serj Tankian complementou: "É uma injustiça à qual queremos que as pessoas se atentem. Como System Of A Down, esta tem sido uma ocasião incrível para nos reunirmos, colocarmos tudo de lado e falarmos por nossa nação, como um só".
O baterista John Dolmayan destacou: "O que esperamos é que o que aconteceu em 1915 (o Genocídio Armênio) e o que aconteceu tantas vezes na história não se repita, na medida em que o mundo atue rapidamente e seja responsivo, e não apenas ignore porque não vão ganhar financeiramente com isso".
Na ocasião, os músicos também agradeceram o apoio dos fãs, que permitiram o System of a Down arrecadar US$ 600 mil em poucos dias para o ARmenia Fund. "Estamos muito gratos pelo seu incrível apoio à nossa campanha para o povo de Artsakh e por nos ajudar a arrecadar mais de US$ 600 mil em doações para atender os necessitados via Armenia Fund. Por seu apoio, seremos capazes de de ajudar civis deslocados, jovens e idosos, que foram afetados pelos horríveis crimes de guerra infligidos a Artsakh pelo Azerbaijão e pela Turquia", afirma a banda, de forma conjunta.
Assista ao vídeo publicado pelo System of a Down na íntegra.
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